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Cidade de gente esquisita e realidade aumentada

Comecei a maratona do SXSW por um tema que gosto muito: a tecnologia nas cidades


10 de março de 2017 - 15h31

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Lá pelo ano 2000, um morador da cidade cunhou a frase Keep Austin Weird meio sem querer em uma entrevista de rádio. A cidade adotou o bordão e agora é meio que a assinatura oficial de Austin e apoia o pequeno comércio local das grandes redes de varejo e etc. Um dos melhores exemplos de slogans é o de Las Vegas: What happens in Vegas, stays in Vegas. É um salvo-conduto para quem visita a cidade dos cassinos – ou seja: pode exagerar à vontade (gastar seus dólares) que ninguém vai contar nada para ninguém. O Rio é a cidade maravilhosa. Tem, é claro, o I heart NY do Milton Glaser, que nasceu numa campanha publicitária em 1977. Tem o simpático ‘Sorria, você está na Bahia’. Chamam Veneza de a Sereníssima. Algumas vezes penso que São Paulo deveria ganhar o apelido de a Deslumbradíssima. Mas divago.

Comecei a maratona do SXSW por um tema que gosto muito: a tecnologia nas cidades.
Aparentemente, vamos ter um dia dedicado às Smart Cities lá no domingo. Quando vi o tema: Augmented Reality and Urban Revitalization, botei na minha lista de favoritos e resolvi começar por aqui. Enquanto espero a sala lotar de gente esquisita de todos os cantos do mundo, digito esse texto.

Começo a ouvir Sam Gill, da Knight Foundation e John Hanke, da Niantic Inc. O segundo é o mais famoso. O primeiro trabalha numa fundação que incentiva o uso de espaços públicos das cidades com pedaladas, instalação de balanços e piqueniques. O outro é o cara do Pokemon Go.
A ideia dos dois juntos é provar que a tecnologia também pode tirar as pessoas de casa. Usar tecnologia para acelerar o desejo de conquistar os espaços públicos da cidade. Escapar do efeito ninho dos apps de delivery de comida (iFood) e de stream de conteúdo (Netflix). O contraponto do pseudo-isolamento que a tecnologia pode causar.

Foi interessante ver que a estratégia de Pokemon Go (e do Ingress, outra plataforma de realidade aumentada da mesma empresa) coloca bibliotecas e zoológicos e parques no centro dos jogos. Que o pessoal do Pokemon recebeu dezenas de emails de bibliotecários embasbacados com as centenas de crianças e jovens entre as estantes num sábado à tarde. Que o jogo recebeu reclamações de gente do departamento de trânsito de Berlim por estar colocando muita gente em ruas estreitas e bloqueando o trânsito. Gente andando de bicicleta com celular na mão.

John Hanke enxerga a realidade aumentada como uma alternativa mais barata para capacitar o espaço público sem muito dinheiro, uma praça sem movimento pode ganhar uma “infraestrutura” virtual e atrair pessoas. A tecnologia coloca camadas e mais camadas de informação e diversão sobre um lugar que não tinha muitas atrações. É interessante isso. Para nós que tentamos conectar marcas e pessoas, olhar para o espaço público como um lugar de experimentação e é muito sedutor. Olhar a cidade como uma plataforma é uma coisa que gosto muito. A grande questão é como fazer isso se a ajuda de pequenos monstrinhos japoneses e seus fãs esquisitos. Keep Augmented Reality Weird!

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