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El mundo es una gran buseta

Preciso confessar uma coisa, e espero que Austin não se sinta mal com isso, que não fique enciumada...


10 de março de 2017 - 13h02

Olá, amiga. Olá, amigo.

Faz um ano que você não me vê por aqui.
Faz um ano que fiz uma puta de uma declaração de amor à Austin e toda sua beleza.
Faz um ano que prometi voltar para ver se ela ainda estava tão encantadora quanto a deixei.
Meu coração veio a boca quando no dia 01/08/2016 com o dólar a R$ 3,26 consegui fechar a viagem que selaria com nosso reencontro.
Desde então, contei os dias para vê-la novamente.

Mas preciso confessar uma coisa, e espero que Austin não se sinta mal com isso, que não fique enciumada…
Tem coisas na vida que a gente faz sem pensar.
Que você age por impulso, que você segue o coração e não a razão.. Saca?
Mas, dessa vez, resolvi conhecer outra cidade antes dela.
E essa cidade se chama Bogotá.
E já dando spoiler do restante do texto: é do grande caralho essa cidade.
Aproveitando o ensejo das expressões colombiamente aprendidas.

Do grande caralho para eles é “del putas”.
Eu sei, parece estranho: “esta ciudad es del putas”. Mas entenda: é bom. É del putas.

Não sei se minhas expectativas eram tão baixas ou se realmente é bem bom, mas já pretendo visitá-la futuramente com mais calma.

Minha primeira ideia seria visitar a DDB Bogotá, porque, querendo ou não, não estou de férias. Estou trampante. E aproveitando o assunto agradeço à dupla VV e Denis, “muso do RH”, por me ajudarem nesse breve intercâmbio.

Logo pisando em solo bogotense, já sou enfiado dentro de uma sala de reunião pelo mejor anfitrión del Colombia y region. Su nombre?
Dom – mucho gusto, senhor – Leo Macias.

Leo Macias, além de ser o criativo mais reboladeiro que se tem notícia, ganhou mais de duas dezenas de Leões e hoje é CCO da DDB Colombia, e independente de todos seus predicados e não menos por isso, me meteu delicadamente no meio de uma licitación, que é como eles chamam aqui as concorrências. Não havia melhor maneira de iniciar a minha chegada: 24 horas sem dormir, de calça, blusa de moletom e boné, tentando entender algo que falavam em minha volta.

Não é fácil.
Todo brasileirão, como eu, acha que manda bem no portunhol.
Manda bem porra nenhuma parceiro. Para pedir margaritas no Caribe até pode ser. Mas para discutir o reposicionamento da marca de um cliente, precisa saber o rolê.

Mas entenda: dona Laura não me pariu na Vila Ema, extremo leste de São Paulo, para passar vergonha. Fiz cara de entendido, dei opiniões que achei relevantes e ainda confidenciei até que chamo Carlos – mas esse episódio fica para outra história.
Já seria um belíssimo início de história, mas o decorrer dos próximos dias ainda conseguiu melhorar, e muito tudo isso.

Fiquei hospedado na Maison de Macias & Marin, alcunha pela qual resolvi homenagear minha breve morada. Mas, na verdade, é bem mais legal que isso.
O lugar é o Ap.art, iniciativa da também mejor anfitriona del Colombia y region, Thais Marin. A ideia de expor obras de grandes artistas dentro do próprio apartamento começou em São Paulo e continua aqui.

A sensação é foda porque além de parecer que você está dormindo dentro de um museu contemporâneo, ali são feitas várias festineas bacanas e de conteúdo não divulgável.
Não tem lugar melhor para se estar por ali. Juro.
😉

Segundo dia de trabalho.
Banho tomado, indumentária completa com direito a camisa preta de cervejaria.
O tema do dia foi pensar numa solução bacana de comunicação para o delivery de um cliente e que, by the way, pudesse ser selecionável a Cannes.

Mis compañeros nessa árdua tarefa eram dois:

O primeiro é Jorge Valencia, o meu maior parceiro aqui, um colombiano gente finíssima que mais parece ser o Dev Patel que foi o protagonista de “Quem Quer Ser um Milionário?”.

O segundo é Diego Tovar, com estatura e humor parecidos com Tadeu Schmidt apresentando o Fantástico. Tovar defende suas ideias falando mais rápido do que o Cafu correndo na lateral direita seleção brasileira de futebol.

E como job dado é job feito.
O resultado foram 9 ideias (homenageando a DM9, será?) regadas um pouquito de álcool resultante de uma breve tour etílica de 4 bares iniciada precisamente as 11h40 e terminada às 18h20 ou 19h20 ou 20h20. Sei lá.

Todas eram fantásticas?
Claro que não. 2/3 delas foram pulverizadas por Leo de maneira justa e certeira.
Tem que lidar com a adversidade, queridinho. Ser criativo é lidar com o “não” e ficar na moral.

Não só lidar com a adversidade é entender e admirar a operação de uma agência que não é do seu país. Onde a forma de remuneração dos clientes é outra, onde a metodologia de trabalho também é outra, mas onde o gás de fazer coisas criativas e relevantes é o mesmo que o nosso.
Os caras tão com sangue no olho.

Inclusive me atrevo a dizer que se não houvesse a barreira do idioma teríamos um grau de pertencimento muito maior a América Latina como um todo e poderíamos trabalhar mais em conjunto. Um dia quem sabe?

A viagem findou com dois momentos icônicos:

O primeiro foi completamente por acaso.

Em uma visita ao restaurante ”Andres carne de res” tivemos a presença do próprio em nossa mesa. Um sujeito excêntrico e simpático, uma espécie de Silvio Santos deles que construiu um império na área alimentícia.

Para você ter uma ideia, esse restaurante fica num município chamado Chia e chega a receber 5.000 pessoas por dia. Eu disse 5.000 pessoas.

É mais gente que o meu querido SPFC colocava no Morumbi no ano passado em jogos do Paulistão.

Além de revolucionar a cidade, Andres tem um trabalho social incrível.
Tudo que está decorando o restaurante é pode ser comprado e grande parte das obras que adornam o ambiente é feita por pessoas da própria cidade em oficinas organizadas por ele.

Dá uma googada aí. Por mais que hoje já tenha se tornado uma franquia de várias lojas, o restaurante de Chia ainda consegue manter o frescor da ideia.

E foi isso, do nada o malandro nos escolheu.
Sentamos na área reservada para ele e passamos a tarde toda por lá.
A noite eu não lembro… porque… você sabe, uma coisa que sei fazer é beber bem.

O segundo momento foi a minha despedida da cidade.
Um happy hour no Ap.art com a presença de toda nata criativa da Colômbia.
E sei lá, no ar não tinha clima de competição, ali todo mundo tava como brother e isso foi bom pra caramba.

Por mais que a essa altura a minha condição de saúde estava bem caída, tive a oportunidade de trocar muita idia com os caras de lá. Com destaque para Rodolfo Borrell, VP criativo da Thompson. Um sujeito de intelecto e gostos refinados e com um coração do tamanho do mundo, já que nos presenteou no dia anterior com uma das mais deliciosas paellas que comi na vida.

Sim, aqui é gordinho feelings.

Em resumo foi isso.

E respondendo o estranhamento de Borja de La Plaza, CEO da DDB Colombia:
Sim, Bogotá é do caralho e não é difícil se apaixonar por esta ciudad.

E assim…
Era para ser um texto sobre minhas expectativas sobre o SXSW?
Era.

Me desculpe se eu te decepcionei.
Mas na boa: se você leu até aqui era porque tava gostando.

E se você me acompanhou no ano passado sabe que eu vou no freestyle e sem expectativa alguma.

Ainda mais que já estou bem acomodado por aqui na presença dos meus ilustres companheiros de viagem: Marcelo Fedrizzi e Zico Farina.

Porque, na real, o SXSW é isso:
A desculpa perfeita para você encontrar amigos que moram perto da sua casa em São Paulo. Todos dentro de uma buseta a caminho de Austin.

E pra você que se assustou com o título:
Buseta é microonibus.
😉

Tava com saudades!
Até mais.

Saludos

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