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Engenharia genética e o futuro da humanidade

Os riscos não podem significar freios para o continuado desenvolvimento desta ciência


12 de março de 2017 - 11h27

Hoje no SXSW assisti duas sessões sobre engenharia genética, primeiro a da Keynote Jennifer Doudna e depois a do especialista Jamie Metzl. Ambos palestrantes focaram muito nas vantagens que o avanço eminente dessa disciplina pode trazer ao combate de doenças de origem genética, permitindo eliminar as possibilidade de bebês nascerem com as mesmas. Há hoje caso práticos que provam que a alteração de códigos genéticos em embriões de cinco dias podem, de fato, eliminar várias doenças que afetam a humanidade há muitos anos. Essa aplicação da engenharia genética parece ser muito difícil de refutar. Afinal, quem poderia se opor a redução do sofrimento humano que estas doenças trazem ou mesmo a redução dos custos dos sistemas de saúde que não precisarão mais tratar esse tipo de enfermidades?

Por outro lado, está claro também, e Jamie Metzl assim o expôs, que uma vez que a porta da manipulação genética está aberta, a tentação para que se façam também alterações nas estruturas dos códigos genéticos para aumentar atributos como a inteligência ou a força, é muito grande. Isso nos levaria a poder criar super-humanos, mais inteligentes, mais ágeis, mais fortes, muito mais desenvolvidos que os que nascem hoje. E daí, é claro, surgem novamente todas as questões éticas atreladas a estas possibilidades e às aplicações que se darão às mesmas. É muito fácil imaginar que, da mesma forma que hoje as ferramentas de conectividade mundial, como as redes sociais, cujo propósito original é unir pessoas e diminuir fronteiras, é também usada para propósitos negativos, como o recrutamento de seguidores de organizações terroristas como o ISIS, também a engenharia genética, em mãos erradas, poderia produzir danos irreparáveis ao equilíbrio da humanidade e à paz no mundo.

Certamente estes riscos não podem significar freios para o continuado desenvolvimento desta ciência, como nem seria possível fazer a esta altura do campeonato, mas eles deveriam servir para fomentar a discussão e ajudar a criar códigos de conduta discutidos e compartilhados por toda a comunidade científica mundial. Mas mais do que manter essa discussão apenas no campo acadêmicos e científico, ela precisa transcender ao resto da população, uma vez que todos seremos afetados por isso. Essa é a importância de discutir o assunto em fóruns como o do SXSW e em muitos outros também, que ajudam a dissemina-lo e democratiza-lo.

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