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“Não vimos nem o começo da revolução de produtos e serviços”

Dentre os primeiros brasileiros a ir ao SXSW, Pipo Calazans, CEO da Newstyle, fala sobre a relação pessoa e consumo e o aumento de agências brasileiras em Austin

Luiz Gustavo Pacete
14 de março de 2017 - 10h47

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Pipo Calazans

Neste ano, dada a quantidade de brasileiros que estão em Austin para o SXSW, os grupos se dividem entre os novatos por aqui e aqueles que são habitues do festival desde muitos anos. É o caso de Pipo Calazans, CEO da agência Newstyle. “Fico muito feliz vendo que o mercado está vindo pra cá. Agora, você tem aqui as pessoas que decidem nas agências, os clientes. Isso mostra esse caminho de reinvenção das agências”, diz Calazans.

Em entrevista ao Meio & Mensagem, entre um painel e outro, Calazans fala sobre a inevitável comparação do SXSW com Cannes e por qual motivo ele defende que estamos no início uma revolução de produtos e serviços sem precedentes. “Assim como vivemos revoluções no consumo de mídia, estamos em um início de uma grande transformação da relação das pessoas com produtos e serviços”, observa Calazans.

Meio & Mensagem – A comparação entre SXSW e Cannes é frequente nas discussões sobre Austin. Em qual medida essas comparações fazem sentido? Ou não faz sentido algum comparar os dois eventos?
Pipo Calazans – Eu venho há bastante tempo e me sinto confortável em comparar com Cannes. Primeiro que Cannes é um festival do mercado publicitário. O SXSW é amplo e trata de tendência e inovação, mas sob a perspectiva da política, da religião e isso muda a amplitude dos assuntos. Coisa que não há em Cannes, que é um festival de criação. Em Cannes, as pessoas saem de lá com certezas e com seus trabalhos premiados. Aqui não: você deixa a certeza e sai com mais dúvidas. SXSW não tem receita de bolo ou dez passos para fazer sua empresa ir bem. As palestras são focadas em incomodar e refletir. E ele faz cada vez mais sentido em um momento que temos que nos reinventar e desapegar nossas certezas. Ele é importante para se manter fora da zona de conforto.

M&M – Quais as mudanças no mercado de marketing live, ou shopper, que estão relacionadas aos temas discutidos aqui?
Calazans – As agências de shopper e o próprio consumo vivem o início de uma revolução. Assim como vivemos revoluções no consumo de mídia, estamos em um início de uma grande transformação da relação das pessoas com produtos e serviços. Muitas mudanças já ocorreram, mas é só o começo. Hoje, se você vê alguém, em um grande centro, esticando braço para chamar táxi, provavelmente vai achar estranho. E essa arrebentação traz uma grande missão e responsabilidade para o nosso segmento. Há dois anos começamos a sentir o impacto desses movimentos na forma de consumo e agora ele vai começar a ser ainda mais forte na relação das pessoas com produtos e serviços e o SXSW mostra muito isso.

M&M – Quais são, até agora, os grandes temas que você encontrou que se encaixam na observação que fez sobre o consumo?
Calazans – São dois grandes vetores: tecnologia por si só e o grande astro: a inteligência artificial. Porém, a discussão sobre IA no SXSW ganha um novo momento, baseado em como a Inteligência artificial vai servir para conseguir mais vendas e mudar relações de consumo. Assisti a uma palestra com o head do Microsoft Lab que trouxe um dado mostrando que a cada 25 segundos morre alguém por erro humano e que a terceira maior causa de morte nos Estados Unidos é erro médico. Neste caso, como a AI pode mudar esse cenário e reduzir essas mortes? O outro vetor que tem me interessado muito é o aumento no foco em entretenimento com as experiências imersivas de tecnologia. Além do fator humano, esse é o ano da diversidade em todos os aspectos.

M&M – As previsões e tendências que saem daqui se concretizam?
Calazans – O SXSW não é sobre o futuro. Se alguma palestra tiver futuro e disrupção no nome, vai ser roubada. Tem casos de temas que são abordados mais na superfície, mas tem outros de situações que ganham cada vez mais profundidade. Igual ao VR, por exemplo. Além de temas embrionários. Então, é um cenário muito complexo para definir os rumos se vai ter futuro ou não.

M&M – O que o aumento da presença de brasileiros representa para você este ano?
Calazans – Esse assunto dá uma tese, mas fico muito feliz vendo que o mercado está vindo pra cá. Há alguns anos, éramos eu e mais um pequeno grupo, vindo do digital, que vinha pra cá. Agora, você tem as pessoas que decidem nas agências, os clientes. Que mostra esse caminho de reinvenção das agências. O SXSW ajuda a gente a ser mais estimulado e buscar uma forma de consertar o que não está dando certo no nosso mercado.

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