Publicidade

“Não podemos mais ser apenas agências de publicidade”

Chefe de criação da Fbiz, Guilherme Jahara foi ao SXSW pela primeira vez e conta o que aprendeu com as start ups em Austin

Jonas Furtado
17 de março de 2017 - 9h19

Guilherme Jahara.jpeg

Guilherme Jahara, chefe de criação da Fbiz, esteve pela primeira vez em Austin neste ano. Ficou menos do que gostaria (deixei a cidade na segunda-feira 13), mas o bastante para ser contagiado pelo clima de inovação e de abundância de novas ideias. Nesta entrevista, ele conta o que mais o impressionou na área dedicada às start ups do SXSW e analisa como as agências de publicidade podem se beneficiar desse intercâmbio com empresas mais jovens e de outras áreas.

Meio & Mensagem – O que você viu de mais interessante na área de start ups?
Guilherme Jahara – Vi os pitches de entretenimento e conteúdo e de realidade aumentada e realidade virtual. Uma que me chamou bastante a atenção foi uma start up, Laugh.ly de comédia. Eles criaram um aplicativo para colocar vídeos e áudios sobre comedia. É um jeito diferente de conseguir esse conteúdo, que você acha no YouTube, mas fragmentado. Tem um quê de Spotify da comédia. Achei legal, talvez porque eu mesmo gostaria de usar!

M&M – O que as agências podem aprender com as start ups?
Jahara – O que me inspirou não foi só a questão de o quê estavam mostrando de ideia, mas todo o ambiente sobre soluções, ideias. O SXSW não é um festival sobre tecnologia, ou interatividade. É um festival de ideias. Talvez o de Music e Film sejam diferentes, mas tudo o que vi relacionado ao Interactive são ideias, jeitos de fazer as coisas, partes de uma engrenagem que vai movendo esse país, ainda mais de uns anos para cá, onde uma ideia puxa outra, que empurra a outra e aí vai. As agências têm muito o que aprender com isso, com o modelo de fazer, pensar, projetar e fazer rápido, dando um upgrade ao longo do caminho. Não podemos mais ser apenas agências de publicidade, precisam ser geradoras de ideias, soluções para os negócios dos clientes e para a sociedade. Somos já empresas ligadas a isso. O mundo da publicidade tem muito conhecimento geral para poder se aprofundar em áreas diversas, não só em comunicação e marketing propriamente ditos. Enxergar dessa maneira chega a ser libertador para as agências.

M&M – Já são mais comuns os casos de cooperação entre agências e start ups no Brasil? Como vê essa aproximação?
Jahara – Há muito menos start ups no Brasil do que aqui. Não dá para comparar. Ano passado, recebi muitos contatos de start ups ligadas a realidade virtual, realidade aumentada, conteúdo. As agências não precisam ter tudo dentro de casa. Precisam ter menos braços e mais cabeças, e contar com pessoas de diferentes áreas que a gente conecta. Precisamos ser os conectores desse mercado. Entretenimento, tecnologia, publishers: são diversas áreas que precisamos trazer para jogar junto com a gente e encontrar soluções, gerando ideias.

M&M – As start ups competem com as agências por jovens talentos? Como tornar o ambiente e o trabalho das agências mais atraentes?
Jahara – Depende do tipo de startup. Mas acho que o barato que sinto aqui é fomento de uma indústria que vai muito além da indústria da tecnologia, da indústria criativa, abrange uma gama tão grande que traz espaço para todo mundo. É interessante poder pegar pessoas que não tem formação em publicidade, pode ser interessante para as agências. É bom que eles fiquem preocupados com a gente também, podemos roubar os talentos deles! Temos que enxergar isso como uma grande engrenagem que pode ser muito saudável. Quero levar na minha bagagem esse movimento de empresa que gera ideia e não só agência material publicitário. A gente pode ir muito além do que o core do nosso negócio – que é super importante, mas não precisa ser o único.

Publicidade

Compartilhe

  • Temas

Patrocínio