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Que prevaleçam as relações verdadeiras, seja na Terra ou no Espaço

Não importa onde, mas que as conexões sejam verdadeiras, sem muitos protocolos e que prevaleçam encontros no mundo físico


10 de março de 2018 - 15h32

(Crédito: divulgação)

Primeira vez no SXSW, cheguei cheia de expectativas sobre a cidade e lógico sobre o Festival. Passei dias organizando minha programação, tentando na medida do possível combinar assuntos que fazem parte do meu dia – a – dia como Gerente de Marketing, mas também com uma vontade imensa de incluir assuntos não tão rotineiros de trabalho. Acredito que é essa curiosidade e diversidade de aprender sobre novos contextos que faz tudo se tornar mais interessante. E é a partir de conexões não óbvias que surgem os melhores insights.

Nos dias que antecederam minha chegada à Austin e durante meu processo de curadoria das palestras, painéis e workshops me chamou a atenção a quantidade de assuntos relacionados a discutir o comportamento humano, busca por equilíbrio, reconexão da mente e do corpo, relações pessoais e profissionais, depressão e felicidade. Além disso, aulas de Yoga e Meditação também fazem parte da programação aqui no SXSW.

Seria esse um recado para essa turma de empreendedores, empresários e executivos que vivem uma vida muitas vezes bastante intensa e agitada, sobre a real necessidade de saber dividir seu tempo entre trabalho e relações pessoais? Seria um alerta sobre a necessidade de manter o corpo e a mente em equilíbrio? Ou ainda uma forma de trazer à tona discussões e reflexões sobre uma geração que anda cada vez mais isolada, apesar de toda conexão? Seria esse um movimento pacífico sobre a necessidade de se viver com mais qualidade de vida? Seria esta equação de equilíbrio responsável por promover uma felicidade genuína?

Existe aí uma contracultura acontecendo? Penso que sim.

Isso me fez refletir que apesar de estar num Festival de Inovação, envolta de assuntos relacionados a tecnologia e que visam trazer provocações sobre o presente que irão alterar o futuro, existe uma necessidade de resgate de princípios básicos, que são na verdade, aqueles essenciais à felicidade e ao equilíbrio humano.

No meu primeiro dia de SXSW um dos painéis que mais me impressionou certamente foi o “The Next Generation of Elon Musks Take on Space”, onde os painelistas compartilharam sobre os avanços que estão acontecendo rumo à colonização do espaço. Além da real possibilidade de muito em breve ser possível habitar o espaço, torna-se real a possibilidade criar mercados, a partir da criação de novos produtos desenvolvidos com materiais vindos de lá e que poderiam ser trazidos à Terra como forma de suprir as necessidade dos humanos. Discussões complexas como a regulação espacial, onde empresas privadas passam a ser protagonistas no desenvolvimento de novos negócios e pesquisas, esbarram na falta de infraestrutura dos Governos e na questão sobre quem pode ou não explorar o espaço.

Diante de todo este avanço, fico me perguntando, se estamos preparados para iniciar esta jornada rumo ao espaço,quando na verdade há um grande conflito que atinge milhares de pessoas aqui na Terra. Hoje estamos 100% conectados, porém o sentimento de solidão atinge milhares de pessoas.

Porque apesar de toda conectividade pessoas sentem-se sozinhas e ansiosas?

Esta é a pergunta que norteia minha reflexão e a mistura de assuntos que explorei ao longo do primeiro dia de SXSW. Como falei no início, a diversidade de pautas oferecidas pelo Festival, pode gerar alguns insights interessantes.

Enquanto humanidade, será que ao nos aproximar do “espaço” nos afastamos de nós mesmos e das relações que de fato são importantes?

Ao assistir o painel “Not only the lonely: how we can all be happier”, mediado por Amy Blankson, co-fundadora da empresa de consultoria de psicologia positiva GoodThink e autora de The Future of Happiness, a solidão afeta pessoas com mais de 45 anos, mas também muitos millenialls, podendo inclusive causar depressão.

No painel Reconnection the mind to the body, Bernard J. Tyson, Chairman e CEO da Kaiser Permanente, instituição que trabalha com foco na prevenção da saúde mental, reforça que grande parte dos suicídios cometidos principalmente por jovens, podem ser influenciados pelo uso excessivo de novas tecnologias, pois além de não permitirem que a mente descanse, são grandes causadoras de ansiedade.

Relações de equilíbrio entre vida pessoal e profissional são fundamentais para uma vida mais saudável e feliz. Segundo um dos painelistas do“Not only the lonely: how we can all be happier”, para ser bem sucedido, muitos profissionais passam por um grande dilema, tendo que escolher 3 entre 5 critérios: trabalho, sono, família, fitness ou amigos. Esta injusta escolha, no longo prazo torna-se totalmente perigosa, levando muitas vezes ao esgotamento físico e mental.

Vivemos em um mundo que caminha para tornar-se descentralizado a partir de tecnologias como o Ethereum Blockchain, um protocolo com alto potencial de escalabilidade, que permite que engenheiros de software criem os mais diferentes aplicativos e soluções. Pelo menos é isso que Joseph Lubin, fundador da ConsenSys e co-fundador do Ethereum e entrevistado no keynote “Why Ethereum is going to change de world” explica. A tecnologia permite criar comunidades como o Ujo Music, que possibilita que artistas vendam seus trabalhos aos usuários da mesma plataforma, garantindo assim direitos autorais e facilitando que recebam pagamentos através de tokens digitais.

As possibilidades são imensas e talvez ainda hoje, não tenhamos plena consciência de onde podemos chegar. A questão toda, é que quanto mais a tecnologia avança e quanto mais o acesso à estas novas tecnologias tornam-se democráticas, mais devemos pensar sobre a relação entre tecnologia e felicidade. Criamos uma cultura de aceitação, onde muitas vezes deixamos de ser autênticos para sermos aceitos e reconhecidos. Queremos aprovação a todo momento. Para muitos, a felicidade virou uma equação de fotos publicadas x likes recebidos. Certa vez escutei de uma pessoa que considero muito sábia que “ser autêntico é estar com o coração em carne viva”.

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