Reciclagem de plástico 3D ou não
Austin aparentemente recicla 87% do seu lixo, mesmo assim, a coisa de comparar o hoje com o futuro do SXSW parece bem bizarro
Austin aparentemente recicla 87% do seu lixo, mesmo assim, a coisa de comparar o hoje com o futuro do SXSW parece bem bizarro
10 de março de 2018 - 14h50
Segunda vez seguida no mesmo hotel aqui em Austin. Meio afastado do centro, bom preço com um benefício excelente. Aquele média-alta que americanos e suas redes e franquias de tudo sabem entregar muito bem. Pois bem. Todo café da manhã eu me pego embasbacado: pratos, talheres, copos de plástico. Mini-leitinhos, mini-manteigas, mini-geleias e creme de amendoim. Vou tirando as tampinhas, os lacres, usando guardanapos de papel, é claro.
Quando volto para o buffet, seguro o meu prato de papel, que está pronto para mais algumas tripas de bacon e vejo pela primeira vez a seguinte placa: POR FAVOR, USE UM PRATO NOVO E TALHERES NOVOS A CADA VISITA. Não só é tudo de plástico, como é tudo para ser usado uma única vez.
Fico pensando no efeito deste tipo de coisa em todos os hoteis como esse em Austin, em todos os hoteis do Texas, da California, da Florida, das 13 colônias originais do nordeste americano, enfim, de todos os pequenos hoteis e de todos os cafés da manhã de gente como eu em um país como os Estados Unidos. Sou parte uma formiguinha produtora de lixo.
Enquanto mastigo um delicioso pedaço de bacon, checo as palestras do dia. Vou anotando as possibilidades no app até que me deparo com uma bem interessante: O FUTURO DO LIXO – IMPRESSÃO 3D A PARTIR DE LIXO RECICLADO. Oh, the irony.
Austin aparentemente recicla 87% do seu lixo. Eu dei um Google. Mesmo assim, a coisa de comparar o hoje com o futuro do SxSW parece bem bizarro. Samantha Snabes é a fundadora da RE:3D, uma empresa que projeta impressoras 3D que também são capazes de reciclar plástico e produzir os filamentos que são usados no processo. Diz ela que lá pelo ano 2050, o comércio global deve cair pela metade porque estaremos produzindo tudo que precisamos localmente – em uma escala urbana ou até mesmo pessoal.
Enquanto ela circula um pequeno vaso ou copo ou jarra de um plástico meio mal acabado e feito a partir de tampinhas de Coca-Cola, sonhamos um mundo logo ali em que as nossas casas são autossuficientes. Amanhã, porém, volto a usar pratos de plástico e jogar diretamente no lixo.
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