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Diversidade + cultura pop = a fórmula para salvar o Uber?

Executiva-chefe de marca do serviço de transportes, Bozoma Saint John faz a apresentação mais concorrida da trilha de marketing do SXSW

Jonas Furtado
11 de março de 2018 - 18h38

Executiva-chefe de marca da Uber, Bozoma Saint John

Principal nome da trilha de Marketing e Marcas da programação do South by Southwest, Bozoma Saint John comprovou que também tem vocação para estrela, estabelecendo uma empatia direta com o público por meio de posicionamentos diretos e observações divertidas, no principal auditório do Convention Center, em Austin, neste domingo 11.

“Gosto da ideia de errar rápido e corrigir. Quando prolonga-se decisões por muito tempo, você continua errando por anos a fio”, afirmou a executiva-chefe de marca do Uber. Penteado afro exuberante e em um vestido longo prateado, a executiva mostrou-se daquelas pessoas que cresce no palco e faz-se ouvir alto, não exatamente pelo tom de sua voz, mas pela força e transparência de suas palavras.

Essas habilidades, fundamentais aos grandes líderes, aliadas ao histórico de trabalho em marcas cujo sucesso dependem da compreensão da cultura pop contemporânea, como Pepsi, Beats e Apple, credenciam Bozoma ao status de marqueteira mais influente do mundo num futuro próximo. Nascida em Gana, já foi apontada como uma das cem pessoas mais criativas do mundo pela Fast Company e eleita a principal executiva da indústria da música pela Billboard.

Em junho de 2017, foi contratada pelo Uber com uma árdua tarefa: consertar a percepção pública da companhia de transporte via aplicativo, então envolvida numa sequência de notícias negativas que geraram crises consecutivas de imagem. Assédio, machismo, fraudes, más condições de trabalho… O leque de escândalos era vasto, e derrubaram o polêmico CEO Travis Kalanick dias antes da chegada de Bozoma à empresa.

A missão da executiva é vital para os planos futuros da companhia em abrir o capital na bolsa. E ela sabe o tamanho do desafio. “Se o Uber, que passou a ser um símbolo de tudo o que existe de ruim e errado, pode ser transformado, não há desculpas para que as mudanças aconteçam em todos os outros lugares”, comparou Bozoma, que revelou dirigir ela mesma um Uber Pool (serviço em que pessoas indo para lugares diferentes compartilham o mesmo carro) na região de San Francisco, Califórnia, para realizar pesquisas de campo.

A estratégia para a publicidade é colocar o Uber como parte intrínseca da conversa em diversas transformações que acontecem em nossos tempos, seja relacionado a diversidade, seja a um novo estilo de mobilidade –sempre com o lado humano no centro da história.

Mas as mudanças por ela promovida em nove meses de gestão têm como alvo outros públicos tão importantes quanto os clientes do serviço para que a desconstrução do Uber como uma empresa, digamos, do mal, seja bem-sucedida: os seus funcionários e a sociedade.

“Há muito trabalho a ser feito. É ridículo o número de afro americanos trabalhando em empresas no vale do silício. É uma questão não apenas do Uber, mas de várias empresas”, afirmou Bozoma. “Não dá para ficar esperando que as lideranças resolvam isso. É preciso brigar pelo que é seu. E essa não é uma questão apenas para as pessoas negras fazerem barulho. É uma questão para todos fazerem barulho, pois nos afeta como um todo, somo sociedade.”

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