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Inovação e responsabilidade social made in China

Na palestra Designing Cashless Cities com Shanying Leung da Ant Financial, o palestrante mostra como hoje na China praticamente todos os pagamentos já podem ser feitos com o celular


11 de março de 2018 - 16h14

(Crédito: reprodução)

Cada vez que eu assisto a uma palestra de um chinês falando sobre todas as grandes inovações sendo feitas neste país, que é a segunda maior economia do mundo e deverá passar os EUA em menos de 15 anos, saio impressionado do quão avançados eles estão em relação a todos nós no mundo ocidental do ponto de vista de inovações tecnológicas e aplicações práticas e em massa das mais avançadas tecnologias existentes. Na palestra Designing Cashless Cities com Shanying Leung da Ant Financial, braço financeiro da Ali Baba e maior empresa de mobile payment do mundo, a sensação não foi diferente. No entanto, o que mais me surpreendeu foi conhecer um outro lado que, por ignorância, eu desconhecia, da responsabilidade social e das varias iniciativas virtuais, que geram impacto social no mundo real.

De forma natural e quase en passant, o palestrante mostra como hoje na China praticamente todos os pagamentos já podem ser feitos com o celular. Em estacionamentos, transportes públicos, hospitais e qualquer tipo de comércio já não há a necessidade de sacar o cartão de crédito ou uma nota de dinheiro para pagar. Shanying brinca e diz que nos dois últimos dias em Austin ele teve que tirar mais vezes a sua carteira do bolso do que nos últimos quatro anos na China. Em alguns casos, inclusive, nem do celular você precisa mais para comprar. Através de reconhecimento facial e de voz já é possível fazer pick up de compras realizadas online anteriormente ou mesmo comprar um bilhete do metrô.

Essas inovações, diz Shanying, que certamente ajudam a mudar o mundo, não são suficientes. Os profissionais que trabalham no design desses produtos tem, segundo ele, quase uma obrigação de usar sua criatividade para causas de impacto social e que ajudem a diminuir o enorme gap entre ricos e pobres, moradores urbanos e de zonas rurais, que ainda existe na China. Por isso eles desenvolvem uma série de projetos, usando sempre estratégias de gamification, para incentivar as pessoas a participarem de esforços coletivos que causam grande impacto social. Em um dos projetos feito por eles, por exemplo, as pessoas ganhavam créditos por diminuir seu footprint de carbono. Cada vez que iam a pé ao trabalho em vez de carro, compravam online em vez de off line ou usavam um serviço de bike urbano, somavam pontos que, quando acumulados, lhes davam o direito a uma árvore virtual, mas que também se transformava em uma árvore real plantada pela empresa em uma região desértica do país. Como tudo na China é sempre muito grande, nessa ação mais de 230 milhões de pessoas participaram e mais de 13 milhões de árvores foram plantadas. A redução de carbono emitido, provocada pelas mudanças de atitude das pessoas, foi de 2 milhões de toneladas. Um grande impacto para a sociedade.

Em outra ação, essa para o Ano Novo Chinês, mais importante celebração anual no país e na qual é tradição presentear amigos e familiares com envelopes vermelhos contendo dinheiro, eles conseguiram mobilizar mais de 250 milhões de pessoas a mudarem seus hábitos de compra de off line para digital e com isso gerar um crédito milionário que foi depois doado a diversas instituições de caridade. Como parte da ação, os designers da Ant Financial criaram um lindo presente de Ano Novo Chinês, que mais parece uma obra de arte e que foi dado a crianças pobres em zonas rurais da China. O palestrante se emocionou ao falar do sorriso no rosto das crianças quando receberam os presentes.

Saí da palestra com a visão reforçada de uma China potente, criativa, inovadora, que está liderando algumas das tendências tecnológicas do mundo. Mas, ao mesmo tempo, conheci mais de um povo com uma visão mais humana e mais consciente de sua responsabilidade social e dos impactos positivos que podem causar através de sua criatividade no mundo e nas pessoas. Shanying termina sua inspiradora palestra contando sobre uma viagem à pé que seu irmão e cunhada estão fazendo ao redor do mundo e que lhes proporciona conhecer profundamente as diferenças culturais dos povos. Ele fala, com emoção, como essa abertura das novas gerações de chineses para o mundo os está transformando em pessoas melhores e espera que o mundo busque também se conectar mais com eles e conhecer mais de suas iniciativas para se inspirarem e, assim, ampliar o impacto e promover um mundo melhor.

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