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Tecnologia para empoderar refugiados e voluntários

Palestra de abertura foi realizada pela CEO da Techfugee, um exemplo do potencial da economia criativa a serviço de um mundo mais sustentável


11 de março de 2018 - 17h12

“Vocês estão prontos para debater tecnologias disruptivas? Estão prontos para as festas? E estão prontos para me ouvirem dizer aqui coisas que podem causar minha expulsão deste país? Pois eu digo que o que temos hoje não é uma crise de refugiados, e sim uma crise de hospitalidade”. Foi desta maneira impactante que Josephine Goube, CEO da ONG Techfugees, iniciou sua apresentação durante a conferência de abertura da South by Southwest 2018, em uma clara referência à política anti-imigração conduzida pelo presidente norte-americano Donald Trump. Mas, ao contrário do que poderia imaginar um ouvinte desavisado, aquele não era apenas mais um debate para destacar a gravidade da situação, mas sim para trazer uma solução inovadora habilitada pela tecnologia e que está ajudando de verdade aqueles que estão entre os 65 milhões de refugiados no mundo. Afinal, estamos na SXSW, não poderia ser diferente!

A Techfugees é um exemplo fantástico do potencial de transformação que a combinação entre ciência e inspiração proporciona. A iniciativa sem fins lucrativos reúne voluntários, ONGs, entidades e empresas com o objetivo de desenvolver soluções que tornem a vida dos refugiados mais digna em cinco frentes: infraestrutura, educação, identificação, saúde e inclusão. Hoje já são mais de 15 mil participantes, incluindo entre profissionais de tecnologia, designers, empreendedores e todos aqueles que querem usar sua formação e talento para este propósito. Gigantes como o Facebook, a Microsoft e o Uber, além de organizações como a Unicef, estão entre os apoiadores.

Mas o grande diferencial, como explicou Josephine, é o seu caráter sustentável, em linha com os anseios e visão de futuro do protagonismo ativista da sociedade conectada. Mais do que assistencialismo puro, a ideia é ir além e prover condições para que o refugiado possa voltar a ter uma vida estruturada e, principalmente, trabalhar e obter renda para sua subsistência. E isso engloba desde a emissão de documentos e identidade digital até a implantação de redes Wi-fi, cursos online, redes sociais e acesso bancário.

Um dos projetos mostrados pela CEO que achei mais bacana foi a criação de uma plataforma online que permite que refugiados de origem árabe ensinem seu idioma natal para os interessados ou comunidades localizadas em qualquer parte do globo – e, naturalmente, recebam a devida remuneração pelo serviço. É uma forma não só de promover a inclusão daquela pessoa que foi obrigada por qualquer circunstância a deixar seu país, mas de restituir a dignidade. E é a tecnologia que permite que oferecer essa oportunidade e hospitalidade em larga escala, empoderando ao mesmo tempo quem ajuda e quem recebe essa ajuda.

Nos últimos dias, as redes sociais foram tomadas novamente por imagens e notícias sobre as vítimas da guerra na Síria, entre elas muitas crianças. Muitos internautas questionavam o que era possível fazer, já que estavam distantes da região e a situação é tão complexa. Se você era um dele, pense de novo, fora da caixa. A Techfugee possui 25 representações em diversos países e está aberta a todos os que queiram se voluntariar e fundar novas sedes. São ideias como essas que atraem milhares de pessoas a Austin todos os anos: aqui na SXSW, a criatividade está sempre a serviço de um mundo melhor.

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