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O poder da vulnerabilidade

Os primeiros dias de SXSW abordaram a valorização das conexões humanas acima de qualquer nova tecnologia que venha por nos servir cada vez mais


12 de março de 2018 - 15h04

(Crédito: reprodução)

Segundo o dicionário, vulnerabilidade é uma particularidade que indica um estado de fraqueza, que pode se referir tanto ao comportamento das pessoas, como objetos, situações, ideias e etc. Mas o que isso tem a ver com um festival de tecnologia, conectividade e afins?

Os primeiros dias de SXSW foram cheios de sensibilidade. Foi quase unânime, a valorização das conexões humanas acima de qualquer nova tecnologia que venha por nos servir cada vez mais.
No primeiro dia, tivemos Esther Perel, psicoterapeuta autora de alguns best selleres sobre relações humanas, que vendou nossos olhos, e nos fez refletir sobre empatia e vulnerabilidade compartilhando alguns de seus podcasts de sessões entre casais que acontecem em seu consultório. Dentro dessas 4 paredes é que as pessoas dividem o que realmente acontece dentro de casa e conseguem criar uma conexão verdadeira e profunda entre elas.

O pano de fundo desse contexto é a evolução da sociedade e a transição que estamos passando, saindo de uma era onde as regras e limites eram muito claros (a geração dos nossos pais), indo para uma era de possibilidades infinitas e de muita liberdade. Uma era onde podemos nos esconder atrás dos nossos perfis das redes sociais e disseminar uma vida que gostaríamos de ter, mas que não temos na realidade. Onde somos facilmente manipulados por noticias falsas, onde nos isolamos em nossos smartphones e pouco olhamos nos olhos dos outros. Onde estamos sobrecarregados de novos conteúdos todos os dias, o tempo todo.

Nessa sessão, Esther nos fez pensar sobre o quanto aceitar nossas imperfeições, nossas realidades, nossos problemas, e dividir isso com os outros vai nos ajudar a entendermos nossos problemas e nos curarmos.

Brian Solis, um dos grandes gurus do mundo digital, em seu painel “Breaking Digital Facades: It’s Time to Take Tech Back”, nos fez refletir sobre o quanto a tecnologia, social media e mobile, estão impactando a nossa auto estima, e estamos esquecendo de sermos nós mesmos e estamos buscando ser aceitos pelas comunidades.

A tecnologia sequestrou nossas mentes e nossa sociedade. Estamos mais estressados, mais ansiosos, dormindo menos, com menor auto estima, com menos senso comum, pensando menos e agindo menos.

O Snapchat transformou as conversas em momentos, minando as interações que definem relacionamentos, o Instagram glorifica a “foto-da-vida-perfeita” e afeta nossa auto estima e felicidade, o Facebook polariza as relações tornando as comunidades em grupos isolados e com mesmas opiniões, e o YouTube sugere o que vc deveria ver em segundos, roubando você do tempo.

Atenção virou a moeda da nova economia, e vale tudo para chamar a nossa atenção. Museus do sorvete que nada mais são do que grandes panos de fundo para fotos lindas no Instagram, noticias que são desenvolvidas para gerar estress e angustia e roubar a nossa atenção, programas digitais que colocam palavras nas nossas bocas (sim, isso já é possível).

Mas e se aceitarmos que não precisamos ser assim? Se rompermos a bolha e aceitarmos que não sabemos de tudo, aceitarmos nossas imperfeições e nossos limites. Se publicássemos nas redes sociais aquilo que realmente nos angustia em nosso dia a dia, aquilo que não sabemos, e se pedirmos ajuda? Se deixássemos nosso novo vício de estarmos conectados o tempo todo de lado, o que aconteceria?

Passaríamos a ouvir mais a voz dos outros, passaríamos a compreender melhor o ponto de vista do outro e criaríamos empatia, formaríamos amizades mais profundas, abriríamos nossas mentes para novos conhecimentos, novos pontos de vista, criaríamos novas perspectivas.

Voltando sobre a vulnerabilidade, é exercitando e aceitando nossas fragilidades, é que estaremos abertos para novas experiências, experiências verdadeiras e profundas. E se não for para viver de verdade, que graça tem?

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