Publicidade

Hackers estão por todo lado aqui em Austin, e isso é fantástico!

Muito diferente do uso equivocado do termo, os representantes da cultura hacker no SXSW 2018 encontram novas formas de subverter padrões por meio da tecnologia em busca do progresso coletivo


13 de março de 2018 - 11h15

Eles estão nos eventos, nas filas, nas ruas, nos shows, nos filmes, nas festas. Definitivamente, para nossa sorte, os hackers tomaram conta da SXSW 2018. Antes que alguém pense que estou fazendo apologia a invasões cibernéticas, vamos colocar os pingos nos is: ser hacker não é – e nunca foi – sinônimo de ser cracker, esta sim a denominação correta dos criminosos que hoje ameaçam o ambiente virtual com vírus e ransomwares. Alan Tuning, brilhante matemático cujos feitos foram eternizados nas telonas com o filme O Jogo da Imitação, era um hacker. O físico alemão Albert Einstein, desenvolvedor da teoria da relatividade, era um hacker. Steve Wozniak, co-fundador da Apple, também! Nas suas áreas de atuação, e à sua maneira, são pessoas que subverteram os padrões e crenças reinantes para trazer soluções e conhecimentos que impactaram de maneira positiva a humanidade.

(Crédito: reprodução/Pexels)

A chamada cultura hacker não é algo novo. O termo e sua essência original surgiram em 1946, quando estudantes do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) se uniram em um grupo dedicado ao aprendizado da tecnologia, unindo seu interesse no ferreomodelismo às possibilidades oferecidas pela chegada do PDP-1, um dos primeiros computadores do mercado, produzido em 1959. Ao mesmo tempo em que exploravam o funcionamento da máquina, tentavam criar novas maneiras de automatizar e controlar modelos de trens em escala. Cada vez que um dos integrantes desenvolvia uma nova aplicação com sucesso, era chamado de hacker, alguém que usou a engenhosidade para chegar a resultados mais eficientes, sem alterar o design original do projeto, e de maneira rápida e inteligente.

Em 1975, uma nova geração de hackers, liderada pelo engenheiro e programador Gordon French, fundou o Homebrew Computer Club. O Altair 8800, primeiro computador pessoal, acabava de ser lançado e o objetivo dessa galera era descobrir como tornar estas máquinas mais acessíveis a todos. As reuniões aconteciam na garagem de French, que residia na região, vejam só, de um tal de Vale do Silício. Wozniak era um dos integrantes e durante este período projetou o Apple 1, o primeiro equipamento pessoal a ser vendido pré-montado. Junto com seu colega de clube, Steve Jobs, fundou a empresa que hoje é ícone de inovação. Aliás, vários hackers desta época estão igualmente à frente de gigantes da sociedade conectada e multimídia, como Facebook e Google.

Embora a tecnologia tenha evoluído de maneira significativa nas últimas décadas, o cerne da filosofia e da ética hacker se combina hoje aos ideais de seus representantes da nova geração, que questionam, discutem, colaboram e fazem do SXSW esse celeiro de revoluções. Bandeiras hackers como acesso ilimitado à informação, descentralização para disseminar conhecimento e o uso de qualquer avanço científico com o único fim de melhorar a qualidade de vida das pessoas, se casam perfeitamente com a busca pela igualdade, diversidade, criatividade econômica e transparência, tendo a tecnologia como fio condutor de iniciativas plurais, com ganhos coletivos. E poder presenciar tudo isso acontecendo em tempo real é incrível! Como disse Einstein, hacker de primeira como vimos, “nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo grau de consciência que o gerou”. E vamos aos debates!

Publicidade

Compartilhe

Patrocínio