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Preocupações reais sobre as fake news

Participei de duas palestras que tiveram esse tema com uma das principais questões do momento, e isso é significante para cada um de nós, tanto pessoas como marcas


13 de março de 2018 - 12h00

(Crédito: divulgação)

Que fake news é o assunto do momento, não dá para negar. Mas confesso que só me dei conta da complexidade da situação aqui, no SXSW. Participei de duas palestras que tiveram esse tema com uma das principais questões do momento, e isso é significante para cada um de nós, tanto pessoas como marcas.

A primeira foi o painel Facebook and Publishers: the Evolution of News, com Alex Hardimann, Head of News Product do Facebook; Sara Fischer, Media Reporter da Axios; e Brian Stelter, host de Reliable Sources, da CNN. De todos os pontos tensos que essa discussão levantou, a fake news foi o que mais me chamou atenção.

Stelter colocou Hardimann contra parede ao afirmar que o Facebook, e as demais redes sociais, poderiam parar com a propagação das notícias falsas, afinal, são eles os donos do código. Só não o fazem por falta de interesse no assunto. A representante da rede social retrucou, dizendo que é uma questão complexa e envolve, inclusive, a censura. Segundo ela, a principal forma de resolver essa questão seria educando as pessoas para que questionassem a fonte dos conteúdos, e não compartilhassem aqueles que pareçam suspeito.

Aqui entre nós, vamos combinar que isso é bem difícil. Ainda mais considerando que a mudança recente dos algoritmos, onde os posts de pessoas físicas passam a ter mais relevância que o de marcas e veículos de mídia, levanta a dúvida se a rede tem interesse em combater a disseminação das notícias falsas. Para ilustrar a situação, se a sua tia postar um conteúdo mentiroso, isso vai aparecer no seu feed de notícias. Mas se um veículo busca desmentir e contar a história verdadeira, dificilmente você irá visualizá-la.

Hardimman afirmou, ainda, que há testes sendo feitos nos Estados Unidos para combater a disseminação de notícias falsas, mas a América Latina ainda não terá acesso a isso, pelo menos a curto prazo. Uma informação um pouco preocupante, pensando que as eleições presidenciais no Brasil estão chegando.

Mas a principal questão, para mim, foi levantada por Fischer, da Axios. Ela previu que as notícias falsas se tornarão cada vez mais sofisticadas. Atualmente, segundo ela, as principais fake news são narrativas que, quando minimamente avaliadas, dá para perceber a sua falta de idoneidade. Como, por exemplo, a “notícia” de que uma pizzaria em Washington, DC, seria fachada para abuso de crianças e que ela seria comandada por Hillary Clinton. No entanto, as notícias falsas têm sido aprimoradas e passarão a ser cada vez mais difícil de diferenciá-las, mesmo usando o bom senso e o questionamento. Ou seja, a ideia geral da notícia será real, mas partes importantes dela podem ser propositalmente omitidas, estar fora de contexto ou, ainda, podem ser declarações falsas misturadas com outras reais. Brian Stelter afirmou que uma de suas matérias recentes havia passado por essa manipulação e que ele próprio teve dificuldades em discernir quais trechos eram reais e quais não.

Para complementar, no domingo, 11, na apresentação anual do Tech Trends Report, Amy Webb falou sobre a Natural Language Generation (NLG), uma ferramenta de inteligência artifical que seria uma das tendências para 2018. Nela, os computadores podem criar linguagens humanas que pessoas reais usariam em alguma situação, seja em vídeo ou áudio. Ou seja, conteúdos audiovisuais sobre fatos que não ocorreram poderão ser criados do zero. Considerando que notícias falsas, sem comprovação visual, têm a força para eleger um presidente, imagine com o incremento dos vídeos? Tem dúvidas? Cheque você mesmo e tire as suas conclusões:

Ao ver tudo isso, a minha opinião é que, a longo prazo, a solução para este problema seria a educação e o comprometimento das redes sociais em banir usuários e notícias falsas. Infelizmente, me parece que isso não vai acontecer, pelo menos por agora. Então, até que encontremos uma solução, resta às marcas, personalidades e políticos monitorarem o que está sendo dito a seu respeito. Esse é o desafio das ferramentas de monitoramento de comportamento na web, como o Scup Social: mostrar a seus clientes o que está sendo dito e prepará-los para responder ao seu público, engajando e reverendo (ou diminuindo) os possíveis danos que uma notícia falsa pode causar.

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