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Pare de tentar resolver tudo

Bruce Sterling fala de robôs e quem fala de robôs sempre vai chamar a minha atenção


14 de março de 2018 - 20h46

Lá vou eu de novo falar do Bruce Sterling. Desta vez, em uma sala um pouco menor no Austin Convention Center, com o mesmo figurino texano, as mesmas madeixas prateadas e o texto com tudo no lugar certo como sempre: Disrupting Dystopia.

Não vou dar a biografia dele (tá tudo a um Google de distância), mas esse cara consegue botar a gente para pensar. Começou com a quantidade de prefeitos por aqui. Eu mesmo consegui ver o de NY, Londres, Portland e o da própria Austin. Estava achando legal a onda de prefeitos moderninhos da era smart city e ele traz a real: tecnologia é onde o dinheiro está hoje em dia e se tem dinheiro, os políticos aparecem. As cidades vão ficando maiores, mais ricas e poderosas e o preço da moradia explode e expulsa as pessoas mais interessantes. O pessoal do vale do Silício, por exemplo, resolve problemas do mundo, mas não consegue mais morar ali.

Bruce vai esquentando e a conversa vai ficando mais interessante. Fala de robôs e quem fala de robôs sempre vai chamar a minha atenção. Mas fala de um ângulo novo. Dá o nome de duas mulheres que mexem com robótica de maneira não convencional. A primeira (que eu não captei o nome) faz wearables de crochê pela experimentação pura. Não faz para ganhar rios de dinheiro e nem resolver um problema em particular. A segunda, Simone Giertz é mais famosinha. Você já deve ter visto algum vídeo engraçado dos seus robôs inúteis que não fazem nada certo. Ele usa as duas para fazer uma ode à tech art, machine art, kinetic art, essas coisas. Tipo os móbiles de Alexander Calder anabolizados pela tecnologia.

Aí ele fala desse vídeo:

Uma mega produção da Simone. Um vídeo em que ela monta um robô-bicho e solta na floresta para poder caçar. Primeiro ela pesca uns drones que funcionam na água e depois vai para a floresta caçar e matar e comer e, bem, assista ao video. É arte pura, é esquisito, é estranhamento cognitivo – pra usar a definição dele.

Ele termina falando para a plateia parar de tentar resolver tudo. Que algumas coisas não tem solução. Que gente de tecnologia tem essa mania de tentar resolver tudo. Tipo uma criança de 7 anos. Não dá para resolver essa criança, só lidar com ela até que ela faça oito, nove, dez anos. E os 7 anos, para o Bruce, é a idade da curiosidade perfeita. Aos 7 anos queremos testar tudo, entender tudo, perguntar tudo sem nenhum filtro, sem freio. Botar uma criança na frente de um robô é a situação perfeita. Depois, crescemos e fazemos gestos curtos, contidos. Depois, crescemos e queremos resolver tudo.

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