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É modinha mas é bom

Vim para o SXSW pela primeira vez esse ano e eu achei essencial, de verdade


15 de março de 2018 - 11h23

(Crédito: reprodução)

Sei que muita gente, especialmente as pessoas que já vieram muitas vezes, expressam alguns comentários a respeito do que o festival já foi e não é mais. Que já foi melhor, mais pioneiro, já apontou mais tendências. Já eu, me sinto a própria fã de uma banda indie que ficou pop, sem vergonha alguma de ter conhecido os hits primeiro. Não importa quando ou como eu cheguei aqui, valeu muito a pena. O famoso “ainda bem que eu vim”.

O primeiro motivo de eu concluir isso é que você levar essa enxurrada de informações na cara de uma vez só, por uma semana direto, só pode te levar a um lugar novo. No seu ambiente comum de trabalho, você não vai parar para ler tudo isso sobre inteligência artificial, blockchain, diversidade no ambiente de trabalho, realidade virtual (eu avisei que gostava dos hits) de uma vez só, com essa profundidade. Muito menos conversar com seus parceiros de trabalho e ensaiar novas sinapses. Eu não estou duvidando de você, aposto que todos somos muito esforçados (força a todos nós, guerreiros), mas a rotina suga a gente, é importante às vezes parar e se dedicar a algo assim. Isso vale pra qualquer festival? Vale. Mas aqui, de alguma forma, você sai do seu ambiente sequer de pesquisa espontânea. No meio do dia você perdeu uma palestra de content marketing que tinha fila demais e foi parar numa que fala como a inteligência artificial (da Siri, por exemplo) ainda está falha em amparar vítimas de estupro, uma vez que não são mulheres que a programaram. A gente não ia pesquisar isso sozinho.

O segundo é que aqui todos pudemos nos acalmar sobre os robôs roubarem nossos trabalhos pra sempre. Tô feliz de poder deixar minha equipe mais tranquila agora na volta. Confesso que eu estava tensa com o assunto. E que chegando aqui, vi que a coisa está bem avançada e marquei favorito em todos os painéis sobre isso. Se você chegou a essa frase e ainda está bem preocupado, a razão pra ficar tranquilo é que autenticidade, criatividade e inovação (pelo princípio do não-óbvio, da imprevisibilidade) continuarão sendo exclusividade nossa. Eles precisarão da gente pra comandar essa parte, em todas as especialidades: de publicidade a medicina, engenharia a ciência, tudo. Um robô teria tirado metade desses parênteses estranhos que pus no texto até agora, mas seria uma decisão puramente técnica. Este texto perderia 20% do charme (mais um charminho aqui, vejam como fica legal).

A terceira razão é que falamos num painel, apresentamos o projeto Repense o Elogio, que foi realizado entre Mutato, JWT Worldwide, Avon e Maria Farinha Filmes. Foi muito especial o retorno que tivemos das pessoas, sendo elas brasileiras, americanas, francesas. Sendo elas também clientes, agências, mães, filhas, pessoas comuns. Que bom que trouxemos nosso case pra cá. E que honra poder estar aqui ao lado da Avon, que já vem apresentar trabalhos pelo segundo ano seguido, puxando tendências e debates importantíssimos.

A quarta razão é que como criativa publicitária, eu tento não consumir publicidade demais. Entendo que benchmarks levam nosso trabalho a novos patamares, mas acredito mais na cultura pop como fonte de inspiração. E hoje a cultura pop é, em grande parte, tecnologia. Metade das marcas amadas que temos hoje na cabeça funcionam também como apps no nosso celular. Então, de fato, entender um pouco mais das possibilidades tecnológicas é projetar tudo que entendemos de comportamento das pessoas hoje, só que em um futuro que vai existir só daqui a pouco.

Minha cabeça ficou tão ocupada pensando em coisas diferentes que ouvi, vi e discuti, que escrevi uns 3 textos no Notas do celular e só estou conseguindo escrever esse texto no aeroporto voltando. Considero isso um bom sinal.

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