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Só acaba quando termina

Um balanço ao fim do SXSW 2018


16 de março de 2018 - 14h41

A edição de 2018 do SXSW foi a minha quarta. Mais uma vez saio surpreso. Mais uma vez com sentimentos confusos. A novidade é que, desta vez, a melhor parte ficou no fim. Mais especificamente pra última atividade do evento. Na hora de ir pro aeroporto. O painel “15 Years in Trendspotting” juntou Marian Sazman, CEO da Havas PR na América do Norte e experiente profissional de comunicação que popularizou o termo metrossexual; Ryan Berger, sócio do Hypr (ferramenta de mapeamento de influenciadores); Joy Peabody, diretora global de engajamento com consumidor da Estée Lauder; e Shannelle Armstrong-Fowler, apresentadora de TV e fundadora e estilista-chefe da Haute & Co Bridal marca de roupas para noivas “curvy” (recusando o rótulo plus size).

O painel teve tudo que muita gente reclama: não faltaram promoção pessoal, venda de serviços e produtos, apresentação de cases da empresa. Não faltou egocentrismo de publicitário.

Mas teve o que, pra mim, é o melhor do SXSW: experiências pessoais contadas com esforço de narrativa, perguntas interessantes da audiência gerando respostas realmente interessantes e até divergentes, uma reflexão sobre o trabalho e a os rumos da tal “sociedade da informação”.

Nos anos 90, quando se falava em infotainment o conceito me soava a maior balela possível. Paguei a língua e tô aqui dizendo que aprendi e me diverti bastante em 1h de palestras como um bom nerd.

As melhores partes para mim foram:

– Tendências que pegaram (e as que não viraram): Sazman contou a gênese do termo “metrossexual” (que comemora 15 anos em 2018) e o processo de transformação dessa tendência em algo mainstream. Mas quando perguntada sobre seu maior erro profissional contou a melhor história: vaticinou na TV nos anos 90 que o endorsement de celebridades estava com os dias contados após o escândalo de Michael Jackson. Mas ponderou que OJ Simpson era a única resposta possível, por considerá-lo blindado. Isso alguns meses antes da perseguição a um Ford Bronco branco pelas avenidas de Los Angeles levar à prisão do astro do futebol americano e mudar a relação do mundo com as celebridades e inventar as Kardashian. “É um milagre eu ainda ter uma carreira depois dessa”, riu.

– A autopromoção: Berger apresentou o currículo criativo do pai mostrando campanhas memoráveis para Dunkin’ Donuts e Volvo, vendeu sua ferramenta como algo capaz de milagres e se mostrou incapaz de citar um exemplo de fracasso profissional. Desses caras que a juventude vai amar odiar.

– Olhar pragmático: Peabody foi de longe a mais contida e a mais institucional mas explicou bastante sobre a sua visão do trabalho que faz na empresa, lembrou que nem sempre os budgets de grandes marcas globais são enormes.

– O termo “curvy”: Shannelle falou bastante sobre a mudança nos padrões de beleza. Fugindo do padrão “crítica à ditadura da beleza” ponderou que o termo curva destaca de maneira muito mais positiva as características do seu público e dela mesma. “Por mais que possam dizer que a Kim Kardashian é curvy ela é manequim 00 ou 02” (acho que isso quis dizer que ela é magra).

Em resumo, um dia eu vou aprender a trocar o tal FOMO pela serendipity que faz um evento como o SXSW ser diferente de tudo que eu conheço.

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