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Blaze

O filme, chamado "Blaze", conta a história de um músico do Arkansas que foi criado no Texas


19 de março de 2018 - 14h01

Em 1998, Alfonso Cuarón lançou “Great Expectations” – talvez o filme mais verde da história do cinema. Sempre me perguntei se havia sido um trocadilho com o ditado popular de que verde é a cor da esperança. Nunca soube responder isso, mas posso dizer que com 22 anos de idade me apaixonei por esse filme. O personagem Finn, interpretado por Ethan Hawke, era um menino artista que cresceu apaixonado por seu amor de infância. Finn era sonhador, dramático, sensível, do jeito que a gente pode acabar sendo quando é jovem. Tudo no filme era impecável. O visual, a trilha sonora, que inclusive trazia Chris Cornell cantando Sun Shower. Quase 20 anos depois, muita coisa mudou. Chris Cornell está morto, eu me tornei um diretor de Publicidade e Ethan Hawke estava em Austin lançando seu quarto longa. Não à toa em Austin, seu novo filme chamado “Blaze” conta a história de um músico do Arkansas que foi criado no Texas. Bem aqui em Austin, onde sua carreira musical se desenvolveu.

O filme teve sua pré-estreia projetada no maravilhoso Cinema Paramount, construído em 1915. O Paramount é um patrimônio da cidade, daqueles que possivelmente estão ameaçados de extinção.

(Crédito: divulgação)

Bom, a história de Blaze Foley não tem nada de especial. Tirando o fato de que realmente era um bom músico e compositor de Folk e Country Music. Mas é exatamente isso que torna o filme especial. O próprio Ethan Hawke, que estava no palco falando sobre seu projeto, disse que existem diversos Blazes em Austin que nunca serão descobertos ou lembrados.

(Crédito: divulgação)

E de fato fica nítido que essa cidade respira música e arte o tempo todo. Blaze Foley representa uma atitude vista em Austin. Tomada por talentos criativos e cérebros interessantes. A frase que mais digo e ouço por aqui é: “Valeu a pena ter vindo”. O SXSW é hoje possivelmente o maior encontro sobre o mundo cotidiano atual que poderemos experimentar. O conteúdo é relevante e variado, podendo ser aplicado tanto na vida pessoal como na profissional. É possível se arriscar a dizer que ninguém sai do SXSW igual a como entrou. Tanto que encontro pessoas que estão vindo pela quinta, décima vez, e estão sempre se surpreendendo. Ouvi por aqui também que somos mais de 1000 brasileiros inscritos no Festival. E apesar da gente sempre reclamar disso (“tá cheio de brasileiro”), eu acho ótimo. Acho ótimo que mais de 1000 cabeças vieram pra Austin olhar e conhecer coisas novas. Espero que essas mais de 1000 pessoas estejam saindo daqui com mais reflexões do que novos gadgets comprados a preços justos.

Mas antes que eu me perca no raciocínio, voltemos ao filme de Ethan Hawke. É certo que o menino Finn estava presente em sua direção na parte estética. A direção de arte e fotografia são absurdas, incluindo um plano com um flaire de um minuto que incomoda e atrapalha a visualização da cena. Claramente proposital. O filme é sensível, sensorial, mas não te emociona exageradamente. Não choramos por Blaze, rimos às vezes, mas enxergamos Blaze como uma pessoa do dia a dia, com algumas qualidades e alguns defeitos. Um músico médio sem grandes heroísmos. O filme é equilibrado e humano. Sem dramas rasgados, sem paixões enlouquecedoras. Ou será que fui eu que fiquei velho?

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