Otimista patológico
Depois de passar 8 dias em Austin vendo como a tecnologia e a conectividade estão ajudando inúmeros projetos sociais, penso no Brasil e em todas as oportunidades que temos por aqui
Depois de passar 8 dias em Austin vendo como a tecnologia e a conectividade estão ajudando inúmeros projetos sociais, penso no Brasil e em todas as oportunidades que temos por aqui
23 de março de 2016 - 10h46
Na semana passada, enquanto estávamos no SXSW, o Brasil atravessava um período de grande turbulência política, com manifestações, revelações, nomeações, grampos vazados e muito mais. Nós, em outra parte do mundo, imersos no oásis de inovação do evento, acompanhávamos com apreensão todos os acontecimentos através da internet. E muitos, quando retornaram ao país vindos de Austin, se deprimiram por ter de encarar a realidade e enfrentar os problemas latentes no país. Eu voltei com uma sensação diferente dessa.
Na palestra do Jimmy Wales, fundador da Wikipedia, ele se auto proclamou um “otimista patológico”. Jimmy disse que sempre buscar enxergar o lado mais positivo das coisas e que crê, às vezes em demasia, que tudo vai sair bem no final. Eu me identifiquei demais com ele e sua declaração, porque também me sinto um “otimista patológico”. Minha tendência sempre é acreditar que as coisas darão certo, mais cedo ou mais tarde, para desespero de muitos que me cercam.
Agora, depois de passar 8 dias em Austin vendo como a tecnologia e a conectividade estão ajudando inúmeros projetos sociais pelo mundo ou como novos negócios, que geram renda e emprego surgem a cada dia sob as plataformas da interatuvidade, penso no Brasil e em todas as oportunidades que temos por aqui. Um país ainda repleto de desigualdades como o nosso, pode e deve se valer da tecnologia para conseguir melhorar a vida dos mais necessitados. Igualmente, num momento de crise econômica e perda de emprego, a indústria da inovação e interatividade pode ser uma geradora de novas oportunidades. Hoje em dia, com todo o acesso facilitado à ferramentas de gestão colaborativa, ficou muito mais fácil empreender e desenvolver seu próprio negócio Esta também pode ser uma via de escape para quem fica desempregado. Isso sem falar na força que as plataformas sociais ganham com a internet para mobilizar pessoas e exercer pressão sobre os legisladores e juristas para resolver as mazelas da corrupção no país.
Sei que o momento é difícil e imagino a dificuldade que pessoas que perdem seus empregos enfrentam. Quero acreditar, contudo, que a era da inovação digital que vivemos e que fica tão evidenciada no SXSW, possa ser uma importante aliada destas pessoas na busca por caminhos alternativos de trabalho, não necessariamente de emprego.
André Zimmermann, sócio da NetCos, Smartclip, ADTZ e Blasting News
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