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Neurotecnologia, a evolução tecnológica em healthcare


15 de março de 2017 - 9h15

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Pouco sabia sobre neurotecnologia, confesso. Trabalho com healthcare, com inovação, mas não sabia que o futuro já é presente.

Depois de ver alguns painéis sobre o assunto, minha primeira reação foi apelar para o meu santo protetor, São Google: “Neurotecnologia é qualquer tecnologia que exerce influência na compreensão que as pessoas têm do cérebro e dos vários aspectos da consciência, do pensamento e demais atividades cerebrais de alto nível. Também inclui tecnologias desenvolvidas no intuito de melhorar e reparar funções cerebrais e permitir a pesquisadores e clínicos visualizar o cérebro”. So what?

Entendeu? Tentarei simplificar essa definição. Neurotecnologia é o que vai permitir paraplégicos voltarem a caminhar em um futuro muito próximo. Sério. Falam em cinco anos para que isso se torne realidade. Foram várias as palestras sobre o tema e, não raramente, finalizadas com aplausos esfuziantes.

Quando entrei na sala do primeiro painel sobre o assunto, a sensação que senti foi a mesma que experimentei quando estive pela primeira vez no parque temático do Harry Potter da Disney. Sim, virei criança. Na minha frente estavam um senhor com um braço mecânico e uma mulher paraplégica. Uma plataforma de acessibilidade havia sido montada especialmente para a ocasião. Eu, sem juízo algum de valor, pensei: estamos nas paraolimpíadas, relembrando o evento que acabamos de vivenciar em nosso país.

Papo vai, papo vem, descubro que a senhora paraplégica era realmente atleta paraolímpica. Anos atrás, foi campeã de snowboarding, mas uma árvore mudou sua vida. O nome dela? Jennifer French. Dá um Google. Merece. Ela foi medalha de prata nos jogos paraolímpicos de 2012, Hoje, com 24 canais implantados nas pernas e dois receptores ligados por wireless, ela é capaz de levantar e dar pequenos passos sozinha. Os implantes emitem sinais elétricos que enrijecem os músculos das pernas permitindo que ela se sustente. Um avanço significativo. Ela mostrou o funcionamento do equipamento durante o painel e foi aplaudida durante alguns minutos. O semblante de realização na face do médico responsável, ali presente, era visível.

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Miles O’Brian, em seguida, contou sua experiência. Perdeu seu braço em um acidente e hoje, dois anos depois, leva uma vida praticamente normal. Um braço mecânico obedece comandos do seu cérebro via wi-fi. Funções básicas da rotina diária são realizadas com facilidade. O cara praticamente tem uma Alexa dentro dele. “Braço, pegue um copo d’água”. “Braço, coçe minha perna”. Incrível.
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Quem está liderando essa linha de pesquisa é o doutor Ali R. Rezai. Vale outro Google. zerobertopereira_4

O cara é demais, um dos neurocirurgiões mais reconhecidos no meio, diretor do Instituto Neurológico da Universidade de Ohio, com um curriculum que, se tentasse descrever aqui, tornaria meu texto longo demais. Só pra resumir o poder do cara, ele tem um estudo muito relevante com o paciente Ian Burkhart. Ian perdeu os movimentos do seu braço, mas, com a ajuda do doutor Ali, hoje consegue fazer tarefas do dia a dia como beber água e pagar contas no cartão de crédito. Tudo programado antecipadamente. Anexei aqui um vídeo para que vocês possam entender melhor a reação de espanto da plateia.

Em outro painel, ainda sobre o mesmo tema, “Elastic Interfaces for Your Body”, o doutor Grégoire Courtine apresentou os resultados de sua pesquisa sobre biointerfaces, neuroimplantes que já fizeram ratos e macacos paraplégicos voltarem a andar. Tem um TED dele que vale a pena ver (http://www.ted.com/talks/gregoire_courtine_the_paralyzed_rat_that_walked).
O estágio atual da pesquisa indica que, em um futuro próximo, cerca de cinco anos, humanos poderão ser beneficiados pelo mesmo tratamento. O vídeo abaixo explica o raciocínio.

Saí encantado. “Fascinating” era a palavra que mais se ouvia no final desse dia. Mas para mim, o que ficou gravado foram as palavras finais da atleta paraolímpica Jennifer French: “Não quero ser apenas uma pesquisa. Hoje, como eu, só existem 30 pessoas no mundo. Precisamos levar essa tecnologia para todos.”

Me identifiquei com essas palavras. Nós, da Havas Life, trabalhamos muito para isso, para melhorar a vida das pessoas. Precisamos unir forças com a indústria, com o governo, startups, com todos, para fazer com que o Brasil também siga esse caminho. Precisamos fazer esse futuro virar realidade, agora.

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