O que o guru não previu
Mesmo sendo capaz de fazer premonições sobre web 3.0, Scott Galloway não previu que comportamentos preconceituosos são cada vez menos tolerados pelas pessoas, inclusive por seus admiradores
12 de março de 2022 - 16h59
O Scott Galloway é famoso por suas premonições. Dentre as várias que apresentou no seu painel “Featured Speaker: Provocative Predictions with Scott Galloway”, aqui estão algumas que me chamaram a atenção: o [Mark] Zuckerberg vai fracassar; a Era dos super apps; web 3.0 e o mito da descentralização; e o boom das criptomoedas.
Ao citar por exemplo que o Zuckenverse tem grandes chances de falhar, Galloway aborda principalmente algo que também me intriga: quantos de nós usamos os óculos do Facebook? Quantos de nós estamos prontos para estes hardwares traquitanas que nos levam a experiência imersiva? Ao abordar isso, ele traz uma previsão de que, talvez, a Apple seja a empresa mais bem preparada para a experiência imersiva, uma vez que detém devices presentes na vida das pessoas de uma forma fluída e definitiva: do iPhone ao Apple Watch passando pelos Airpods.
Após tantas previsões racionais e relacionadas à negócios, Galloway surpreende, trazendo uma abordagem mais humana para suas previsões, dizendo que a grande oportunidade na era pós-Covid é investir em nossos relacionamentos: “As pessoas se lembram como nos comportamos em momentos de crise”. Me lembrou a palestra que eu vi há alguns anos da Esther Perel, aqui no SXSW.
Em 2018, Esther – que é uma psicanalista especialista em comportamento e relações humanas – apresentou um tema fora do circuito tecnológico geralmente abordado, trazendo pra mesa o futuro das relações humanas como base para todo e qualquer processo de evolução
Mas a cereja do bolo foi quando Galloway quis responder às perguntas ao vivo da plateia ao invés das enviadas online. Eis que um rapaz levanta e fala: “Te admiro demais, mas como pai de três filhxs, gostaria que você, no auge do seu privilégio, parasse de postar vídeos se vestindo como mulher e ofendendo a comunidade trans”. Galloway ficou completamente desconcertado e, sem brincadeira, deixou o palco chorando.
Ainda vou pesquisar mais sobre essa atitude dele, mas definitivamente, não há espaço para a transfobia.
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