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Após dois anos sem o evento presencial, organização acerta e começa com pé direito!

Para esse primeiro artigo da minha passagem no evento, separei três dos que mais me renderam insights


14 de março de 2022 - 14h05

Crédito: Divulgação

Em março de 2020, já com as passagens compradas rumo a Austin, no Texas, fui pego de surpresa, como todos que acompanham e participam do tradicional festival de inovação South by Southwest (SXSW), com a informação de que o evento que gera mais de US$ 400 milhões em receitas para a cidade havia sido cancelado. Minha quarta participação como executivo e apaixonado pelo que pode ser considerada a Disney das tendências e da tecnologia estava suspensa.

Mal sabia eu que, em alguns meses, teria que tomar a mesma decisão, cancelando o maior evento presencial da HSM, a HSM Expo. Mas realmente não havia qualquer chance de hesitação, àquela altura, o mundo enfrentava um grave cenário pandêmico ainda sem vacina. De qualquer maneira, como prometido pela ciência e apostado por cada um de nós, a vida retomou o senso de normalidade – na medida do possível. E, com isso, estou escrevendo diretamente da primeira edição presencial do SXSW desde a COVID-19.

Posso não ter colaborado com o posto de maior comitiva estrangeira no festival norte-americano, já que os brasileiros perderam o título para os britânicos nesta edição. Mas encontrei um expressivo número de conterrâneos por aqui e todos adoramos o que vimos. Para esse primeiro artigo da minha passagem no evento, separei três palestras das que mais me renderam insights.

As lições de Reggie Fils-Aimé

Reggie Fils-Aimé é um prestigiado inovador e disruptor mais reconhecido como ex-CEO e diretor de operações da Nintendo of America (NOA), a maior divisão da empresa japonesa de entretenimento Nintendo Co., Ltd. (NCL) – da qual ele também se tornou diretor executivo. Seu legado envolve alguns dos maiores sucessos da Nintendo para o mercado global.

Desde que se aposentou, em abril 2019, o executivo concentrou sua energia em cultivar a próxima geração de líderes empresariais. Em agosto de 2019, ele foi nomeado líder inaugural da Dyson Undergraduate Business School, da Cornell University, onde instruiu os alunos sobre liderança e inovação. Reggie também fundou a Brentwood Growth Partners para ajudar as empresas emergentes a escalar e permitir que os líderes criem culturas de classe mundial.

Sua apresentação foi uma importante aula para as novas lideranças globais. Segundo ele, a soft skill mais importante atualmente é a comunicação, seja ela escrita, verbal ou não-verbal (body language). Por ter trabalhado em uma empresa japonesa, ele aprendeu que o que não é dito com as palavras também é muito importante, e faz falta. A dependência de intérpretes fez com que Reggie notasse que muito do sentido das suas falas se perdiam na tradução, devido ao significativo déficit de expressão facial e física.

No que se refere ao fator de sobrevivência de uma organização, ele considera a cultura como algo crucial. E a prática de cultura organizacional em que ele mais acredita é a do exemplo, aquela em que a empresa segue a cultura do líder.

Um ponto mais polêmico da fala de Fils-Aimé foi a declaração de que, para ele, o Facebook não é uma empresa inovadora. “De início, a plataforma era sim algo diferenciado, mas, desde então, nada de inovador foi feito ali. Isso vem bastante do fato da cultura da empresa não incluir o lançamento de produtos inovadores, somente o anúncio da compra de empresas inovadoras menores. A meu ver, a pior coisa sobre o Facebook é que o cliente nunca foi o foco. Ali, o centro de tudo é a mídia, o advertisement. E pensar em uma empresa que não é focada no cliente, hoje em dia, beira o absurdo”, disse o executivo para uma plateia – que verbalmente e fisicamente demonstrou concordar com seu comentário.

Tristan Harris e por que o dilema social não é o caminho

O que é tecnologia humana? Que papel pode desempenhar no combate à disseminação de desinformação e falta de informação? Como ela pode ser mais bem aproveitada para catalisar um futuro mais humano? Esses questionamentos foram o ponto de partida de Tristan Harris, cofundador e presidente do Center for Humane Technology, para uma exploração de soluções sobre as questões urgentes descritas no premiado documentário, The Social Dilemma.

Antes de mais nada, vale pontuar que Harris passou toda sua carreira estudando como as principais plataformas de tecnologia de hoje se tornaram cada vez mais o tecido social pelo qual vivemos e pensamos, exercendo um poder perigoso sobre nossa capacidade de entender o mundo (você pode encontrá-lo na lista da TIME 100 em “Next Leaders Shaping the Future” e na seleção da Rolling Stone “25 People Shaping the World”).

Uma das ideias que mais reverberou na audiência foi a de que as pessoas com opiniões extremas publicam muito mais nas redes sociais do que aquelas que são moderadas. Isso acaba nos passando uma impressão equivocada de que os extremistas e seus estereótipos são maioria quando, na verdade, os polarizados só gritam mais que os demais. Harris nos convidou a pensar que volume de postagens e tom elevado não são equivalentes a representação de mundo.

De acordo com ele, não precisamos pensar em erradicar as redes sociais, mas criar um entendimento, um senso sobre o que é realidade e o que é pura e simplesmente comportamento algorítmico criando bolhas e tirando nossas perspectivas panorâmicas.

O aguardado “Tech Trends Report” de Amy Webb

Amy Webb pisou com firmeza no palco com seu relatório anual de mais de 600 páginas garantindo a todos um profundo mergulho nas tendências que vieram com 2022.

Futurista, professora da NYU Stern School of Business e CEO do Future Today Institute, Webb trouxe uma análise baseada em dados para as tendências tecnológicas emergentes que precisam estar nos nossos radares e ainda surpreendeu os presentes com uma edição especial do Tech Trend Report, que é baixado nada menos que um milhão de vezes por ano.

Para 2022, ela destacou três pontos: inteligência artificial, metaverso, web 3.0 e biologia sintética. E foi bastante clara ao dizer que o Metaverso não se resume ao que o Facebook (melhor dizendo, Meta) está vendendo, cravando: trata-se de um ambiente digital complexo que precisa ser entendido na sua complexidade.

Ela também foi brilhante na didática com que nos mostrou que já não conseguimos notar o que foi produzido por uma inteligência artificial ou por um profissional, provando o tremendo avanço na tecnologia desde que a comunidade científica comemorou a habilidade do Google Brain distinguir humanos de gatos, no início da década passada.

Mas o tom mudou bastante quando Webb pontuou as chances de termos cenários catastróficos com a evolução exponencial dessas tecnologias se não nos atentarmos às regulamentações e real entendimento desse universo.

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