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Reputação e os bastidores da vacina no SXSW

Imagine você ter a responsabilidade de desenvolver a solução para um problema que aflige, em elevado grau e de forma quase equânime, 7 bilhões de pessoas


15 de março de 2022 - 11h59

Crédito: Reprodução

Se a gente se sente hoje mais seguro por estarmos vacinados podemos agradecer ao Albert e seu time. Albert Bourla liderou a Pfizer na jornada de desenvolvimento da vacina contra o Covid-9. Ele passou pelo palco do SXSW 2022 contando um pouco dos bastidores desse momento único na história da humanidade.

Confesso que eu fiquei imaginando o tamanho dessa responsabilidade. Existem, logicamente, marcas e negócios que exercem uma influência e um impacto muito grande na vida das pessoas. Mas imagine você ter a responsabilidade de desenvolver a solução para um problema que aflige, em elevado grau e de forma quase equânime, 7 bilhões de pessoas.

Albert é greco-americano, Doutor em Medicina Veterinária e Ph.D. em Biotecnologia da Reprodução. Iniciou sua carreira na Pfizer em 1993 na Divisão de Saúde Animal. Hoje é CEO da Pfizer.

Julie Hyman começou a conversa muito emocionada afirmando que, depois de tanto tempo de isolamento social, era incrível poder estar em um palco com pessoas na plateia. E disse que muito disso se devia ao trabalho do Albert.

Segundo Albert, mais de 2 bilhões de dólares foram investidos no projeto “no risco”. Além de lidar com a gangorra emocional que todo processo criativo e científico proporciona, de altos e baixos diários, tendo que conviver em constante síndrome do impostor, havia uma pressão extra enorme sobre ele e o time por estarem atuando em algo que iria impactar o mundo em larga escala. Era normal pensarem nas bilhões de pessoas e famílias que dependiam que aquele projeto desse certo. Uma quantidade enorme de negócios, empresários, governos e países dependiam daquilo que estavam desenvolvendo naqueles laboratórios. Tiveram momentos em que pensavam “se não acharmos uma solução para este empecilho específico, o projeto estará morto”. Resolveram em alguns meses o que demandaria anos em situações mais normalizadas.

Tratava-se de um projeto que poderia impactar imensamente, de forma positiva ou negativa, a reputação da marca. Albert lembrou que reputação é conquistada em gotas — e perdida em baldes. E que a Pfizer pode hoje usar esse projeto como ponto-de-prova da sua cultura calcada em quatro valores inegociáveis, que Albert chamou de fatores motivacionais: coragem, excelência, equidade e alegria. Mas que se um mínimo detalhe tivesse dado errado no processo, eles teriam falhado e tudo que a marca conquistou de positivo — reconhecimentos globais, prêmios, empresa mais admirada etc… — teria sido profundamente negativo.

Outra reflexão que essa conversa com Albert me trouxe foi se gestores de outras marcas poderiam aprender algo ou gerar insights sobre ter pacientes em vez de consumidores. Albert falou muito sobre como o paciente deve estar no centro de todo processo decisório, ainda que seja algo voltado para outro stakeholder. Eles usam a prática do “purpose circle” em que nas reuniões de liderança eles sentam em círculo e se cercam de fotos de pacientes que serão impactados pelas decisões daquele encontro. Para trazer um senso de humanidade e empatia.

Além da reputação da empresa, o projeto mexeu com outro indicador, mas neste caso negativamente: as notas do próprio Albert no sistema de avaliação interno. Ele comenta que historicamente sempre foi muito bem avaliado pelos pares e lideranças ao longo desses 25 anos de empresa. Inclusive, era líder de avaliações positivas. Mas que nesse período conturbado do projeto, seus indicadores de avaliação caíram como nunca e que ele teve que compreender e aprender com tudo isso.

Sobre a revolução do Biotech, a confluência entre biologia e tecnologia, Albert se mostrou bastante entusiasmado com os efeitos em grande escala. E disse que as empresas precisam se abrir, não podendo depender demais apenas das soluções de dentro. Devem-se se abrir para uma série de parcerias com o ecossistema biotech formado pelo meio acadêmico e pelas startups. Isso para criar produtos e soluções melhores, mais rapidamente, em grande escala e com retorno compartilhado.

Ao final, quando perguntado sobre qual foi o momento mais emocionante de toda essa jornada, Albert surpreendeu. Disse que foi quanto esteve no Vaticano para encontrar com o Papa Francisco. Contou em detalhes como foi se sentir naquele local tão emblemático, escutando do próprio papo um agradecimento pelo que eles haviam feito pela humanidade.

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