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Você viu o elefante nas salas do SXSW 2022? 

O elefante também estava no palco dos speakers brasileiros, mas bem visível


23 de março de 2022 - 9h37

Crédito: Divulgação

“Elefante na sala” é uma expressão metafórica, usada para nomear realidades ou problemas que, de tão evidentes, não podem ser ignorados. A expressão teve origem na fábula “O Homem Curioso” (1814) do russo Ivan Krylov, a qual conta a história de um homem que vai a um museu e nota todo o tipo de coisas, exceto um enorme elefante numa sala.

Para Boaz Paldi, Chief Creative Officer da ONU, um dos criadores da campanha #DontChooseExtinction, aquela do dinossauro na sala da ONU (e não o elefante), Climate Change é o um elefante que está na sala.  E durante o SXSW 2022 ele apareceu em várias salas. E não apenas nas salas menores ou na track específica com o mesmo nome. 

Numa das palestras mais esperadas do ano, da futurista Amy Webb, ele estava lá, como destaque de abertura de sua sessão, onde a palavra chave foi REPERCEPTION. Numa tradução livre, precisamos repensar, rever, olhar diferente o mundo ao nosso redor. E além de todas as previsões futurísticas, otimistas e pessimistas, que vão impactar a vida da pessoas por meio da inteligência artificial, do metaverso e da biologia sintética, que representam apenas 3 das 14 tendências de seu report 2022, ela fez coro com outras grandes keynote speakers: Não podemos chamar de mudança climática e sim de mudanças urgentes.

Na sessão com Neal Stephenson, autor de Snow Crash, aquele que é considerado o pai do metaverso, a sala do Ballroom D do Convention Center lotou para ouvir mais sobre o hot topic do momento. Mas adivinha sobre o que ele falou? Sobre seu novo livro Termination Shock e a palestra foi toda sobre as mudanças climáticas. Confesso que mesmo para mim que trabalho com sustentabilidade há mais de 20 anos fiquei frustrada com a conversa. Esperava de um grande storyteller como ele, uma conversa mais fluida, de realidade, mas também de esperança sobre assunto (espero que o livro seja diferente). Ao invés disso, foi uma palestra mais técnica, como por exemplo, sobre os desafios da retirada de carbono da terra. Nos minutos finais ao abrirem para perguntas, alguém da plateia escreveu algo como “você não vai falar nada sobre metaverso?” ele desconversou e emendou: “…Let ‘s move on to another cause”.

O elefante também estava no palco dos speakers brasileiros, mas bem visível. Tive a honra de dividir o palco com Patricia Ellen, secretária do governo do estado de São Paulo, para falarmos sobre “ESG. Ready to pay the bill?”, sobre a relevância papel do governo para estabelecer novas regras e incentivos para acelerar a agenda, além da participação de Adam Gromis, líder Global de sustentabilidade na Uber e os planos da empresa para a transição para os carros elétricos.  A sessão Rivers Move Cities falou da necessidade de conexão dos seres humanos com a natureza, com a água e a restauração de rios urbanos, com soluções apresentadas por Jenny Hofmam, VP da ONG American Rivers e Adriano Stringhini, CMO da Sabesp.  

Ainda sobre o elefante também teve o workshop Radar anti-fragilidade, capitaneado por Tipiti Barros,  um verdadeiro screening do comportamento dos participantes sobre ESG.  A comitiva da SPInvest também falou sobre a importância da inclusão da sustentabilidade na economia criativa. O governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, também veio para falar sobre desenvolvimento sustentável. Isso sem falar no SXSW EDU, onde a questão da “climate change literacy” já está seriamente sendo debatida nas salas de aula de vários estados, especialmente na Califórnia. 

Quando discuto sobre o tema e da urgência que temos, há consenso que parte da população não quer ver o elefante na sala porque ele é assustador e muitos não sabem muito bem o que fazer com ele. Para Nikolaj Coster Waldau, o ator dinamarques famoso por Game of Thrones, precisamos  usar o humor como forma de atrair mais atenção e ação para a causa. “Eu não imagino o mundo sem humor… O humor é baseado em tragédia”

Não importa onde você mora, onde você vive. Climate Change não tem fronteiras. Diferente de Covid, que foi um grande ensaio, um vírus  mais pontual, durando cerca de 2 anos, as mudanças climáticas são crônicas, vão durar décadas e isso talvez também não ajude as pessoas a agirem agora, vão sempre deixando para depois.  

O desafio está em engajar a todos.  Fazer parte do movimento reduz o medo. É uma agenda que compartilha valores comuns e precisamos de toda a nossa criatividade, de toda a tecnologia atual, e a que está por vir, para superarmos o maior desafio da humanidade neste século.  Precisamos colocar foco no elefante que está na sala.

 Como disse no final da minha sessão:  Be bold, Act More, Speak up!

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