No SXSW, o serendipity acontece
No painel de boas vindas, Hugh Forrest, chief programming officer do festival, espera que o público atinja um estado zen em meio às 2 mil sessões espalhadas por Austin
No painel de boas vindas, Hugh Forrest, chief programming officer do festival, espera que o público atinja um estado zen em meio às 2 mil sessões espalhadas por Austin
Isabella Lessa
9 de março de 2018 - 15h35
Serendipity, ou serendipidade, em português, é a aptidão de fazer descobertas desejadas ou atraí-las por acidente, define o Houaiss. De acordo com Hugh Forrest, chief programming officer do SXSW, o serendipity é algo que certamente acontece em Austin ao longo do festival. Mas, para que a mágica aconteça, é importante estar zen, estado de espírito que vai contra o FOMO, já comumente associado ao evento, que neste ano hospeda 2 mil sessões, entre paineis, palestras e workshops.
A ideia de dar a chance ao acaso em vez de entregar-se ao frenesi de tentar acompanhar tudo ao mesmo tempo foi a escolha de Luiz Telles, diretor nacional de conteúdo e engajamento da Artplan, quando esteve na edição passada do SXSW. Como explicou em seus textos como colaborador de Meio & Mensagem, ele resolveu flanar pelas ruas de Austin como se a cidade texana fosse Paris – uma inspiração da ideia do ‘flâneur’ descrita por Charles Baudelaire no final do século XIX: “para o perfeito flâneur, para o observador apaixonado, é um imenso júbilo fixar residência no numeroso, no ondulante, no movimento, no fugidio e no infinito. Estar fora de casa, e contudo sentir-se em casa onde quer que se encontre; ver o mundo, estar no centro do mundo e permanecer oculto ao mundo, eis alguns dos pequenos prazeres desses espíritos independentes, apaixonados, imparciais”.
De fato, Forrest e a organização do SXSW também perceberam que o medo de ficar por fora pode não ser a melhor atitude para aproveitar o conteúdo que o festival tem a oferecer. Portanto, neste ano o evento conta com algumas ferramentas para aplacar a angústia dos mais ansiosos, como a informação em tempo real sobre a lotação das salas e a ampliação das transmissões em streaming (saiba mais em https://www.sxsw.com/attendee-services/#event-tools). “Conseguir fazer com que mais conteúdo chegue às pessoas é algo muito importante”, disse.
Foco na criatividade
Outro elemento que o SXSW deseja resgatar em 2018 é a criatividade, uma das principais características da primeira edição do festival, em 1987. “Depois de tantas transformações nos últimos 30 anos, queremos retomar o foco na criatividade, esse é o principal tema do SXSW. É importante pensarmos nisso nos próximos dias”, afirmou Forrest. Segundo ele, a criatividade amarra e converge os três grandes temas do festival: música, cinema e interatividade.
Comunidade forte
Se o SXSW é um evento colaborativo, que estimula a criação de redes de contato, o mesmo vale para garantir que ninguém passe por experiências negativas nos próximos dias. Forrest ressaltou a importância do código de conduta do evento, que não tolera abusos verbais, físicos, tampouco racismo, xenofobia e discriminações dos mais variados tipos. Em caso de assédio sexual, as vítimas podem entrar em contato confidencial com a Safe Alliance por telefone, SMS ou chat, e ainda podem recorrer a assistência médica, que inclui exames, a qualquer horário. “Comunidades fortes são regidas por regras fortes. Se algum de vocês vivenciar ou presenciar algum comportamento que viole nosso código de conduta, por favor, entrem em contato”, pediu Forrest.
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