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“Eleições tem consequências reais”: o poder do voto

Política, políticos e o estado sempre foram assuntos importantes aqui no SXSW, mas esse ano ganharam um track exclusivo


11 de março de 2018 - 11h30

(Crédito: reprodução)

O impacto da era Trump aparece em diversas palestras, afinal estamos em um ambiente mais liberal (apesar de no Texas). Mas nesse sábado de manhã uma palestrante deu um aula de marketing político em um papo de 50 minutos.

Symone Sanders, comentarista política da CNN e ex secretária nacional de imprensa do Bernie Sanders, é uma mulher negra de 28 anos, com uma força e carreira extraordinárias. Com mais de 15 campanhas políticas no currículo, o que mais impressiona é a sua franqueza, inteligência e carisma. Nesse papo ela falou sobre a os bastidores de uma campanha (acordar as 5 da manhã e ir dormir a meia-noite), os bastidores da CNN (discordâncias ao vivo são saudáveis e parte da democracia), a era Trump (uma era onde proximidade se tornou o principal argumento de qualificação e mentira se tornou a norma), voto (“instituições nunca mudaram por si próprias, elas precisam ser pressionadas”) e sobre ser negra (“todo dia que saio de casa, meu dia é sobre raça mesmo antes de eu abrir a boca”).

Tentando resumir as diversas lições de Symone, deixo aqui 3 grandes assuntos que ela repetiu bastante ao longo da conversa sobre eleições e campanhas e que podem ajudar a refletir sobre esse nosso ano eleitoral no Brasil.

1) O MENSAGEIRO é CHAVE para uma campanha de sucesso: a mensagem é muito importante, obviamente, mas, muitas campanhas esquecem que numa eleição estamos “comprando” uma pessoa. Entender essa conexão entre quem entrega a mensagem (candidato) e as pessoas é fundamental para garantir o sucesso. As pessoas querem alguém que fale diretamente com elas, na qual elas possam confiar. Segundo Symone, essa foi a força de Trump. Ele foi um mensageiro que demonstrava autenticidade e segurança no seu jeito de falar, e muitas vezes isso foi muito maior que a própria mensagem. Como ela contou, seu pai votou em Trump “e ele não era um negro racista”.

2) Mídias Sociais e sua responsabilidade em engajar: a mídia sociais apenas reforçam o que a gente acha que sabe. Esse efeito da semelhança de interesses e assuntos acaba gerando um ambiente pouco propício ao debate político saudável. Na maior parte das vezes nem queremos ouvir uma opinião diferente da nossa (acho que conhecemos bem esse efeito no Brasil). Para Symone, só teremos uma evolução saudável e democrática na política se os jovens se engajarem de verdade e de mente aberta no debate político, e isso significa ouvir opiniões que não são iguais às suas.

3) Campanha políticas são “high scale marketing”: para Symone, temos que pensar em uma campanha e candidato, buscando uma promessa que unifique toda a sua plataforma e deixe clara a sua proposta. Assim como Volvo é sobre segurança, e Ferrari sobre sexyness, os candidatos devem ter uma promessa que seja facilmente identificada pelas pessoas. Exemplos? O próprio Trump com seu “Make America great again” e Obama com “Hope. Change”. Quase como se estivesse na embalagem o que você está comprando. Como ela mesma provocou, quem se lembra qual era a promessa/proposta de Hillary Clinton? A resposta foram somente 5 braços levantados na sala.

No fundo, tudo que ela falou poderia facilmente ser aplicado a comunicação de marcas e produtos. Mas em um ano tão importante na nossa história política, acho que vale olhar suas provocações sobre pluralidade de opiniões, engajamento jovem e principalmente o valor do mensageiro. Como ela fez questão de frisar sobre a era Trump, eleições têm consequências reais. Embora pareça que nós brasileiros vivamos nos esquecendo disso.

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