O código é criativo: trate seus desenvolvedores como artistas
Quanto mais experimentos, maior a chance da inovação surgir, e assim criar-se a “arte”
Quanto mais experimentos, maior a chance da inovação surgir, e assim criar-se a “arte”
11 de março de 2018 - 9h42
O título é uma tradução literal de uma seção que assisti na manhã deste sábado, 10, na track de Code & Programming do SXSW.
Fui nela por dois motivos. Primeiro porque esse tema é fruto de debate desde que eu era um universitário, e segundo porque o palestrante (Patrick Malatack) era o VP de produto da Twilio, uma plataforma de comunicação como o serviço que utilizamos em nossas plataformas no Reclame Aqui, que admiro enquanto produto.
A seção foi curta, cerca de 30 minutos, e o cerne do conteúdo foi diferente do que eu imaginei a princípio. Experimentação foi o tema base.
Sugestão de legenda: Painel de VP da Twilio lotou a track na manhã deste sábado
O termo artista no contexto do palestrante foi usado com corretude, na minha opinião, e vai muito mais no sentido de transformar o dev em um agente de inovação, através de um ambiente que o incentive a buscar, estudar e usar plataformas e tecnologias diferentes para gerar experimentos. Quanto mais experimentos, maior a chance da inovação surgir, e assim criar-se a “arte”.
Criar um ambiente que proporcione isso não é fácil, requer trabalho, tempo e dedicação dos envolvidos. Nesse mundo onde “TI/Produto” e “Negócio” ainda vivem na maior parte do tempo o pesadelo de que estão em lados opostos, certamente esse ambiente não vai existir, e digo o porque.
A maior parte desses experimentos, muitas vezes chamados de poc no meio, vai falhar ou não vai levar ao que se deseja. Isso por si só já é algo valioso. Não saber o que fazer é tão importante quanto saber o que fazer.
Quando o experimento trás algo novo, seja uma funcionalidade para um usuário final, seja uma nova forma de entregar a infraestrutura, alguns erros ou problemas não previstos podem impactar ambientes produtivos. Erros em ambientes produtivos geram impacto financeiro e de credibilidade.
Se o resultado desse impacto for a costumeira busca pelo responsável, e sua simples penalização, nenhum modelo baseado em experimentação vai funcionar. A cultura da “busca pelo culpado” é a maior vilã de empresas que querem de alguma forma inovar.
Por outro lado, os empoderados devem sempre ter uma postura de responsabilidade pelo que sugerem e desenvolvem, e que antes de ter o seu compromisso de colaborador com a empresa, ele tenha o compromisso consigo mesmo, e querer que aquilo que é fruto do seu esforço intelectual lhe dê o orgulho pessoal. Embora seja tolerado, ninguém pode ter compromisso com o erro, e sua sistemização.
A falha é precedente da inovação, e a ferramenta mais importante para permear esse processo, é a confiança entre as partes.
Vejo esse tipo debate e fico feliz, porque ele é aderente com o que penso, e com a forma que atualmente tentamos motivar as equipes que trabalham em nossos produtos. Tem muito a ser feito, mas a gente chega lá.
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