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Amor em tempos de learning machine

A palestra que encerrou o meu domingo no SXSW falava todas as mudanças que a tecnologia fará em nossas vidas e como ter uma abordagem positiva e sobreviver a algumas delas


13 de março de 2018 - 14h17

Não, esse texto não é sobre a evolução dos aplicativos de paquera, muito menos sobre um romance cibernético. A palestra que encerrou o meu domingo no SXSW falava todas as mudanças que a tecnologia fará em nossas vidas e como ter uma abordagem positiva e sobreviver a algumas delas.

Para apresentar suas previsões para um futuro recente, John Kim, presidente do HomeAway.com, cria um storytelling simpático e envolvente, fazendo um paralelo com o aniversário de sua sobrinha.

Ele volta no tempo, na comemoração do Doljanchi – tradição coreana que celebra o primeiro ano de vida de um bebê – para abordar fatos da época. Em 2006, também completavam 1 ano de vida o Youtube, o Google Maps, o iPod Nano e nasciam Wii, PS3 e Twitter. O aparelho celular mais vendido na época era o Nokia 1600 com 130 milhões de unidades. Quem poderia imaginar que apenas 12 anos depois teríamos FaceTime, delivery através de drones, tecnologia VR, robótica avançada e o poder de foguetes como Falcon Heavy? Hoje, encaramos essas inovações como um simples processo de evolução, e não nos damos conta da revolução que elas representam.

Voltando para a família do Sr. Kim, ele tenta olhar para os próximos 12 anos e traçar uma previsão sobre o mundo onde a sua sobrinha irá viver.

Em termos de ferramentas, todos os caminhos apontam para a automação, machine learning e a inteligência artificial. Em 2030, 10 milhões de veículos autônomos estarão circulando pelas ruas, 99% das posições de telemarketing serão dispensadas e 94% dos serviços de contabilidade também não serão mais necessários. Nos Estados Unidos, onde o varejo é um dos setores que mais emprega, 80% das vagas tendem a desaparecer. Ou seja, 1 a cada 3 americanos terá de rever suas funções pois cerca de 800 milhões de pessoas serão substituídas por automação.

Para ilustrar essa previsão, ele cita o case da Amazon Go, uma loja onde você se loga ao entrar através de um QR Code, o sistema detecta quais produtos selecionados e quando você sai – sem caixas, sem fila – a cobrança é feita automaticamente no seu celular. Um estabelecimento como esse pode ser inteiramente operada por 3 a 6 funcionários.

Calma! Não corram para as montanhas. O Sr. Kim mostra todo esse cenário justamente para tentar apontar respostas de como sobreviver a todas essas mudanças. Ele é enfático ao afirmar que não devemos competir com as máquinas pois elas sempre serão superiores em agilidade ou inteligência. Use o que você tem de único para isso, use o lado humano, uma vez que dentro das próximas décadas, a tecnologia não terá avançado o suficiente para entregar gentileza, empatia, envolvimento para as máquinas.

Por isso, ele acredita que temos 10 anos para repensar a força de trabalho e o foco da educação dos futuros profissionais. Deve-se apostar em carreiras e funções que explorem as fortalezas humanas como valores, criatividade e alma. Ele reforça essa teoria citando Jack Ma, fundador do Alibaba, que prega que o sucesso depende não só das inteligências racional e emocional, mas também do que ele chama de LQ (quotient of love), coeficiente de amor. Por ironia, finaliza: os humanos inventaram as máquinas para serem mais tecnológicos, e hoje, elas os substituem em suas funções, obrigando-os a voltarem a ser ainda mais humanos.

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