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Educação: ciência e arte de mãos dadas

Novidades tecnológicas se entrelaçaram durante toda a edição com a arte de cuidar do desenvolvimento humano


13 de março de 2018 - 12h05

A edição de 2018 do SXSW Edu foi aberta com a narrativa de histórias reais e inspiradoras de quatro professores que tiveram desafios para superar seus medos diante de uma sala repleta de jovens cheios de energia e questionamentos, e como essas experiências mudaram suas vidas.

“As histórias sobre nossas experiências nos conectam uns com os outros, nos conecta com nossos alunos e com nossas próprias identidades”, relatou Micaela Blei.

Em um dos relatos marcantes, a professora Crystal Duckert, escola Green Hill em Dallas contou que foi criada para ser uma pessoa forte e não se intimidar diante de qualquer expressão de racismo. E foi assim que cresceu e que aos 21 anos entrou na sua primeira sala de aula: forte, determinada e segura de si. Após alguns anos, sempre desafiando positivamente os limites de seus alunos, participava ativamente das atividades servindo de inspiração sobre como eles poderiam cumprir cada novo desafio.

Em um momento sensível de sua vida, com o marido enfrentando o câncer, se viu em lágrimas durante uma apresentação. Ela compartilhou que desejava estar forte, que não queria estar chorando diante de sua classe, mas não conseguiu recompor-se. E para sua surpresa, ao invés de ser percebida como fraca por chorar em público, seus alunos responderam aquela demonstração de vulnerabilidade e humanidade com afeto e compaixão. E nesse momento compreendeu que ao se colocar por inteiro diante de sua classe, ela conseguiu elevar o nível de conexão e entrega dos seus alunos.

Seguimos inspirados por Michael Sorell, presidente da Paul Quinn College – Texas, que transformou sua faculdade em um movimento em prol da redução da pobreza e da exclusão social nos Estados Unidos. Além de acolher a diversidade e encarar de frente os desafios de promover oportunidades iguais para todos, estruturou um modelo de negócio enxuto e ousado e assumiu o lema “liderar com amor”.

Michael acredita no poder e responsabilidade de cada educador de enxergar o potencial de cada aluno e não em suas limitações e assim, alimentar os sonhos mais ambiciosos desses jovens. Como seus alunos, a Paul Quinn sonha grande e está criando uma rede de universidades pelos Estados Unidos, com intuito de permitir que todos os americanos acessem uma vida mais justa e digna.

Muito se falou sobre a importância dos bons exemplos e modelos de inspiração para as crianças e o estimulo positivo da autoconfiança. Muitas vezes as crianças e jovens em situação de vulnerabilidade são ensinadas que elas não têm voz, e é papel do educador resgatar a voz interior de cada criança para que possam lutar por seus sonhos.

Os dias se desenrolaram recheados de palestras sobre novas tecnologias, explorando o potencial sinérgico dos indivíduos e destas novas ferramentas.

A tecnologia está se desenvolvendo rapidamente e acelerando o impacto em diversas dimensões da educação. Através da tecnologia professores e alunos podem tirar o melhor da variedade de conteúdo, da disponibilidade da informação, das possibilidades de adaptar as trilhas de aprendizagem. A tecnologia está criando novas formas de impacto sobre a arte de ensinar.

Essas ferramentas trouxeram também a acesso irrestrito aos dados, que apesar dos vários cuidados éticos necessários, trazem o benefício claro de ajudar alunos e professores a customizar e maximizar a experiência de cada indivíduo antecipando o problema ou acentuando suas fortalezas. A gestão baseada em dados possibilita, por exemplo, apoiar alunos com propensão ao abandono do ensino ou mesmo customizar a estudo de conteúdos mais desafiadores a partir do assunto que o aluno tem maior conexão ou facilidade.

Em se tratando de tecnologia, o desafio do momento está em conseguir olhar cada uma dessas ferramentas não apenas para digitalizar a experiência atual da escola e sim, uma oportunidade de repensar a experiência de ensino-aprendizado a partir do potencial que cada uma delas oferece.

Mas como sabemos, a educação não é um processo de entrega e customização de conteúdo para aprendizagem. A educação se dá na troca entre as pessoas, nas relações. A mágica da educação acontece quando permitimos a conexão entre professores e alunos aconteça e nesse sentido, o professor continua sendo o protagonista da arte de educar.

O bom professor domina o que ensinar aos seus alunos e também como aplicar cada teoria. Ele tem a vivência que ajuda o aluno a desbravar os seus próprios caminhos de aprendizagem, tem o olhar individualizado que acolhe as dificuldades e singularidades de cada aluno. A ele é dada a missão de guiá-los em suas descobertas, na busca pelo saber e aprender, em como lidar com suas emoções e se colocar no mundo.

A parceria entre os alunos, os pais e os educadores é a peça chave da transformação da educação mundial e formação de cidadãos com pensamento crítico, criatividade, capacidade de resolver problemas, resiliência e liderança para construir o seu próprio futuro.

Está claro que a educação não é sobre preparar os jovens para arrumar o emprego que lhes trará segurança, mas é sobre a jornada que permitirá florescer o seu potencial e com isso em mãos, desenhar o futuro que sonharem.

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