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Quando VR é sinônimo de humano

VR, para Nonny de La Peña, é a grande oportunidade de unir criatividade humana e tecnologia para que, juntas, possam engajar, gerar empatia e, mais importante, criar experiências que transformem vidas


14 de março de 2018 - 11h39

(Crédito: reprodução/Pexels)

Numa sala lotada, Nonny de La Peña ajeitava os slides do seu keynote, no escuro, antes mesmo da apresentação começar. Estávamos ali na frente da “Godmother of VR”.

Também jornalista, documentarista, empreendedora, Nonny é uma aclamada estudiosa e, principalmente, “fazedora” do VR. Tomou a sua uma hora de apresentação para encantar a platéia, compartilhando com clareza o que acredita e porque acredita. VR, para ela, é a grande oportunidade de unir criatividade humana e tecnologia para que, juntas, possam engajar, gerar empatia e, mais importante, criar experiências que transformem vidas.

Fundadora do Emblematic Group (vale a pena conhecer – emblematicgroup.com), Nonny trouxe exemplos práticos desenvolvidos por ela e sua equipe de como a jornalista, a documentarista e a estudiosa/fazedora de VR trabalham juntas. Em exemplos como Project Syria (2012), Kiya (Sundance Festival), entre outros, Nonny trouxe para a experiência virtual casos reais de dor, guerra e feminicídio.

Nonny e sua equipe reconstróem, em ambiente digital e virtual, locais, personagens e fatos verídicos. Usam sempre o áudio original do ocorrido para dramatizar ainda mais as situações. No caso do Project Syria, Nonny recriou o momento em que uma bomba cai no meio de um bairro daquele país, atingindo a criança que estava cantando enquanto olhava para a câmera de uma TV internacional. Tudo é levado à extrema realidade e reconstruído à perfeição.

Em Kiya, a reconstrução é sobre um feminicídio real, no qual um homem invadiu uma casa e assassinou a ex-companheira na frente de sua família. O áudio é o que foi capturado pelo telefonema de uma das irmãs para o 911.

Num terceiro exemplo, Nonny trouxe a situação real de um rapaz gay que foi enxotado de casa por sua família, aos socos, pontapés e muita gritaria, em função da sua orientação sexual (áudio original gravado pelo próprio rapaz).

Impossível não se emocionar e não se revirar na cadeira vendo a verdade tão explícita ali, acontecendo na sua frente. Nesses casos, os óculos de VR te colocam no lugar de cada uma das vítimas. Trata-se justamente do “embobiment”, conceito que Nonny tanto defende como sendo a chave para um novo jornalismo e para uma narrativa que inclui o espectador de forma a não permitir sua indiferença.

“Godmother of VR”, Nonny chegou ao fim de sua palestra ainda falando de usos menos “cabeçudos” dessa tecnologia. Compartilhou trabalhos feitos para Cartier, o novo Game do Slash (isso! o guitarrista do Guns N’Roses!) e outras experiências desenvolvidas para a Renault. Mas ficou bastante explícita sua paixão por fazer do VR algo que seja extremamente humano e que nos faça nos colocar, obrigatoriamente, no lugar do outro.

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