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Os altos e baixos do SXSW 2018

Com delegação recorde de brasileiros e maior participação de agências, a edição deste ano corrigiu erros do passado, mas foi posta à prova em termos de conteúdo e organização

Luiz Gustavo Pacete
16 de março de 2018 - 20h00

Foram quase dez dias intensos com mais de 400 mil pessoas participando de algum tipo de atração do SXSW e circulando nas ruas de Austin. Antes mesmo de começar, o festival também foi colocado em xeque quanto a sua capacidade de entregar uma boa experiência este ano. O Brasil foi a quarta delegação com mais de 1300 inscritos atrás de Reino Unido, Alemanha e Japão, segundo apuração prévia.

Para a maior parte dos quase 90 colunistas que contribuíram para o Meio & Mensagem durante este período, o SXSW não só valeu a pena, como se superou. Entre comparações com Cannes, questionamento sobre sua profundidade e real importância para os publicitários, o SXSW também atraiu executivos de grandes agências, como por exemplo, Luiz Sanches, sócio e chief creative officer da AlmapBBDO, entre as mais premiadas do ranking recente de Meio & Mensagem.

Além disso também teve participação recorde de grandes empresas brasileiras como Avon, Natura, Embraer, Gerdau, Gol e Bradesco. Somente a Apex levou uma delegação de mais de 77 startups. O SXSW termina neste ano com uma série de ponderações sobre sua estrutura e futuro, além de seus desafios. Neste levantamento, Meio & Mensagem consultou a maior parte de seus colaboradores para entender quais foram os pontos altos e as decepções deste ano. Por se tratar de uma interpretação pessoal, muitos casos, como do Elon Musk, aparecem nas duas categorias.

Altos

Elon Musk

Elon Musk
O nome que causou maior mobilização na edição deste ano emocionou e chocou muitas pessoas com sua visão sobre o futuro da Terra. Para a locutora publicitária Simone Kliass, foi “emocionante dividir a sala com Musk e ouvir suas histórias. ”

Westworld
A maior ativação da história do evento foi para poucos, mas suficiente para gerar muito buzz. A HBO utilizou a experiência para se conectar com diversas outras palestras sobre Westworld que ocorreram neste ano.

Westworld

Amy Webb
A futuróloga do Futuro Today Institute trouxe um report das tendências e o desfecho de muitas tecnologias discutidas no SXSW. Seu Tech Report foi um dos conteúdos mais compartilhados e comentados positivamente, ressalta Márcio Bueno, diretor de tecnologia criativa e projetos da CP+B.

Experiências de imersão
Durante três dias um cinema de imersão foi montado em um dos hotéis de Austin. O Virtual Reality trouxe mais de 25 experiências. Além disso, várias casas de marcas como Sony e Accenture trouxeram experiências de AI e imersão. “Tudo isso complementando com várias palestras discutindo o tema”, diz Márcio Bueno.

Diversidade
Debora Nitta, vice-presidente de planejamento da WMcCann, afirma que o SXSW conseguiu entregar diversidade em vários aspectos. “Você fica imerso em um caldeirão de diferentes visões, trabalhos, conversas e pensamentos que te provocam, obrigando a abrir a mente e a fazer conexões não óbvias”, afirma. Gisele Hammerschmit, Digital IQ Consultant da Jüssi, diz ter ficado impressionada com a diversidade dos apresentadores e “o cuidado que a organização teve em ser o futuro que estava sendo apresentado. Eu fiquei surpresa, feliz e inspirada em ver tanta mulher em diferentes áreas. ”

Mulheres
Segundo Agatha Kim, diretora executiva de estratégia da BETC, o principal foco em relação a presença das mulheres foi o fato de elas falarem de temas que não eram relacionados a gênero ou diversidade. “Eram apenas profissionais excelentes naquilo que fazem, e que viraram referência por isso. Christiane Amanpour (CNN), Joanna coles (hearst magazine), Stacy brown-philpot (taskrabbit) e Bozoma Saint John (Uber) foram apenas algumas. ”

Austin
Ainda de acordo com Agatha Kim, a organização foi impecável dado o grande número de eventos simultâneos e pessoas em trânsito. “A cidade tem muitas atividades e locais para descobrir que realmente valeram à pena. A cena de eventos em torno do SXSW era diversa e com uma boa programação. A disponibilidade das pessoas para networking foi surpreendente, fossem brasileiros ou não”, afirma.

Feiras de negócios
Para Bruno Bernardo, da Peppery, as inovações da feira foram notáveis neste ano. Não só pela diversidade das delegações, mas também pela série de projetos e tecnologias apresentadas. O Brasil esteve presente com 15 startups expondo seus trabalhos.

Brasil
Neste ano, o Brasil teve participação recorde de grandes empresas brasileiras como Avon, Natura, Embraer, Gerdau, Gol, Bradesco e outras. Somente a Apex levou uma delegação de mais de 77 empresas.

Baixos

Elon Musk
Se para muitos ele causou emoção, para outros, não trouxe conteúdo relevante. Segundo Marcio Bueno, da CP+B, não há nada novo no que ele falou, “apenas promessas e uma repetição de todo seu discurso”.

Blockchain
Prometido como o tema do ano no SXSW, o Blockchain ainda deixou a desejar, talvez pela complexidade do tema ou pela expectativa que foi criada ao seu redor. Danielle Bibas, da Avon, afirma que os painéis sobre o tema chegaram a ser “chatos e ininteligíveis” para quem não era especializado no assunto. Guilherme Gomide, CEO da Mirum Brasil, concorda que o tema decepcionou.

Violência é aqui e lá!
No início da semana, a notícia da explosão de uma bomba a alguns quilômetros de Austin deixou em alerta muitos dos participantes do festival. No fim da semana, o assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio, repercutiu no SXSW com protestos e virando tema de um painel no Music.

Melinda Gates
Para Alexandre Grynberg, da AlmapBBDO, Melinda Gates, cofundadora da Fundação Bill e Melinda Gates, poderia ter contribuído mais em sua fala. “O assunto é importantíssimo, mas achei ela pouco à vontade, lendo um texto padrão e um debate pouco profundo”, afirma.

Melinda Gates, ex-funcionária da Microsoft e cofundadora da Fundação Bill e Melinda Gates.

Casa das Marcas
Apesar de diversa, as ativações das marcas, com alguma frequência, são criticadas por desaparecerem muito rápido. Segundo Herbert Gris, da Tastemakers, as filas eram grandes e as casas fechavam muito rápido.

Jabás
Uma crítica recorrente ao festival são os painéis que deixam de focar no conteúdo e acabam promovendo empresas. Para Débora Nitta, esse foi um desafio também neste ano. “Painéis, com diversos convidados, tendem a ser roubada. Vira uma conversa “entre amigos”, com pouco foco no assunto em si. “Jabas” de livros e filmes também tem aos montes – bom fugir deles, a não ser que você tenha algum interesse específico”, afirma. Para Bruno Bernardo, da Peppery, o título, neste caso, pode ser um perigo. “Não gostei muito quando era mesa redonda. Parecia mais 4 pessoas vendendo o peixe, sem discussões ou pontos diferentes. ”

Curadoria
Segundo Cassio Brandão, do Google, o principal ponto do festival talvez seja a profusão de conteúdo, temas e speakers. “Mas sinto falta ainda de uma curadoria mais profunda, de um trabalho de conteúdo que organize de maneira menos caótica tudo que o festival pode oferecer”, afirma Brandão.

Fila
Segundo Gisele Hammerschmit, filas continuam sendo um problema. “Acredito que essa resposta é bem clichê. Mas sim, teve um dia que foi praticamente perdido tentando entrar nos painéis que eu queria, depois disso passei a ir em painéis menores, mas também menos interessantes.”

Mentoria
Para Rafael Kiso, da mLabs, outra decepção foram as mentorias. “O evento não instrui direito como funciona e quando abre para RSVP. Quando fui ver já era tarde demais. Ou seja, uma das coisas que mais fariam valer o ingresso é praticamente impossível ter.”

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