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Inteligência Artificial para um Mundo Real

Cada vez há mais empresas e pessoas envolvidas nas pesquisas e, com o tempo, mais informação é acumulada e processada, assim que os debates tendem a tornar-se menos especulativos e mais próximos à nossa realidade


7 de março de 2019 - 13h13

Todo ano, ao me preparar para o SXSW, busco entender quais os assuntos que estão mais quentes para o festival. O pano de fundo tem sempre algo de tecnologia e inovação, mas também aspectos sociais importantes como a diversidade e a inclusão. Outro exercício legal de fazer é avaliar a evolução dos conceitos ao longo dos anos. Temas centrais, como realidade virtual, robótica, storytelling continuam aparecendo nas agendas durante anos seguidos, mas vão mudando a ótica e o enfoque.

Esse ano, revisando a agenda, me chamou a atenção em especial a explosão de sessões sobre Inteligência Artificial. Fazendo uma busca rápida no aplicativo do evento, contei um total de 30 palestras com a palavra chave AI (Artificial Intelligence). Também aqui a evolução e maturidade de discussão sobre o assunto ficam claros. Enquanto em anos anteriores as conversas centravam-se sobretudo no temor da perda de empregos hoje executados por humanos e, futuramente, previstos para serem feitos por máquinas ou na discussão ética sobre o que pode sair errado se a tecnologia cair em mãos de pessoas vis, parece ser que agora os debates giram mais em torno às aplicações práticas da inteligência artificial no dia a dia das pessoas e corporações. É absolutamente natural e inerente ao ser humano reagir de forma alarmante frente ao desconhecido e temer mais o mal possível, que o bem provável que uma inovação pode trazer às pessoas. Não foi diferente quando surgiram as linhas de montagem nas fábricas de Henry Ford no início do século 20 ou mesmo os computadores pessoais no início da década de 80. Com o tempo, os benefícios das inovações tendem a superar os efeitos negativos e a conversa se volta para como aproveitá-las para melhorar as qualidades de vida e de trabalho.

No caso da Inteligência Artificial, não há que se desprezar a revolução que a tecnologia deve causar no trabalho, é claro, mas mais do que uma perda, vejo umas transformação e, por que não, uma evolução do trabalho com a entrada da AI no dia a dia das empresas, criando novos perfis de trabalhadores que precisam programar e operar esses sistemas. Voltando às 30 palestras sobre inteligência artificial deste ano, apenas duas ainda falam sobre os riscos aos empregos. A grande maioria aborda aplicações práticas da tecnologia nos mais diversos campos, desde a produção de conteúdo (jornalístico e de entretenimento), passando por design, saúde, educação e chegando a cidades sem dinheiro e a neurociência. Cada vez há mais empresas e pessoas envolvidas nas pesquisas e, com o tempo, mais informação é acumulada e processada, assim que os debates tendem a tornar-se menos especulativos e mais próximos à nossa realidade.

Quando nos falam que, apesar da explosão em pesquisas científicas e do avanço exponencial em tecnologia, lançar um novo remédio no mercado leva 10 ou mais anos, custa até 2,5 bilhões de dólares e tem 90% de probabilidade de falhar e que a Inteligência Artificial pode ajudar a melhorar muito esse processo, sendo alimentada por décadas de pesquisas científicas que, processadas através de uma única plataforma global, conseguiria ajudar a explicar as origens de algumas doenças e encontrar curas mais efetivas, todos entendemos o real benefício de uma inovação como essa. É esta precisamente a descrição de uma das palestras deste ano: Behind The Scenes: Designing Better Medicines with BIg Data & AI. Há outras tantas que vão por caminhos similares, como AI and AutismData Science Unicorns and Silver-Bullet AI ou Perspectives from Neuroscience and AI.

Fui ousado (ou otimista) e, das 30 palestras sobre o assunto, marquei 20 como favoritas. Certamente não conseguirei assistir a todas, mas centrarei boa parte da minha busca por conteúdo este ano, neste assunto. Vamos ver se o discurso é na prática, tão prático como suas teorias.

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