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Uma verdade bem incoveniente

Austin é palco de discussões sobre o papel da mulher e sua capacidade de criar movimentos importantes na sociedade


9 de março de 2019 - 10h10

Primeiro dia do SxSW. Dia internacional das Mulheres. No País do #Me too.

Momento em que se discute empoderamento e mais liderança feminina nas corporações.

Imagina se o dia de hoje não foi, aqui em Austin, palco para se discutir o papel da mulher, o quanto nós somos capazes de empreender, de criar movimentos importantes na sociedade de hoje e o quanto o mundo corporativo precisa de características femininas. Yes, nós somos muito legais e podemos muito mais!

(Crédito: RawPixel/Pexels)

Porém, um painel me chamou a atenção, aparentemente, não teria muito a ver com um festival de interatividade e tecnologia pois o tema, era o Alzheimer.

As participantes foram Maria Shriver, jornalista e fundadora do “The Women’s Alzheimer Movement” – eu, só sabia que é mulher do Schwarznegger e membro da família Kennedy -, Dra Farida Sohrabji, professora e diretora da “Women’s Health in Neuroscience Program, Alexandra Socha, atriz e  membro da Alzheimer’s Association Celebrity Champion, moderado por Ashley Ford, escritora e host do BuzzFeed.

Por que este painel neste dia em que Ser mulher é celebrado? Porque o Alzheimer é uma doença que ataca mais as mulheres. Dois terços dos diagnosticados com essa triste doença nos EUA são mulheres.

Apesar da proclamada igualdade dos gêneros, tão necessária no que se refere aos nossos direitos, nosso corpo reage muito diferente do corpo deles. Geramos filhos, amamentamos, fazemos muitas coisas ao mesmo tempo, entramos na menopausa , cuidamos de todo mundo (a grande maioria das pessoas que cuidam de parentes com Alzheimer é composta por mulheres também),. Segundo pesquisas mencionadas neste painel, tudo isso tem um impacto muito importante no nosso organismo e ele nos cobra cuidados. O que fazemos hoje, a forma que vivemos aos 30, 40, 50 anos vai se refletir lá nos nossos setenta anos.

Bom, o SXSW é sobre tecnologia, principalmente, não? E o que isso tem a ver com tecnologia? E porque esse assunto baixo-astral está sendo posto na mesa?

Além de ser um alerta às millenials, presentes na platéia, para que se cuidem, desafiem a mente, aprendam coisas novas, meditem, comam e durmam bem, evitem comer muito açúcar, pratiquem exercícios, porque isso leva mais oxigênio para o cérebro, e se estressem menos, a tecnologia pode ser usada a nosso favor.

Existem várias ferramentas e jogos digitais que podem desafiar e estimular nossos neurônios, que funcionam como as velhas palavras cruzadas dos nossos avós. No entanto, a tecnologia também pode nos deixar mais preguiçosos. Quando você não pensa mais no caminho que vai fazer, mesmo que você saiba chegar lá, porque o Waze te mostra; quando você não decora mais nem o celular do seu filho de 11 anos; não precisa lembrar do aniversário do seu melhor amigo porque o Facebook rede te avisa; quando pergunta pro Google antes de pensar na resposta…uhm…você está fazendo a sua inteligência virar (out)teligencia. Perdão pelo trocadilho infame. É que estamos delegando demais pra tecnologia. Fazendo o nosso celular pensar por nós. Deixando muitas decisões que deveriam ser nossas serem tomadas pelo algoritmo.

Quanto menos nos estimulamos a pensar e aqui, também falo do pensamento crítico, menos exigimos do nosso cérebro.  A beleza da tecnologia, que pode trabalhar a nosso favor em tantos e diversos campos, facilitando a nossa vida e trazendo informação real-time , não deve uma ferramenta que jogue contra aquele chip que vem evoluindo há 10 mil anos, que se chama cérebro.

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