Mantenha Austin estranha
As experiências que vivo no SXSW me faz sentir como se tivesse 21 anos
As experiências que vivo no SXSW me faz sentir como se tivesse 21 anos
11 de março de 2019 - 17h33
Após o terceiro dia da minha primeira experiência no SXSW, posso resumir que o segredo está fora das salas. Sim, há painéis de extrema qualidade, como o de Brené Brown, com ensinamentos excelentes sobre a arte de pertencer e a importância de ser quem somos; o paralelo perfeito e paradoxal de Esther Perel, entre relacionamento em casa e no trabalho; as tendências apontadas por Rohit Bhargava; as previsões (pessimistas) da mestra do futurismo quantitativo Amy Webb; a força com que McNamee defende a discussão sobre privacidade dos dados; eletrodos que confirmam a eficácia de anúncios mapeando os movimentos do cérebro; o papo profundo de Elisabeth Moss com Brandi Carlile; a entrevista com o mestre Tim Ferriss, os debates sobre inteligência artificial… Enfim, muita coisa boa (outras nem tanto), páginas e páginas anotadas, centenas de slides fotografados, listas de bons insights, dezenas de PDFs baixados para aprofundar tudo na volta.
Mas o que torna a experiência de Austin irreplicável é justamente Austin. A energia desse lugar é incrível e difícil de explicar. Mas vou tentar, porque vale a pena. Sinto como se tivesse 21 anos (só não digo menos porque não poderia beber nos EUA). Tenho FOMO à flor da pele só de olhar a programação encavalada, com palestras simultâneas incríveis, que me lembram os finais de semana dos meus 21 anos, com três opções de boas de festas para escolher. Às 9h, vem o FOMEX (Fear of Missing the Express), porque o SXXPRESS do aplicativo, que dá acesso aos primeiros lugares na fila de até três palestras para o dia seguinte, termina em poucos segundos. Mas se não der, tudo bem, a gente encara as filas quilométricas sem queixa. Afinal, temos 21 anos e nesse lugar sempre tem gente interessante pra conversar. Durante o dia, os grupos de Whattsapp seguem agitados: “vem pra cá que essa tá ótima”, “a minha estava fraca, já saí”, “corre pro Ballroom D porque a fila já está no segundo andar”, “pode vir que eu tenho um lugar aqui na frente”, “pega a senha do banheiro e volta logo”. Somos todos adolescentes ajudando os colegas a viver a melhor experiência.
Fim do dia, exaustos de tanto conteúdo, sem pausa pro almoço, é hora de pegar os patinetes e passear por aí, com a credencial estampada no peito. E se der vontade de comprar algo, saiba que aqui existe o mantra Keep Austin Weird e, justamente para manter a cidade estranha, se desejar encontrar Burger King, Pizza Hut, CVS, Walmart, Apple e outras grandes redes, só pegando o carro para se afastar do centro, onde apenas lojas locais podem funcionar (achei alguns Starbucks para servir de exceção à regra). E mais coisas mantêm Austin estranha durante o SXSW: há diversas casas com ativações interessantes, cinema para todos os gostos, passeio de barco para ver a revoada diária dos morcegos ao pôr do sol, gente fantasiada pelas ruas, bares de todo tipo – com duelo de pianos, tobogã, bandas e DJs. E, na dúvida de qual escolher, podemos ir a três por noite, porque temos 21 anos e amanhã conseguimos acordar inteligentes para as palestras, claro.
Ainda temos dias de intenso conhecimento pela frente e de muita Austin para viver. Fico com a certeza de que se eu não aproveitar todo conteúdo aprendido, a experiência já marcou para sempre e 2020 me espera aqui novamente. Keep Austin Weird!
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