Publicidade

Fomo nosso de cada dia

Fear of missing out - o medo de perder diante de tantas possibilidades


14 de março de 2019 - 13h45

 

(Crédito: benimage/iStock)

De todos os ensinamentos do SXSW, o que mais me marcou até o momento foi o “ou era pra ser ou não era pra ser”, simples assim. Em outras palavras, quando algo não deu certo pra você, mesmo tentando com todo seu esforço e dedicação, não insista.

Não quer dizer que você tenha que seguir numa outra direção totalmente diferente, mas simplesmente, naquele momento, não era a sua vez de vivenciar tal experiência. No festival é assim: as filas são enormes, desde as do banheiro até as de palestras com temas menos procurados. São centenas de salas e milhares de pessoas em busca de um pouco mais de sabedoria.

Comparo Austin com as nossas vidas. As oportunidades existem, mas não é sempre que é chegada a nossa vez nessa fila do pão. Pode demorar dias, meses ou anos, ou até não chegar o desejado pão e, sim, um croissant.

Conversei com pessoas bem chateadas por não terem conseguido assistir a um palestrante importante e, talvez por isso, a experiência tenha ficado manchada. Mas, calma, separemos o joio do trigo. O SXSW tem tantas alternativas que é inadmissível deixar a negatividade penetrar na alma por não ter o que se quer. O Fomo (Fear of missing out) é um sentimento pequeno, egoísta e até infantil, se pararmos para pensar. Isso porque, assim como aqui, em nosso cotidiano, perdemos e ganhamos a todo minuto.

Ao acordar, eu perco para o despertador que me arrancou cedo da cama, podendo, no mínimo, dormir mais duas horas. Mas ganhei para mim mesma ao levantar e abrir os olhos para um dia lindo cheirando a flor de laranjeira. Não deu para tomar café. E não é que eu consegui ver um painel sobre o papel da criatividade na era da inovação?! Almocei em pé. Ainda bem que deu para comer, né?! Vi muita gente encarando a fila da lanchonete e não conseguindo nem um wrap gelado.

“Morei” dois dias inteiros numa sala para assistir a todos os talks escolhidos, abrindo mão de dar uma volta na feira de inovação, reservando e garantindo o meu lugar ao sol. Neste caso, na sombra mesmo, dentro de um ambiente gelado em uma cadeira desconfortável e com a bateria do celular sempre abaixo dos vinte e cinco por cento. Pra completar, no único dia de frio pesado, esqueci meu casaco (aqueles que a gente dobra dentro de um saquinho) na mesa de cabeceira do hotel.

Fez as contas de quantas vezes eu ganhei e perdi ao longo do dia? A minha vida é quase uma matemática exata: nem tudo saiu da maneira que eu imaginava, mas, sim, como havia de ser. O que importa para mim, ao final das contas, ou ao encerrar o dia, é o sentimento que prevalece. O contentamento de viver uma experiência única de conhecimento em vários aspectos: pessoal, cultural e antropológico.

Muitas vezes, me vejo em situações similares no meu dia a dia. O trabalho e a correria preenchem a rotina e são o mood para dar conta das funções e pendências do cotidiano. Quantas festas canceladas e jantares adiados por não conseguir chegar em casa a tempo ou estar um trapo que a melhor desculpa é o “no-show”? (expressão utilizada quando alguém marca, porém não aparece no compromisso)

Medo de perder é crueldade consigo mesmo. Pensa bem, mal comparando ou não, a questão não é ganhar ou perder, é estar em paz e entender que não há espaço para todo mundo ao mesmo tempo. Mas sempre chegará o nosso momento, e só você pode enxergar seu copo cheio, mesmo estando pela metade. Vamos nessa?

Publicidade

Compartilhe

Patrocínio