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SXSW 2019: saúde com foco no social

Melhores startups eleitas neste ano popularizam a saúde, com Gwyneth Paltrow e Theranos como polêmicas no tema


14 de março de 2019 - 9h37

 

(crédito: reprodução)

O SXSW também reconhece os empreendedores mais promissores na sua disputa entre startups. O prêmio é simbólico (US$ 1.000), mas a visibilidade é imensa. Fora o dinheiro, as três primeiras colocadas ganham também viagens para o Global Entrepreneurship Summit 2019, que acontecerá em junho, na Holanda, e a mentoria da Sandoz.

A vencedora da disputa foi a Proov Test criada pela empreendedora Amy Beckley. Ela é doutora em farmacologia e criou um teste que identifica o nível de progesterona da mulher. “Há muitas soluções para a mulher saber que não vai engravidar e outras tantas para verificar se está grávida. Mas nenhuma mostra se a mulher está ovulando corretamente e se seus hormônios permitem a gravidez”, afirmou Amy, no evento. O teste pode ser feito em casa e o resultado sai em 5 minutos.

O projeto começou em 2016, com um crowdfunding no Indiegogo. Amy conseguiu atingir a meta de financiamento (US$ 43 mil) em 48 horas e começou a vender seus testes na Amazon no ano seguinte.

Hera Health Solutions é o nome da startup que ficou em segundo lugar. Seu objetivo é aperfeiçoar medicamentos de uso prolongado, como o uso de anticoncepcionais. A ideia do CEO da empresa, Idicula Mathew, foi evitar que os pacientes deixassem o tratamento de lado depois de um tempo. A Hera foi criada por alunos da Georgia Institute of Technology e substitui os contraceptivos de metal por um implante.

O custo do produto é de US$ 9, mas deve ser lançado no mercado por US$ 800. Neste momento, a empresa está procurando parceiros para distribuir o dispositivo a países em desenvolvimento com preços mais baixos.

A MedSaf é uma plataforma online para a venda corporativa de medicamento e ficou no terceiro lugar da disputa. A ideia surgiu quando um amigo da nigeriana Vivian Nwakah, fundadora da MedSaf, morreu por ter uso de remédios falsificados. Segundo ela, um em cada dez medicamentos vendidos na África são falsos ou não seguem os órgãos reguladores. Atualmente, a empresa tem 70 clientes entre hospitais, clínicas e seguradoras. “Conseguimos unificar a compra e gestão dos estoques em países em desenvolvimento”, disse Vivian. Em breve, ela quer permitir o rastreamento dos remédios por QR code.

A questão da distribuição e exames também esteve muito presente no Wellness Market, feira que dura só dois dias durante o SXSW. Se apresentaram laboratório de análises clínicas, que oferecem exames a preços acessíveis após uma pré-consulta médica, e startups de distribuição de medicamentos de uso prolongado em doses controladas e separadas, entregues semanalmente aos pacientes. Além dessas iniciativas, foram apresentados os já tradicionais testes genéticos, agora mais segmentados, remédios de CBD e de renovação celular.

Outro evento que o tema saúde brilhou no SXSW foi durante o prêmio Interactive Innovation Awards 2019. A premiação celebra as melhores ideias, startups e pessoas do festival. Neste ano, havia uma clara preocupação em reconhecer iniciativas com propósito e voltadas para fazer o bem.

Em “Health, Med & Biotech”, o vencedor foi o gadget Butterfly IQ, um ultrassom pequeno e totalmente portátil, criado para levar esse tipo de exame à pessoas sem acesso à clínicas e hospitais.

Mas o grande vencedor da noite foi o projeto “My Special Aflac Duck”, que venceu nas categorias de Robótica e Hardware, além do People’s Choice Awards (a escolha do público). O patinho robô foi criado para ser um companheiro de crianças em tratamento para combater o câncer. O patinho é interativo e ajuda as crianças a passar o tempo, ensinam a cuidar do bichinho assim como são cuidadas e as acalma durante os procedimentos médicos.

Durante o evento de apresentação de startups para serem reconhecidas, uma empresa também se destacou: a Sherpa. É especializada em avaliações de risco em seguros para oferecer apólices mais baratas. Chris Kaye, co-fundador da Sherpa, explica que o público-alvo são profissionais liberais.

Mas não são só as startups que estão brilhando ou surfando na onda deste segmento. A atriz Gwyneth Paltrow fundou e é a CEO da Goop, empresa de produtos para o bem-estar, espiritualidade e estilo de vida. “Algumas empresas vivem muito além de seus fundadores. Estou tentando criar algo maior do que fui como celebridade”, afirmou ela durante a sua palestra. Gwyneth fundou a Goop em 2008, depois de uma crise existencial, mas virou CEO só depois de oito anos.

A Goop trata de temas como cura pela alimentação, consumo consciente e bem-estar emocional, com operações nas áreas de conteúdo online e impresso, linha de roupas e acessórios, livros e suplementos alimentares. Outro foco da Goop são os produtos feitos a partir da maconha e do canabidiol. “Faremos isso no momento certo. Esta ainda é uma área pouco regulada”, disse Gwyneth.

O braço produtora da Goop vai aparecer em breve na Netflix. O serviço de streaming lançará uma série de episódios sobre bem-estar espiritual e físico produzido com a empresa da atriz. Serão entrevistados pesquisadores, médicos e outros experts, com apresentação de Gwyneth e Elise Loehnen. No ano passado, a Goop captou US$ 80 milhões e tem uma avaliação estimada em US$ 250 milhões.

No ano passado, a Goop foi multada pelo distrito de Santa Clara, na Califórnia (EUA), por vender produtos que misturam saúde e espiritualidade, com propriedades curativas não comprovadas, como cristais e óleos. “Queremos vender produtos que cumpram com o que se propõem e sejam bem fundamentados. Mas, ao mesmo tempo, acho engraçado que as pessoas taxem os produtos como ‘controversos’. É sério que a saúde das mulheres é controversa?”, provocou a atriz no palco do SXSW.

Outro momento polêmico na área da saúde foi a apresentação do documentário sobre a Theranos. Alex Gibney, diretor de “The Inventor: Out for Blood in Silicon Valley”, mostra a história de Elizabeth Holmes, fundadora da Theranos, empresa de testes de DNA preventivos, mas que nunca entregou o que prometeu aos seus investidores.

E não foram poucos. Elizabeth conseguiu convencer investidores a colocar US$ 600 milhões na sua ideia e a Theranos chegou a valer US$ 9 bilhões. O filme, que estreia no dia 18 de março na HBO nos Estados Unidos, mostra ex-colaboradores que ajudaram a denunciar a empresa, editados com imagens de arquivo e campanhas publicitárias.

Elizabeth pregava que revolucionaria o mercado dos diagnósticos reduzindo a quantidade de sangue e os custos dos exames. Mas nada disso foi possível. Os exames feitos em parceria com a rede de farmácias Walgreens eram feitos nos velhos e grandes equipamentos antigos de outros fabricantes. Além disso, exames eram também entregues com resultados incorretos. Elizabeth foi processada, aguarda julgamento e pode ser presa.

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