Lições do SXSW: Conhecimento e empoderamento
Foram dias muito inspiradores em que discutimos mais do que tecnologia, falamos sobre seres humanos
Foram dias muito inspiradores em que discutimos mais do que tecnologia, falamos sobre seres humanos
15 de março de 2019 - 16h16
Fecho o meu último dia de festival bastante satisfeita e grata pela oportunidade de poder aprender sobre os mais variados temas com experts, clientes, concorrentes e colegas do mercado. Na mala levo lições que também vêm dos lugares mais inusitados, como a CIA e o Cirque du Soleil. Por que não ser criativo? Pensar fora da caixa? Se arriscar e aprender a lidar com as incertezas?
Foram dias muito inspiradores em que discutimos mais do que tecnologia, falamos sobre seres humanos. Neste SXSW pude me aprofundar e refletir a respeito de quatro grandes temas e gostaria de compartilhar com vocês:
Futuro do varejo e e-commerce: assisti sessões com grandes players chineses já consolidados em um mercado superconectado e empresas americanas com novos formatos que já viraram referência para mim, como a StockX, uma espécie de “mercado de ações” para a venda de itens como tênis e bolsas. Mas o que todos têm em comum? A cultura do “test and learn”, a velocidade de execução e o mindset de colocar o consumidor no centro da estratégia.
Insights e storytelling: no mundo atual é preciso conhecer o novo consumidor para atender às suas expectativas e a tecnologia é o agente transformador dessa conversa. Como oferecer o melhor conteúdo e qual o melhor formato para o usuário da nova geração que está super conectado e informado? Quibi, uma startup que tem como proposta criar uma nova maneira de fazer storytelling, fornecendo conteúdo de qualidade e com formato adaptado às necessidades de sua audiência, pode ser um grande exemplo.
E como identificar o que é realmente novo, o que pode ser uma nova tendência? Rohit Bhargava, fundador da Non Obvious Company, nos deu uma aula sobre o assunto. É preciso curar as tendências, criar uma história e inseri-la em um contexto, transformando as informações em comportamento. Para tal, ele nos sugere cinco hábitos dos curadores de tendências: é preciso ser observador, curioso, flexível, pensativo e elegante. É importante lembrar a frase de Isaac Asimov, “In not a speed reader, I’m a speed understander”.
A nova indústria de bens de consumo: muito se falou sobre as mudanças e adaptações que a indústria terá que fazer para se ajustar ao novo cenário. Vejo que a tecnologia já faz parte dos movimentos do segmento de beleza, uma indústria que vive de novidades e lançamentos, que precisa ser ágil para sobreviver com inovação constante. A L’oreal lançou no evento um kit dermatológico que por meio do teste de saliva, consegue avaliar a saúde da pele (com base no ecossistema de vírus, fungos e bactérias presentes) e assim seus consumidores podem optar por tratamentos mais customizados, de acordo com as suas necessidades.
Já no segmento de alimentos, a conversa foi mais concentrada na construção de uma cadeia sustentável e transparente em que os produtores não podem ser ‘espremidos’ pela pressão de custos baixos para conseguir manter qualidade dos ingredientes. A tecnologia entra então ajudando na democratização da informação, permitindo mais acesso a novos pratos, receitas, ingredientes, sabores e a uma nova cultura.
E por último, não posso deixar de falar sobre empoderamento, mais do que empoderamento feminino, empoderamento profissional. Gwyneth Paltrow (atriz e CEO da Goop) e Jean Case (chairman da National Geographic e autora do livro Be Fearless) se tornaram referência para mim por serem profissionais destemidas e bem-sucedidas.
Gwyneth, atriz, celebridade em Hollywood e vencedora de um Oscar, não se achava completa e feliz então buscou fazer o que a realizasse. Abriu a Goop, onde poderia conectar pessoas e fazer recomendações sobre estilo de vida e bem-estar. Passou por diversos questionamentos, sofreu com a síndrome de impostora, mas aprendeu na prática e seguiu em frente. Hoje a empresa possui mais de 250 funcionários e foi avaliada em 250 milhões de dólares e, ela mãe de dois filhos, mais segura e confiante, consegue conciliar carreira e família e, finalmente, se sente realizada.
Já Jean Case investigou as principais qualidades das pessoas que fizeram grandes mudanças em seus segmentos e, a resposta encontrada foi: pessoas comuns são as que fazem coisas grandiosas e promovem mudança.
A lição que fica é: basta querer. Podemos estar em situações vulneráveis, mas assim aprendemos. Todos somos capazes de alcançar nossos sonhos, o segredo é ser persistente e ter confiança em nós mesmos.
SXSW, obrigada por mais um ano. Até o próximo.
Let’s keep Austin weird.
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