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Inclusão e tecnologia: barreiras e oportunidades

Em painel do SXSW, foi discutido como as empresas digitais e de inovação podem contribuir para um mercado mais diverso

Victória Navarro
16 de março de 2021 - 14h54

Apoiar a inclusão permite com que as empresas alcancem uma receita 28% maior e uma margem de lucro 30% mais representativa do que aquelas que negligenciam as diferenças. Ao redor do mundo, cerca de 10,7 milhões de pessoas, com habilidades diferentes e ainda inexploradas, permanecem fora do circuito das marcas. Porém, como mudar esse cenário? No South by Southwest, iniciado nesta terça-feira, 16, Christina Goldschimidt, chefe de design de produto do ecommerce Etsy, Will Butler, vice-presidente da comunidade Be My Eyes, Mara Mills, professora de mídia, cultura e comunicação da universidade NYU, e Mor Levinhar Tzang, gerente de inovação de produtos para deficientes do marketplace Fiverr, discutiram sobre como as empresas de tecnologia podem ajudar a desencadear um mercado mais inclusivo.

Christina Goldschimidt, chefe de design de produto do Etsy, Will Butler, vice-presidente da Be My Eyes, Mara Mills, professora de mídia, cultura e comunicação da NYU, e Mor Levinhar Tzang, gerente de inovação de produtos para deficientes da Fiverr (crédito: reprodução/SXSW)

Além do consumidor e do produto
As conversas sobre tecnologia e inclusão, geralmente, concentram-se nos consumidores, na conformidade e no design de produto acessível, disse Mara. “Todos itens são importantes. Mas, entender o que, de fato, a tecnologia pode fazer para apoiar a contratação e o engajamento de mais pessoas com diferentes características, seja diversidade, deficiência e etc, se tornou um tópico essencial para evolução do mercado”.

As diferenças podem contribuir de diversas formas com as empresas. De acordo com Christina, divulgar e disseminar as dessemelhanças entre as pessoas assume um papel importante em tornar o tema mais amplamente discutido dentro das companhias. “Eu trabalho para ter certeza de que tudo o que projetamos na Etsy consiga abranger todo o tipo de diferenças”, afirmou. “Do ponto de vista de liderança e de contratação, também quero promover a inclusão da diversidade e da equidade, porque isso leva a construção de produtos melhores. Se temos pessoas que realmente entendem o que consomem, porque estão navegando em nossos produtos, esses profissionais podem projetar de modo mais assertivo”, adicionou.

Para Will, com deficiência visual desde seus 19 anos, integrar uma comunidade como a Be My Eyes é gratificante, uma vez que, por meio de uma chamada de vídeo, voluntários dão auxílio visual para pessoas cegas e com visão limitada, em situações que vão desde combinar cores até checar se as luzes estão acesas ou preparar o jantar. Já Mor trabalha para o grupo de inovação de produtos de deficiência da plataforma de freelancers Fiverr e, até mesmo, ajuda pessoas que sofreram experiências traumáticas e tiveram lesões cerebrais graves a encontrar trabalho.

No caminho da mudança
Nos Estados Unidos, 20 a 25% das pessoas se identificam como portadoras de deficiência. Porém, mesmo após a aprovação do ADA (Americans with Disabilities Act), em 1990, Mara apontou que essas pessoas continuam sub-representadas na força de trabalho. Para o Bereau of Labor Statistics, aproximadamente 70% das pessoas com deficiência em idade ativa estão atualmente desempregadas.
Para Will, o primeiro passo em direção a um mercado de trabalho mais inclusivo é garantir que as pessoas se sintam confortáveis ​​sendo vistas como são. “Para isso, eu acho crucial uma convenção pública em torno da inclusão. E, a liderança precisa falar mais sobre sua própria experiência com diversidade e temas correlacionados”, afirmou.

Mara ressaltou a importância da educação: “Acho que as empresas precisam ser mais bem informadas sobre os benefícios da diversidade no ambiente de trabalho. Me deparei com pesquisas no meu trabalho que mostraram que 70% das pequenas empresas disseram que não contratariam uma pessoa só porque ela tem uma deficiência. Eles precisam de apoio, orientação, equipamento especial ou suprimentos para escritório”. Para Christina, a educação está mais bem estruturada em outras formas de diversidade do que no âmbito da deficiência: “Todos precisam aprender a seguir as práticas recomendadas”.

Tecnologia como suporte
Para ajudar o mercado a se tornar ainda mais inclusivo, no painel, os palestrantes destacam a importância de compreender as diferenças e suas necessidades. “Isso parece óbvio, mas as companhias costumam não seguir esse caminho”, disse Mara. Além de contribuir com a esfera educativa, a tecnologia pode ajudar a trazer, para mais perto das marcas, dados e acessibilidades capazes de atingir o segmento de diversidade e inclusão.

Com a pandemia da Covid-19, o home office e o digital permitiu que as companhias criassem ambientes mais inclusivos e, mais do que isso, fomentou a transformação tecnológica das empresas, o que ainda angariou as marcas mais conhecimento sobre quem consome seus produtos e públicos diferentes. “É preciso trazer para perto a diversidade e a inclusão, afinal todos consomem e todo querem uma comunicação que converse com si”.

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