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Como ser o seu próprio curador do SXSW


2 de março de 2022 - 15h11

Faltam poucos dias para começar o SXSW 2022 – o maior festival de inovação e criatividade dos EUA e um dos maiores do mundo – que nesta edição destaca temas como Finanças 3.0, a Corrida Espacial, o Futuro do Trabalho, a Evolução da Indústria de Cannabis e o Estado dos Psicodélicos, apenas para citar alguns.

O evento não é presencial desde 2019, já que em 2020 foi um dos primeiros festivais a ser cancelado com o início da pandemia.

Se em 2021 o South By aconteceu remoto (online), para esse ano o festival se apresenta pela primeira vez em formato híbrido, com badges (ingressos) vendidos tanto para quem vai consumir o seu conteúdo de casa, como para quem vai viajar até Austin, capital do Texas e da música ao vivo dos EUA, onde o SXSW acontece desde 1987.

Até a data de fechamento deste artigo, 1.225 sessions – palestras, shows, filmes, workshops etc – foram anunciadas. É ainda pouco. Em 2019, foram 2.128 sessions ao longo dos dez dias de festival. Ou seja, até 11 de março, data de abertura do SXSW, mais sessions serão anunciadas pela programação.

Além dessa abundância de conteúdo, dezenas de marcas disputam atenção em Austin com uma ativação mais criativa que a outra, festas e eventos paralelos acontecem na cidade e os boatos de aparições surpresas começam a pipocar, como o show-missa-dominical de Ye, mais conhecido como Kanye West.

Com tantas opções disponíveis, uma das perguntas mais comuns para quem vai viver essa experiência é o que ver no SXSW 2022?

Esse é meu 10º ano de SXSW. Viajei tantas vezes para esse festival que, em 2018, criei o øclb journey, um programa de curadoria, acompanhamento e treinamento voltado para quem está descobrindo o South By. Meu objetivo é ajudar as pessoas a viverem essa experiência com as lentes de um especialista, otimizando tempo, acelerando aprendizados e hackeando a programação do festival.

Abaixo, seguem algumas dicas para que você seja o seu próprio curador do evento.

Entenda como o SXSW se divide

A programação do SXSW divide-se em 15 trilhas temáticas: 2050, Advertising & Brand Experience, Civic Engagement, Climate Change, Culture, Design, Film & TV Industry, Future of Music, Game Industry, Health & MedTech, Making Film & Episodic, Media Industry, Startups, Tech Industry e Transportation.

O gráfico abaixo mostra como as tracks são organizadas em uma linha do tempo. Repare que o volume maior da programação concentra-se de sexta a terça-feira.

Conhecer e familiarizar-se com as tracks é o primeiro passo para a sua curadoria. Quais os assuntos que mais te interessam? O que é prioridade para você? Consegue escolher de três a cinco sessions que são as mais atraentes para a sua experiência?

Além das tracks, para essa edição, o SXSW criou os Summits, oito programações temáticas de dois dias cada com os assuntos mais “quentes” do festival em 2022. Entre eles: Athlete Empowerment, Cannabis Industry Evolution, Connecting With XR, Funding & Investors, Finance 3.0, Future of Work, The Space Rush e The State of Psychedelics.

Caso você busque uma imersão em um desses temas, voilá: o festival já organizou esse conteúdo para você.

Escalas de prioridade da programação

Em seguida à pesquisa por Tracks e Summits, é hora de priorizar o que ver no festival.

São três os níveis de hierarquia no SXSW. Pense numa pirâmide.

No topo, representando não mais que 1% da programação, estão os Keynotes, os headliners do festival. Em 2019 foram 14 e, até o fechamento desse artigo, apenas seis foram divulgados, entre eles a cantora e compositora Lizzo, o criador do termo metaverso e autor de ficção-científica Neal Stephenson e o ex-presidente e COO da Nintendo dos EUA Reggie Fils-Aimé (o único Keynote speaker também anunciado para a edição que nunca aconteceu em 2020).

Logo abaixo, vêm os Featured Speaker e Sessions. Na programação, eles sempre aparecem com esse “Featured” na frente do título. São os palestrantes e sessions de destaque do festival. Nomes já famosos do público brasileiro que frequentam o festival há alguns anos, e figurinhas repetidas de diversas edições do South By como a futurista Amy Webb, o top designer John Maeda e o pesquisador de tendências não-óbvias (e showman) Rohit Bhargava fazem parte dessa programação. Os Featured Speakers e Sessions representam cerca de 10% da programação.

Por fim, vêm os panels, workshops, mentor sessions, book readings, podcasts, meet ups etc. É o grosso da programação, a grande base da pirâmide. Aqui estão as sessions patrocinadas e as que passaram pela votação do panel picker, um sistema que o SXSW criou para que qualquer um possa candidatar-se e apresentar-se no festival.

Se você está indo pela primeira ou segunda vez ao SXSW, recomendo priorizar os Keynotes e Featured Sessions e Speakers. Sobre os panels, via de regra (porém nem sempre), quanto mais participantes, menos profundidade de conteúdo e mais interrupções. Por isso, dê preferência para os panels com uma ou duas pessoas.

Seus interesses versus os direcionadores do festival

Você tem os seus interesses e tudo bem. Mas o festival também está aí para apresentar novidades, aquilo que você ainda não conhece e nem sabe que vai gostar de conhecer.

Festival de inovação é assim mesmo. Às vezes é preciso fugir dos medalhões e entrar numa salinha com quinze pessoas discutindo computação quântica ou cidades sustentáveis em Marte.

Procure conhecer os assuntos que serão os direcionadores do festival deste ano. Por exemplo, assista à palestra do Tim Ferris, que vai entrevistar vários especialistas em psicodélicos. Essa indústria é a grande aposta do festival agora que o cannabusiness já virou mainstream (pelo menos nos EUA).

Durante o evento escolha o lugar que vc vai passar pela manhã e pela tarde

Tempo é dinheiro e, no SXSW, vale em dólar. Muitas das mais disputadas palestras do SXSW geram filas. Se você chegar tarde, mesmo que tenha o badge Platinum, o mais premium de todos, é provável que você não consiga entrar na sala.

Tentar deslocar-se de session em session entre os hotéis do downtown e o Austin Convention Center, o coração do South By, é o mesmo que alimentar seu FOMO e queimar neurônios.

Todo mundo diz isso e continuará dizendo enquanto o festival existir: aceite que você vai perder coisas incríveis. Para evitar frustrações, escolha um lugar para passar a manhã e outro para passar a tarde. Em seguida, pesquisa de duas a três opções por horário no mesmo lugar.

Faça as pazes com as suas escolhas e deixe para aprender sobre o que perdeu nas conversas dos eventos de happy hour. Dica de ouro: as resenhas depois de cada dia do SXSW são tão valiosas – se não mais – que passar o dia inteiro sentado assistindo palestras.

Passe um dia na rua e uma manhã no trade show (pelo menos)

Nos tempos de faculdade, aprendi com um professor que uma das técnicas para resolver um problema criativo é pensar nele intensamente e, em seguida, tirar a cabeça do problema fazendo algo totalmente diferente como ir ao cinema ou ler um livro. Essa prática também vale para o South By.

Passe um dia fora das salas do Austin Convention Center e hotéis do downtwn. Dedique um dia para conhecer as casas das marcas, participar das ativações, fazer compras na South Congress e explorar as ruas da cidade.

Dedique também uma manhã (ou tarde) para passear pelas dezenas de corredores e centenas de stands do Creative Industries Exhibition, o antigo Trade Show, que é a feira onde expositores apresentam suas novidades e lançamentos.

Dê asas à sua curiosidade

Por fim, vale lembrar que o SXSW é muito mais que um conjunto de tracks e palestras. Abrace as experiências para além das sessions.

Aproveitar ao máximo o festival é assistir pela manhã uma palestra com um executivo da indústria da música explicando os planos de expansão mundial do K-Pop, pela tarde assistir a um pocket show de uma nova banda coreana e, de noite, a um filme que promete ser o sucessor de “O Parasita”.

É a conexão entre formatos, conteúdos e experiências que sedimenta o conhecimento. Dê asas à sua curiosidade. O SXSW é um dos melhores lugares para você descobrir e experimentar coisas novas.

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