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Lizzo: “Se não vir as lágrimas, não respeitará a alegria”

Promovendo seu primeiro programa de TV ao lado da Amazon Prime Video, a cantora e produtora executiva fala sobre vulnerabilidade, body positivity e representatividade

Giovana Oréfice
13 de março de 2022 - 19h17

Lizzo é um dos destaques do lineup de speakers do SXSW 2022 (Crédito: Giovana Oréfice)

Levantando diversas bandeiras, como a do feminismo, contra a gordofobia e representando mulheres pretas, Lizzo retorna ao South by Southwest no auge de sua carreira. Diferentemente de 2016, em que se apresentou no festival como uma artista em ascensão, a cantora deu tom espontâneo, divertido e encorajador ao seu discurso como keynote speaker, lotando o auditório do Austin Convention Center. Produtora executiva do Watch Out for the Big Grrrls, série que estreia em 25 de março na plataforma do Amazon Prime Video, Lizzo revela uma faceta de pessoalidade em frente às câmeras. 

O reality show consiste na busca de Lizzo por dançarinas que a irão acompanhar em sua próxima turnê. As vencedoras estiveram presentes no painel da artista durante o SXSW. “Eu sempre fui uma chefe, apenas não havia sido colocada na posição de ter este título”, diz ao ser questionada sobre o encargo de produtora na série, citando como a Amazon deu a ela a oportunidade de intitular seu nome. “Eu sou uma produtora executiva. Desde o começo eu coloco as mãos em tudo o que é lançado, da mixagem das minhas músicas até a edição dos meus videoclipes e garantindo estar a par de toda a parte criativa”. 

Ela relembra que uma das cenas pontua um momento controverso, em que rumores sobre ela vieram à tona nas redes sociais, entre comentários de gordofobia e racismo. A situação evidenciava um período em que Lizzo estava “lidando com muita coisa”, como ela pontua, mas se reergueu para colocar mulheres em um pedestal e mostrar ao mundo que não se pode tratar pessoas, sobretudo outras mulheres, que se parecem com ela daquela maneira. 

“Se você não vir minhas lágrimas, não vai respeitar minha alegria” é uma frase dita pela cantora no documentário e salientada pela moderadora do painel, Angela Yee, da iHeart Media — quebrando o paradigma de que celebridades se sentem felizes o tempo todo. Segundo a cantora, se mostrar vulnerável daquela maneira foi uma escolha pessoal. “Eu sinto que se eu posso ser um exemplo para jovens que estão me acompanhando nas redes sociais mostrando que está tudo bem chorar, está tudo bem ter emoções e ficar bravo com algumas coisas, ou até mesmo ser radicalmente positivo e praticar o autocuidado”, completa.

Uma parte importante do processo criativo da série é o fato de ter sido dirigida por Nneka Onuorah, uma mulher negra. “É muito importante ter uma mulher preta por trás da câmera neste tipo de série”, exalta Lizzo. De acordo com a produtora executiva, sua intenção era criar, queria criar uma atmosfera em que pessoas negras não fossem estereotipadas, mas sim, que refletisse quem as dançarinas realmente são. “Eu sempre penso nas coisas em como eu realmente preciso delas. […] Se eu precisar de mais dançarinas, ou modelos… Quem sabe? Penso que a porta está aberta e tudo é possível”, responde Lizzo sobre uma segunda temporada do reality. 

Posicionamento e representatividade

“Como não refletir os tempos como uma artista?”: na semana que antecedeu o início do South by Southwest, o governador do Texas instruiu que fossem abertas investigações de abuso infantil em famílias com crianças transgêneras. Tendo crescido na cidade de Houston, durante seu discurso, Lizzo repudiou a decisão, afirmando que as leis do estado são muito progressistas. “Eles estão tirando o direito de crianças terem a chance de viver autenticamente como elas são. […] Os direitos de pessoas trans são direitos humanos”, acrescenta. Também, ela salienta que existem muitas outras questões que merecem atenção política, e pede que os políticos eleitos pelo povo realmente o representem. 

Uma das principais personalidades de empoderamento feminino na música atual, a artista aconselha mulheres a serem autênticas e corajosas. “Não seja dura consigo mesmo, porque a sociedade não facilita. Ela não nos arma para ver o quanto valemos, especialmente as mulheres negras e gordas – até os nossos corpos eles desvalorizam”, destaca a cantora. “Eu não fui preparada para o sucesso. […] Se quando eu tivesse dez anos, alguém me dissesse ‘Ei, você vai ser uma superestrela da positividade corporal’, eu ficaria tipo ‘Que diabos!?’”, brinca. 

Outro dos momentos que marcou o painel foi a interação com a plateia. Lizzo fez um exercício em que pediu que o público repetisse: “I love you, you are beautiful and you can do whatever you want” (Eu te amo, você é linda e pode fazer o que quiser”, em tradução para o português.

Além disso, Lizzo também falou sobre sonhos e o quanto avançou em sua carreira desde que começou: “Você tem sonhos e nunca acha que eles vão acontecer — e aí você se vê em cima de um palco como uma keynote speaker prestes a lançar uma reality de TV”, finaliza.

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