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Erh Ray: volta para casa de bagagem cheia

CEO e CCO da Betc/HAVAS destaca metaverso como pertencimento e avalia outros temas do festival

Giovana Oréfice
15 de março de 2022 - 8h00

Um dos sentimentos mais comuns que se manifesta nos participantes do South by Southwest é o famoso FOMO — do inglês, a sigla para fear of missing out (o medo de ficar de fora, em tradução livre). Com Erh Ray, fundador, CEO e CCO da BETC/Havas não foi diferente. Contudo, para ele, a grande variedade de temáticas que o festival aborda é uma oportunidade de retornar ao Brasil com um rico arsenal de novas informações. Entre painéis dos assuntos mais variados e encontros, o executivo fala ao Meio & Mensagem sobre tendências da atualidade que impactam o segmento das agências e celebra a volta do evento físico.

Erh Ray, CEO e CCO da BETC/Havas Erh Ray (Crédito: Giovana Oréfice)

Meio & Mensagem – Como a volta presencial do SXSW impacta as agências publicitárias brasileiras?

Erh Ray – Eu acho que impacta no desenvolvimento e no crescimento dos profissionais. Os que hoje frequentam e estão buscando conhecimento no SXSW, encontram um compilado de informações, é um update. É um momento onde existe uma reflexão de todos os assuntos que estão em pauta — desde diversidade, metaverso, dados, futurologia, e criamos uma possibilidade de conectar todas essas palestras, fazer uma síntese do que o mercado está esperando e o que pode nos ajudar a desenvolver melhor o nosso dia a dia.

Também, este ano é o ano da retomada física, de olho no olho. Porque, óbvio, todas as maiores palestras estão sendo transmitidas, mas nada como assistir em um palco. Nada como estar com um grupo de amigos assistindo a mesma apresentação. É aquela história: a diferença de um concerto de um show ao vivo e um que você vê no DVD. Por mais que você tenha tecnologia, caixas de som, telas mega blaster de alta resolução, nunca vai transmitir a mesma sensação do ao vivo. O ao vivo tem aquela coisa da temperatura, do cheiro, da bagunça, do improviso, onde eu acho que o televisionado ou a transmissão nunca vão passar.

M&M – Uma das principais questões envolvendo o South by Southwest é a grande quantidade e variedade de tracks, painéis e outros formatos de ativações. Você veio a Austin focado em algum tema em específico? Por que?

Ray – É o segundo ano que eu participo e para mim é sempre aquela sensação do fear of missing out (FOMO) gigantesco, que eu devo estar perdendo alguma apresentação incrível em alguma sala que eu não tive a informação. A vantagem é que, como fazemos parte de vários grupos de WhatsApp, as pessoas acabam falando quais são as apresentações de cada um que fez sua agenda e que se programou. Então, precisa de uma curadoria sim. Nesse momento é bom se consultar com amigos, colegas de interesse em comum, porque os assuntos são diversos, dos mais variados possíveis. Deu para ver que nesse ano a história do metaverso, blockchain, cripto está em alta.

M&M – Neste ano, o festival traz como novidades debates sobre futuro, sustentabilidade e transporte. De que forma isso contribui para a construção criativa?

Ray – Sempre contribui. Vir aqui é trazer um HD externo vazio, o máximo de informações possíveis, e voltar para casa juntando as peças do seu interesse, do seu dia a dia, corporativas… Juntar essas peças todas nos traz quase que uma sinapse de interesses para que a gente possa aproveitar o máximo para nosso dia a dia, não só de trabalho, mas de vida.

M&M – No âmbito da tecnologia, outra temática do evento gira em torno do futuro do trabalho relacionado ao metaverso. Como você enxerga o avanço desse debate na indústria da comunicação?

Ray – O metaverso sempre existiu, na verdade. Se a gente lembrar do Second Life, eu acho que existe uma vontade de cada ser humano do pertencimento — pertencimento ao grupo, à sociedade, pertencimento à inclusão, diversidade… — então eu penso que o metaverso veio de uma forma para agregar tudo e o SXSW nos trouxe muitas informações para esclarecer um pouco mitos, verdades, mentiras, futuro e propostas. Isso faz com que você também assimile um pouco no que o metaverso é importante para o seu dia a dia, sua convivência como ser humano, e como aplicar o exercício de metaverso na vida dos nossos clientes com os seus clientes.

M&M – Com a fusão entre a BETC/Havas e a HavasPlus em 2021, você assumiu também o cargo de CCO. Um ano depois, como está o andamento das operações?

Ray – Eu sempre fui o CCO. Quando você é um criativo CEO, praticamente o CCO é uma obrigação. E a fusão fez, óbvio, dar prioridades, principalmente, à gestão de cultura. Integrar, juntar, duas empresas com culturas, mesmo pertencendo ao mesmo grupo, diferentes — uma mais voltada para o negócio e outra mais voltada à criatividade –, eu acho que nunca uma soma foi tão eficaz, porque no fundo é o que todo mundo busca: é a criatividade com resultado.

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