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Wrap up: o que o SXSW nos ensinou esse ano

SXSW destacou o humano na tecnologia, tecnologias imersivas e política como aliada da inovação


24 de março de 2021 - 10h49

E com o encerramento do evento, muita informação para processar e uma lista grande de temas para aprofundar, mas também uma sensação boa de ter conseguido cobrir bem o evento e participar das principais discussões, algumas sessões despretensiosas e atrações que supriram também interesses pessoais. Com certeza fica a vontade de voltar, da próxima vez quem sabe presencialmente.

(Crédito: Mark Konig/Unsplash)

Do que eu acompanhei, destaco alguns aprendizados gerais:

O elemento humano vai ditar o desenvolvimento da tecnologia
Muito se falou sobre tecnologia human-driven e uma economia voltada para a empatia. Pessoas no centro. Sendo responsáveis pelas discussões e estratégias que irão direcionar o melhor uso de tecnologias, mas mais que isso, incorporando cada vez mais humanidade para que o futuro nos aproxime e não nos isole cada vez mais.

O painel Anthropology as a crucial frame for changes reforçou a importância de entender o que é ser humano para formar nossa perspectiva e construir mudanças reais. É preciso questionar e buscar respostas tanto por uma abordagem psicológica, quanto cultural e ter um olhar ético sobre isso tudo ao nos direcionarmos a comunidades e consumidores.

Já para a Affectiva a missão é humanizar a tecnologia por meio de inteligência artificial emocional, evoluindo a partir mainstream da produtividade através da automação, para conexões humanas digitais mais profundas e passemos a operar em uma economia voltada à empatia, uma vez que sabemos que a tecnologia tem e continuará desempenhando um papel central nas relações humanas e em como nos comunicamos.

Experiências cada vez mais imersivas
A experiência está no core da inovação, no trato com cliente, em serviços e principalmente no entretenimento. Sobre esse assunto, existem duas óticas: o aprimoramento da experiência virtual pela evolução de tecnologias até o surgimento de um metaverso e a acelerada adaptação da experiência presencial para o cenário pandêmico. O que nasceu virtual está cada vez mais realístico e o que surgiu presencial descobriu novos caminhos virtuais. Na verdade, a gente não queria que fosse só assim, mas tem um lado positivo nisso também.

A sessão What virtual communities can teach us about humanity comandada pela Swapcard, plataforma de eventos online, trouxe alguns insights de eventos presenciais que precisaram rapidamente se adaptar ao digital durante o último ano, como mais acessibilidade, inclusão de atividades e convidados especiais que não poderiam ser considerados devido a questões logísticas, interações mais ativas e decentralizadas via chat e enquetes, conteúdo on demand e até mesmo métricas de avaliação mais claras. O que fica é que se essa é a realidade do momento, pode ser feita com cada vez mais qualidade e trazer benefícios de aprendizados que ajudarão a construir o futuro.

Já para a experiência nativamente virtual, o caminho é o da humanização. Na sessão Can VR create real change? fomos apresentados ao conceito de “VR para o bem”, uma aplicação social de story living para realizar um trabalho crítico de trazer narrativas imersivas sobre problemas sociais. A tecnologia permite a cocriação para que pessoas de comunidades possam contar suas próprias histórias e necessidades e que isso não seja enviesado pela ótica de quem faz o trabalho voluntário.

Política não é inimiga da inovação
Outra pauta bastante presente no evento foi a respeito da legislação, principalmente no que se diz respeito a ética e privacidade e a capacidade de governos acompanharem o ritmo da tecnologia. Claramente é preciso encurtar as distâncias e enxergar toda a cadeia de inovação, que também envolve – muito – a política.

Stacy Abrams, escritora e política americana, deu uma aula sobre determinação e o papel de um storytelling genuíno na política como forma de traçar o futuro que queremos para a humanidade pautado em nossa própria autopreservação. Para ela, política é contar e acreditar em uma história e que mostrar essa história e o poder dar pessoas é o que resulta em ações.

Com Yuval Noah Hariri o papo já foi mais reto, é preciso nos preocuparmos com os impactos da inovação, seja político, social ou sustentável, porque sempre se foca no cenário mais positivo na hora de vender, mas existem muitos outros que podem dar errado e por isso precisamos de ajuda para nos protegermos da tecnologia e mudanças que a acompanham. Ele finaliza reforçando que com o desenvolvimento tem que haver mais responsabilidade e menos botar a culpa no universo, uma vez que essa é a melhor época para se ser humano no mundo e enxergar que responsabilidade é política e que precisamos ter esperança de que vamos conseguir resolver os problemas senão nada muda.

Autenticidade e criatividade para nos mantermos relevantes
À medida que a tecnologia evolui e ganha escala aumenta também a necessidade de diferenciação para manter a comunidade engajada e sermos relevantes. Em relação a isso o direcionamento foi quase geral: keep it real.
Para Scott Belsky, CPO da Adobe, a inteligência artificial não deve ser percebida como uma ameaça, mas uma oportunidade de ir além e ao pular alguns steps do processo criativo facilitados pelos algoritmos, por exemplo, chegar a um nível superior de criatividade.

O especialista em AI, Dr. Kai-Fu Lee, trouxe a questão sob a perspectiva do futuro do trabalho reforçando que a otimização de processos é uma realidade e irá cada vez mais substituir humanos em trabalhos de precisão e que o valor humano estará mais presente em atividades que demandem mais criatividade, estratégia e compaixão. Para ele, é preciso deixar que cada um, AI ou humano, faça o que sabe fazer de melhor e a criatividade é o que de mais importante temos a oferecer.

Esse é apenas um recorte de tudo que foi abordado no evento, mas com certeza é suficiente para entender que no centro de tudo isso há nós. Pessoas. O ponto de convergência do que vem por aí. Nós, que somos a inspiração que move a inovação, temos também um papel cada vez mais ativo na construção de um futuro melhor.
Estamos prontos. Vamos?

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