Três anos sem SXSW: como está Austin
Cidade texana ganhou mais população, empresas e segue animada pelo retorno do potencial econômico do festival
Cidade texana ganhou mais população, empresas e segue animada pelo retorno do potencial econômico do festival
Thaís Monteiro
10 de março de 2022 - 6h00
O South by Southwest é ima importante fonte de receita para Austin, seus negócios, lojas e serviços locais. Em 2019, o impacto econômico do festival foi de US$ 355 milhões, o maior desde 1987. Apesar desse fator benéfico, em 2020, quando evento ainda não havia sido cancelado, um abaixo assinado feito por residentes da cidade colecionava mais de 55 mil assinaturas cujo intuito era evitar que os visitantes internacionais pudessem trazer o vírus para a cidade que, até então, não registrava casos de contaminação. Três anos depois do encerramento do SXSW 2019, Austin está receptiva?
Os sentimentos são mistos. A cidade sofreu um pico de contaminação da variante Omicron em janeiro deste ano, mas desde então a situação tem se tornado mais estável e Austin está no estágio dois dos Risk-Based Guidelines criados pela Austin Public Health (APH), que vão de um (maior flexibilidade) a cinco (maior restrição).
Ary Filgueiras, consultor de marketing digital na Cyber Security e customer & digital support for social media client na Accenture, mora em Austin e estava escalado para cobrir o evento de 2020 e receber missões de empresários brasileiros para o SXSW. Segundo o profissional, a maioria das empresas alocadas na cidade ainda mantém o trabalho de forma remota e há uma certa desconfiança generalizada sobre como acontecerá a volta do festival e, ao mesmo tempo, ânimo pela sua realização.
Do que observa, a cidade se recupera bem dos últimos dois anos em pandemia. “Eu vejo que a cidade incorporou certas precauções no dia a dia e leva a vida normalmente. A cultura americana de lidar com desastres naturais ajuda a na mobilização da sociedade em enfrentar o problema, ainda que haja discordâncias”, coloca. “A prudência pede para aguardar sem fazer previsões muito otimistas”, complementa.
Para a profissional de marketing Fabiana Melle, que se mudou para Austin em 2019, a não-realização do SXSW 2020 permitiu tempo para que as instituições públicas e privadas se organizassem para a possível chegada do vírus. “Quando a pandemia tomou a proporção que tomou, ficou todo mundo aliviado e certo de que foi a melhor solução porque ia trazer muita gente do mundo todo para cá e não era o momento. Não era a hora”, diz. Fabiana trabalha para a Meta (antigo Facebook Inc.), mas coleciona passagens pela BFerraz e no marketing do Itaú, Terra e Rede. Como Austin não é uma cidade turística, ela acredita que os negócios locais estão preparados para recuperar um pouco do que perderam da falta do festival nos últimos três anos.
Mesmo que o SXSW 2022 seja um marco esperançoso na odisseia sobre um possível período pós-pandêmico, Austin já recebeu grandes eventos, como o tradicional festival de música Austin City Limits, a Fórmula 1 e o show dos Rolling Stones. “Acho que isso deixou as pessoas menos apreensivas”, opina Cléver Cardoso, fundador da produtora Granada Filmes, que realizou trabalhos em Austin voltados para a cena musical da cidade, e morador da cidade. “Creio que todo mundo está ansioso, o SXSW é um símbolo de Austin e ver ele acontecendo novamente deixa todo mundo empolgado. É a época mais movimentada de Austin, principalmente em relação a trabalhos”, descreve.
O visitante deste ano vai se deparar com novos prédios comerciais, assim como uma maior população por conta dessa migração de colaboradores. Em 2021, Elon Musk se mudou para o Texas — se tornando o residente mais rico do estado — e anunciou a mudança de sua sede de Palo Alto, no norte da Califórnia, para o condado de Travis County. Samsung elegeu a cidade de Taylor, que fica há menos de uma hora de Austin, para residir sua nova fábrica de US$ 17 bilhões, que realizará a fabricação de chips avançados. Outros exemplos envolvem Meta e John Deere.
Da mesma forma, Ary ressalta que o trabalho remoto também permitiu que trabalhadores busquem a cidade como moradia por seu baixo custo de vida. “É visível que houve aumento da população e do volume de carros circulando na cidade, assim como os preços dos imóveis valorizaram absurdamente. Algo em torno de 40% no último ano”, coloca.
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