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O futuro do carro e sua jornada pela emoção das pessoas

Os carros do futuro podem se tornar excelentes assistentes com inteligência artificial para aprender conosco sobre os nossos próprios sentimentos, reagindo e interagindo com nossas emoções


10 de março de 2018 - 14h03

(Crédito: divulgação)

“The Emotional Life of Your Autonomous Car” fez uma excelente estreia sobre autos no Interactive Festival do SXSW desse ano.

Pamela Pavliscak (@paminthelab), fundadora do Change Sciences, apresentou uma nova perspectiva em sua inspiradora sessão solo, nos provocando a pensar sobre o futuro da indústria automotiva.

Geralmente, o que vem à cabeça quando pensamos no futuro dos carros são super máquinas voadoras ou mini carros autônomos entregando vegetais frescos em grandes metrópoles. Ou, para quem trabalha com essa categoria como eu, lembramos dos concept cars que aparecem em filmes como Minority Report e Eu, Robô.

Querendo ir além de uma perspectiva puramente sci-fi, a autora de “Designing for Happiness: The User and Business Benefits of Positive Design”, abriu uma via alternativa para esse futuro, se descolando do que vem sendo reproduzido pela mídia, pelo cinema e pela própria indústria automotiva.

Seu primeiro dado apresentado revela uma espontânea interação que temos com nossos próprios carros quando entramos e batemos a porta: 41% dos motoristas assume conversar com eles. Esse fato se conecta com uma visão quase fantástica da nossa relação com essas máquinas, onde, em um futuro não tão distante (por volta de 2022), nosso carros poderão saber mais sobre as nossas emoções do que nós mesmos.

Essa revolução emocional se torna mais próxima conforme ferramentas e funções tecnológicas surgem para aperfeiçoar a interação entre humanos e máquinas, como a identificação de voz e de texto, o reconhecimento de expressões faciais, a biometria e a distinção de gestos.

(Crédito: divulgação)

Mas ainda há muito o que evoluir. Quando interagimos com AI’s como Siri ou Alexa, falamos quase como robôs, como se elas não pudessem compreender nossos estados emocionais ou fossem capazes de entender o que realmente precisamos.

Aparentemente, há um grande espaço de interação e relacionamento com as máquinas a ser preenchido; segundo a JWT Intelligence de 2017, 37% dos usuários de assistentes de voz gostariam que elas fossem pessoas reais. As pessoas estão criando laços fortes com a inteligência artificial de seus devices, me lembrando o romance entre Theodore e Samantha em HER, de Spike Jonze.

Pamela mostrou através da história (desde o conceito de “Pathos” de Aristóteles, em 400 AC, ao “Constructed” de Lisa Feldman Barrett em 2017 – vale o search desses dois termos!), que costumamos definir os sentimentos em dois opostos excludentes; ou são uma construção sócio-cultural ou uma expressão física e biológica.

Mas para ela, o conceito de emoção é mais complexo que isso, sendo uma combinação entre cultura, pensamento individual e história de cada um. Ela reforça: “Existem cinco grandes emoções, mas infinitas formas de reagir a elas. Eu posso estar irritada, mas também posso sentir e fazer outras coisas não relacionadas a isso, tudo depende do que me acontece ao longo do dia.”

E se tratando de carros, Pamela diz que quando dirigimos, nossas emoções não estão apenas conectadas ao carro, mas também às condições da estrada, ao clima, à música que pode nos gerar uma lembrança positiva ou à uma situação constrangedora que passamos na rua antes mesmo de entrar no veículo.

Os carros do futuro podem se tornar excelentes assistentes com inteligência artificial para aprender conosco sobre os nossos próprios sentimentos, reagindo e interagindo com nossas emoções.

O olhar que Pamela trouxe ao festival mostra na verdade, que, pela primeira vez, existe uma oportunidade real de troca entre homem e máquina para que ambos evoluam juntos e possam entender, cada vez mais, sobre as emoções humanas. E essa realidade não está num futuro tão distante assim.

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