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As experiências

O VR ainda causa estranheza, algumas pessoas não se sentem bem após a experiência e precisam de um tempo para voltar ao prumo


19 de março de 2018 - 10h20

Cinema virtual.

As opções eram muitas, portanto, tive que fazer uma seleção e acho que fui assertiva. O Together, do Malick, foi lindo e sensível. Através da dança, fala sobre o poder da conexão humana. Eu que amo essa arte fiquei tocada.

Nessa mesma linha, mas com outro approach, teve o Behind the Scenes do filme do Wes Anderson, Isle of Dogs, com apresentação dos cachorros do filme. Apesar de não ter interação, foi possível ver o estúdio e o processo de produção. Muito legal.

Teve também um momento mais reflexivo, que falava sobre o silêncio. É um estudo interessante e alarmante sobre a poluição sonora. A experiência foi feita no lugar mais silencioso da América do Norte e fala da importância de ouvir. Mostra que, por mais quieto que um lugar possa ser, não é possível encontrar o silêncio total.

Mudando para a interação, tive duas experiências incríveis: Spheres, que é uma viagem pelo cosmos, e o Chorus. Este último foi divertidíssimo, porque é uma experiência coletiva, para 6 pessoas, em que você pode falar com seus amigos e ouvi-los. Cada um tem o seu avatar e, juntos, lutam com feras e bichos estranhos. A sensação é incrível e a diversão, garantida. Éramos cincobrasileiros e uma texana, nos empolgamos tanto que chamamos a atenção das pessoas que circulavam ou chegavam ao espaço. Grande parte se interessou e foi para fila conferir. Causamos um pouquinho, mas foi bom.

Soube de uma outra bem interessante: Sun Ladies, que é sobre as mulheres iraquianas que se tornavam escravas sexuais. As que conseguiram fugir se uniram e formaram um exército focado em matar os homens que cometeram e cometem esse ato vergonhoso. Como para eles o homem que é morto por uma mulher vai para o inferno, elas enxergaram que não existiria vingança maior e melhor do que essa e, portanto, depois de matar, divulgavam as mortes.

Saindo do cinema, mas seguindo a exploração do VR, tive uma experiência completamente diferente e muito divertida, que foi dirigir um carro deitada, usando os óculos de VR. Claro que não dava para enxergar nada além do que os óculos mostravam, a visão era parecida com a do Predador, filme do final dos anos 80. Tinha uma pessoa que me guiava e, para eu entender os limites, nas laterais dele havia duas linhas verdes. Foi inusitado, mas aí, ao sair do carrinho, me senti um pouco desorientada. Acho que a combinação da posição, mais os óculos e a responsa de dirigir, me deixou um pouco zonza, mas, ainda assim, valeu e muito a experiência

O VR ainda causa estranheza. Algumas pessoas não se sentem bem após a experiência e precisam de um tempo para voltar ao prumo.

Mudando um pouco o tópico, vamos falar de música. O festival começou na quarta, dia 14, e é impressionante a velocidade com que a cidade se transforma. São outras pessoas circulando e os espaços também mudaram. Onde antes era a Pinterest, por exemplo, agora é um bar com palco para as bandas se apresentarem, e que bandas! Ouvi muita música boa. Nas ruas, era possível ver pessoas tocando violoncelo e até piano. Teve quem quis se destacar e improvisou um palco iluminado. Gente performando com cobra no pescoço – outro mundo.

Decidi fechar com chave de ouro vendo o show da Liniker na Russian House.

Antes de começar, ela prestou homenagem à Marielle. Colocou-se como trans, negra e indignada com o que aconteceu e está acontecendo no nosso país.

Muitos brasileiros, assim como eu, se emocionaram e prestaram homenagem.

Foi bonito de ver.

Enfim, despeço-me de Austin com a sensação de que perdi muita coisa boa, mas que também vivi momentos incríveis de aprendizado. Recomendo a todos, independentemente da profissão, porque é uma fonte de conhecimento e inspiração

Até a próxima.

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