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Sem o SXSW, nos resta o SXSP

Não veremos Amy Webb, Brené Brown, Shoshana Zuboff, Hillary Clinton, mas falaremos sobre Fake news e Infodemia


8 de março de 2020 - 17h04

Estive a primeira vez no SXSW em 2014. Fui levada pelo entusiasmo da Márcia Esteves, hoje CEO da Lew’Lara\TBWA, na época diretora de atendimento da Grey, uma das grandes agências da P&G, onde eu liderava o marketing. Márcia sempre viu além, sempre buscou inspiração em lugares não convencionais, e eu sempre me identifiquei com isso. Sentia que fazia o mesmo papel como marketeira de uma grande companhia. Já víamos que a maneira de construir nossas marcas e negócios precisava evoluir e para isso era necessário buscar inspiração em lugares diversos.

Mesmo sendo um festival com 27 anos, há 6 anos ele não havia sido descoberto pelos brasileiros de maneira tão massiva – hoje somos a segunda delegação mais volumosa, atrás apenas dos americanos. A verdade é que a maioria dos brasileiros que circulavam por lá, são produtores de conteúdo, algumas pessoas de veículos, agências e poucos anunciantes, em geral pessoas ligadas à área de digital em sua empresa. Era fácil encontrar os brasileiros, nos juntávamos no fim do dia numa casinha da Apex, do outro lado da rua do convention center.

Foi uma experiência incrível!! Sou grata até hoje a Marcinha por ter me arrastado ao SXSW. Como minha decisão foi em cima da hora, fui totalmente sem planejamento. Baixamos o app e decidíamos na véspera o que veríamos no dia seguinte. A sensação de FOMO começava daí, às vezes no mesmo horários mais de 5 palestras interessantes para ver. Cada uma num venue. No primeiro dia estávamos exaustas. Tínhamos visto tanta coisa e andado de um lado para o outro que aprendemos a focar um pouco mais e considerar as distâncias, as filas, para um melhor planejamento.

Decidimos, também, que iríamos atrás de coisas que fossem menos convencionais do nosso dia a dia. Risquei das minhas opções a venue de marketing, pois ali nada me tirava da zona de conforto. Vi coisas incríveis: sentei numa roda de conversa com um dos fundadores do AirBnb e entendi o poder de contar uma história no planejamento estratégico do negócio, fiquei intrigada e atenta a como as empresas de tecnologia usam o poder de gerar hábito na palestra de Nir Eyal e seu livro Hooked, descobri o movimento makers numa palestra do Techshop, fiquei amedrontada com o potencial destrutivo dos hackers invadindo uma casa autônoma, passei uma tarde vendo pitches de startup, outra entendendo o mundo dos VCs, descobri o Uber e o Lift lá, fiquei impressionada com uma reprodução perfeita de um busto de uma mulher viva e sua capacidade de interagir, IA no seu máximo, entrei em palestra de design da Pixar, conheci modelos de negócio como Rent the Runway….ufa!! a sensação é esta mesma, sem pausas.

Mas, o mais interessante, foi o impacto que isso teve quando voltei, parecia que eu tinha ido ver o futuro e voltado. Decidi que teríamos 5% da verba de marketing para arriscar em novas coisas. Decidimos fazer clubes de compra, rede de barbearias, centralizar a mídia montando agência de performance dentro da P&G, buscar parcerias antes impensadas. Algumas coisas conseguimos levar adiante, outras não foram aprovadas internamente, mas o espírito do meu time era cada vez mais empreendedor. Queríamos arriscar, aprender, fazer.

Profissionalmente o impacto em mim foi gigante. Entendi que olhar o futuro e tendências, liderar transformações organizacionais em função disso são coisas que me motivam. Não achei que fosse voltar no ano seguinte, mas sabia que SXSW era algo para ser revisitado de tempos em tempos.

Por isso, ao chegar na Acesso Digital, a pouco mais de 6 meses atrás decidi que deveria voltar. Somos uma idtech, uma startup de tecnologia que quer transformar a sociedade através da identidade digital. Que você não precise ficar provando toda hora quem é você, que tudo o que você precisar fazer seja pedir um táxi, abrir uma conta de banco ou fazer um crédito, ser admitido numa empresa, fazer um contrato novo de aluguel, que possa fazer isso apenas com sua face. Queremos devolver às pessoas o controle de seus dados. Por isso, ir ao SXSW parecia uma escolha óbvia, para me alimentar das tendências em privacidade, inteligência artificial, transformações culturais.

Mas desta vez o planejamento foi diferente. Decidi que usaria a Oxygen, da trendhunter Andrea Janér, para fazer uma curadoria de conteúdo baseado nos meus interesses. Outra surpresa de 2020 foram os grupos pré-evento e a quantidade de eventos de marcas como Adobe, Globo, McKinsey, Fast Company que teríamos lá para discutir os temas e fazer networking. Me senti como se estivesse indo pela primeira vez para um país desconhecido, que você vai viajando durante a preparação, sem nem ao menos ter chegado ao destino.

Um destes grupos foi montado por várias mulheres, em sua maioria executivas, de diferentes áreas que iriam ao SXSW, o SHE SXSW. Mas não é simplesmente mais um grupo de WhatsApp. Com tanta gente ávida por conteúdo, fomos trocando informações, dicas, desde como a melhorar a imunidade contra qualquer vírus a como usufruir das mentorias. Andrea Bisker (Spark:Off) nos recebeu em sua casa e junto com Dani Graciar (PROS) lideraram uma troca de curadorias riquíssima, mostrarmos uma às outras o que era imperdível e porque. Fomos trocando e nos preparando.

E foi por meio deste grupo que eu soube que o SXSW havia sido cancelado, mesmo! Como frustração é relativa a expectativa estávamos todas arrasadas. Muitos eventos e festivais já haviam sido cancelados, mas com o SXSW parecia que seria diferente. Ele também não resistiu. Mas foi incrível como a força coletiva é poderosa. Em minutos decidimos que havíamos estudado e lido muito e que poderíamos trocar sobre os tema que estávamos estudando.

Portanto, dia 12/03 teremos aqui, na arena da Acesso Digital, nosso SXSP. Não veremos Amy Webb, Brené Brown, Shoshana Zuboff, Hillary Clinton, mas falaremos sobre Fake news e Infodemia, Privacidade, Empoderamento Feminino, Mercado da Maturidade, Humanizando a IA, VC para mulheres, Storytelling, AR & VR, Emergência Climática e Cannabis. E quem sabe se o Meio & Mensagem mantiver este canal aberto teremos novos artigos sobre as tendências que veríamos no SXSW.

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