SXSW Dia 1 – Primeiras Percepções
Para o primeiro dia, um início e tanto. Que venha a semana e com ela todas as descobertas e reflexões que nos aguardam
Para o primeiro dia, um início e tanto. Que venha a semana e com ela todas as descobertas e reflexões que nos aguardam
16 de março de 2021 - 18h35
Um ano de vida remota já nos credencia a descartar algumas obviedades do tipo “é o primeiro (é?) festival deste porte feito de modo totalmente remoto” ou o já clássico “a experiência não será a mesma da presencial”. É claro que não. Mas já estamos tão envolvidos no modo de vida remota que o assunto já não é mais esse. Novamente, o que importa é o que sempre importou: o conteúdo dos painéis e apresentações do SXSW. E nisso o primeiro dia não decepcionou.
Contudo, primeiro gostaria fazer rápidas observações sobre os prós e contras do formato remoto adotado pelo festival.
Por um lado, não temos mais a agitação das ruas de Austin, da multidão de participantes, de todas as partes do mundo, que transitam pela região do ACC (Austin Convention Center) e dos muitos hotéis que fazem parte do circuito. Também perde-se a dinâmica de transição entre os salões e topar com um evento inesperado, como as múltiplas instalações artísticas e os encontros nas “casas” dos países. Sem falar em toda agitação dos restaurantes e das várias apresentações que fazem parte do festival de música e que movimentam as noites do SXSW. Perder toda essa experiência é realmente o ponto baixo do festival desse ano.
Mas temos aperfeiçoamentos também. A organização acertadamente optou por painéis mais curtos, entre 30 e 40 minutos. Isso, combinado ao fato de estarmos todos em nossas casas, muitas vezes sozinhos, faz com que todos consigamos prestar mais atenção e nos envolvermos com o conteúdo apresentado (pelo menos esse foi o efeito em mim). Não é segredo que algumas vezes era muito difícil ficar compenetrado e atento, por uma hora ou mais, nas enormes e lotadas salas do ACC ou do Fairmont, com gente entrando e saindo o tempo todo.
Bem, e quanto ao conteúdo? De tudo o que vi, posso dizer que a curadoria foi muito bem feita.
Há muito o que assimilar sobre temas tão diversos, como movimentos pela igualdade racial, agora abordados em ângulos distintos e complementares, como a necessária revisão das narrativas históricas distorcidas, a inclusão no mundo dos negócios até as mais recentes manifestações artísticas e culturais; ou sobre Inteligência Artificial, que nesse ano chamou atenção pelos painéis que tratam mais de apresentar na prática as aplicações AI, discorrendo sobre seus impactos na vida de todos nós (uma evolução frente ao excesso de teorização dos anos anteriores).
No campo do marketing, valeu conferir o painel “The Future of Retail and Online Shopping”, no qual os participantes (dentre eles uma diretora do Amazon Live) discorreram sobre a ascensão do Live Commerce no formato marketplace, que valoriza as transmissões streaming, ao vivo. Lembra um pouco o bom e velho ShopTour, mas com cara de geração Z, combinando o melhor da interação gerada pelas redes sociais às plataformas de compra e engajamento.
Teve mais. Muito mais. Painéis sobre o futuro do entretenimento suportado por emergentes tecnologias (como XR) fazem coro aos que abordam as mudanças culturais mais amplas que estamos vivendo, bem como o papel das plataformas de produção e distribuição de conteúdos colaborativos ou proprietários e seu impacto nas diversas indústrias, como a música, games, imprensa, publicidade, TV, artes visuais, entre tantas outras.
Para o primeiro dia, um início e tanto. Que venha a semana e com ela todas as descobertas e reflexões que nos aguardam. No fim, é isso que importa e que o SXSW sempre entregou com sobras.
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