Meio&Mensagem

16 de março de 2022 - 10h52

Esse é, sem dúvida, o evento mais popular do SXSW, o que se prova pela quantidade de pessoas presentes. Amy Weeb, professora da NYU Stern School of Business e CEO do Future Today Institute, teve sua carreira despontando junto com o festival. E, com o SXSW comemorando o 35º aniversário, Amy lembrou seus 20 anos de participação, sendo que, em 15 deles, apresentou o “Tech Trends Report”, do Future Today Institute. 

Impossível deixar a ansiedade de lado ao assistir o evento. Amy Webb já adianta que as tendências são impressionantes. Ela promete uma sessão provocativa, onde fornece uma análise orientada por dados para as tendências tecnológicas emergentes que precisam estar no nosso radar este ano e mostra cenários que mudam nossa perspectiva sobre o futuro.

O objetivo da apresentação é ativar a criatividade e criar ação. As informações são valiosas para adiantar estratégias. Sua fala é cheia de empoderamento, despertando nossa responsabilidade como parte de um movimento que cria um futuro melhor. Aliás, particularmente falando, amo essa perspectiva do SXSW como um movimento, e não apenas um festival ou evento.

Amy começa prometendo hackear o cérebro dos presentes. E, verdadeiramente, cumpre o prometido, apresentando a “Dallenbacks Cow” do American Journal of Psychology: um diagrama científico onde, à primeira vista, não conseguimos realmente ver nada. No entanto, uma vez vista é, digamos, impossível “desver”. 

E a conexão que ela traz do experimento com o relatório é ainda mais intrigante. Muitas tendências de tecnologia, inovação, comportamento, entre tantas outras, não são percebidas pela imensa maioria de nós. Nosso cérebro foca em pontos específicos do dia a dia. No entanto, tudo muda quando dados, fatos e cenários são apresentados. É a REPERCEPTION – Repercepção. 

Um super poder com o qual encontramos a essência da criatividade e, consequentemente, da inovação. Para ativar esse poder, precisamos começar a questionar nossas certezas sobre como as coisas funcionam, dessa forma encontramos oportunidades e aceitamos alguns riscos.

Ela enfatiza que o relatório não tem como objetivo prever o futuro, mas, sim, apresentar um novo território onde a ambiguidade pode ser explorada. As tendências mudam nossa percepção, mas precisamos de fatos para criar cenários. E os fatos provam que não podemos duvidar de tendência alguma.

O relatório está online para quem quiser baixar e, pasmem: ele ultrapassa a marca de 1 milhão de downloads ao ano. https://futuretodayinstitute.com/trends/.

Mas, sem mais delongas, aqui estão as tendências apresentadas. Antes, quero esclarecer que os assuntos foram abordados com certa profundidade e, nesse artigo, eu preferi discorrer sobre a importância do relatório em si, no intuito de despertar a curiosidade em vocês para um estudo concreto.

Inteligência Artificial: reconhecimento e vigilância

Webb fala sobre a evolução dos últimos 10 anos em reconhecimento facial e segurança por imagem e questiona o fato de que as pessoas que estão desenvolvendo estes sistemas não são suficientemente diversas. A partir daí apresenta um futuro catastrófico e preocupante.

Metaverso e Web3: descentralização, blockchain, cryptos

É aqui que estamos todos perseguindo o ouro. Mas Amy alerta que a grande maioria vai na direção errada. NFTs como arte colecionável são bacanas, mas não há mercado suficiente para absorvê-las como arte, a saturação está próxima. Ao mesmo tempo, poucos têm olhado para as oportunidades relacionadas à infraestrutura necessária para que o metaverso funcione. Aliás, permitam-me um parênteses, o metaverso é esse guarda-chuva que liga o mundo virtual ao físico. Novas infraestruturas serão usadas para melhorar nossa experiência no metaverso. A experiência digital vai envolver os sentidos. Ela trouxe alguns exemplos e eu vou citar apenas um, imagine você, proprietário de imóveis mobiliados para locação monetizando a partir do uso dos eletrodomésticos todos conectados!

Biologia Sintética: Network, alimentação, saúde

Impressoras de DNA, sim DNA manufaturado. Computadores e biologia tornam-se a mesma coisa. Transistores feitos de moléculas. Bioreatores produzindo carne de frango de verdade. Engenharia reversa em células epiteliais produzindo óvulos e espermas, o que significa criar embriões a partir de uma única pessoa, ou 3, ou 6. E pasmem, as empresas por trás de tudo isso são as mesmas big techs que já conhecemos.

Olha, chegar até aqui não foi fácil. Minha vontade é compartilhar cada detalhe do conteúdo incrível de Amy Webb, mas eu espero deixar esse gostinho de quero mais para que vocês reúnam a equipe e debrucem sobre os 14 relatórios disponíveis no site.