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Pessoas e metaverso: a hora e a vez da confiança

No ano em que marca sua retomada ao modelo presencial, SXSW 2022 traz importante mensagem sobre pessoas que entendem pessoas e o uso da tecnologia


17 de março de 2022 - 15h53

Crédito: Shutterstock

Desde muito antes de me tornar empreendedor, bato consistentemente na tecla da geração de confiança, e fico extremamente satisfeito em ver que no tradicional SXSW, que acontece desde o dia 11 aqui em Austin, no Texas (EUA), um dos temas mais impactantes dos primeiros dias seja “pessoas que entendem pessoas sempre vencem”.

Afinal de contas, não é de hoje que acredito na confiança como o centro das relações entre as pessoas, e que as pessoas devem ser o centro, inclusive, de todo e qualquer negócio. Ainda mais em um momento do mundo no qual está óbvio que, apesar de todo o avanço tecnológico que vivenciamos todos os dias, a discussão que faz sentido é sempre sobre como isso afeta as relações humanas, e o quanto essas relações são capazes de afetar a tecnologia.

E tal caminho ficou ainda mais claro quando assisti à apresentação de Rohit Bhargava, escritor do conhecido livro chamado Não Óbvio, que traz uma espécie de guia para antecipar tendências e praticamente dominar o futuro por meio da atenção para alguns fatores que geralmente fogem ao senso comum. O tema não apenas permeou a apresentação, mas fez com que todos os presentes percebessem que, em última análise, entender e conhecer as pessoas é sempre a chave para a colaboração, e a colaboração é uma das principais ações da jornada de confiança.

Refleti muito sobre tudo o que Rohit trouxe, principalmente porque sempre acreditei que as grandes crises nos trazem excelentes oportunidades, mas que estas só podem ser identificadas quando os valores humanos permeiam nosso real propósito, e que isso só é possível quando realmente acreditamos que é possível confiar.

Claro que essa é uma visão otimista, como realmente procuro ser na vida. Posso usar o próprio exemplo da pandemia, que, apesar de não trazer nada a se comemorar diante de tantas vidas perdidas, ainda assim causou diversas mudanças nas relações, inclusive as de trabalho, que hoje permitem mais liberdade às pessoas, e não há, definitivamente, liberdade sem confiança.

E é, inclusive, nessa liberdade gerada pela confiança que conseguimos fomentar a inovação contínua no dia a dia, e a partir daí ter clareza sobre o quanto fatores como diversidade e inclusão fazem toda a diferença, inclusive, nos resultados financeiros das empresas.

Colocada por Rohit como uma das grandes tendências não óbvias para a humanidade nos próximos anos, a trust people centric (confiança entre pessoas no centro de tudo) já tem mostrado que confiar é fundamental para a inovação e para a real aceleração de todo e qualquer desenvolvimento no presente.

Tenho trabalhado por mais de 20 anos na criação e manutenção de uma cultura organizacional baseada em liberdade e confiança dentro de minha empresa, que cresceu e foi internacionalizada, mas sempre com o cuidado de manter firme o seu real propósito, que é totalmente baseado na construção humana, com seus valores e com todas as especificidades em suas relações.

Obviamente, e como nem poderia deixar de ser, abordei o tema durante um painel sobre metaverso, do qual tive o privilégio de ser um dos apresentadores. Por ter absoluta convicção de que esta tecnologia nos permite fomentar a colaboração e a jornada imersiva da confiança, me juntei aos colegas Phil Sage, da PepsiCo, Marco Carvalho, da HeadOffice.space, e Val Vacante, da Merkle, para discutir as mudanças na relação de trabalho com a chegada do metaverso, bem como os desafios por trás desta nova realidade.

A partir de um momento no qual o poder computacional é tão sofisticado ao ponto de permitir a criação de um ambiente virtual hiperrealista, imersivo e colaborativo, é possível tratar o metaverso como um espaço libertador, que permite à pessoa a liberdade de ser ela própria ou ser qualquer outra pessoa que ela deseje ser, sentindo-se acolhida e segura.

Não tenho dúvidas que precisamos ter o cuidado de evitar vieses inconscientes, uma vez que a tendência imediata seja pensar que será o fim das características que tornam seres individuais, com nossas próprias especificidades. É uma oportunidade de unir algumas gerações em um ambiente de colaboração no qual todos estão iniciando a mesma experiência, algo que seria muito difícil de se conseguir em larga escala no que costumamos chamar de mundo real, mas que prefiro chamar apenas de mundo físico.

Claro que é natural ao ser humano sempre ter um olhar de desconfiança para novas ferramentas tecnológicas que nos fazem repensar algo que já está enraizado em nosso dia a dia e temos a ilusão de dominar e controlar. Não nos esqueçamos de que até antes da pandemia a ideia de ter relações de trabalho 100% remotas sofria muita resistência, e agora conseguimos, inclusive, nos emocionar durante reuniões totalmente online.

A capacidade de adaptação do ser humano não pode ser subestimada, e isso não será diferente neste novo momento do metaverso (ressaltando que a ferramenta não é nova). Em um primeiro momento, pode até parecer um uso complexo, mas não demorará muito para que grande parte da população mundial esteja totalmente adaptada e acostumada a ‘viver’ dentro do metaverso, em um ambiente que pode, sim, ser mais confiável e seguro do que o mundo físico.

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