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SXSW EDU 2022: similaridades e desafios entre EUA e Brasil


18 de março de 2022 - 17h08

Créditos: divulgação

Em um frio intenso – haja cachecóis e casacos! – desembarquei em Austin, nos Estados Unidos, no início da semana passada para participar do SXSW Edu 2022,  parte do Southwest by Southwest (SXSW) que antecede a programação de debates intensos sobre inovação e que tem como foco a educação. Como é bom ver as pessoas circulando pelos corredores, trocando informações, participando de palestras. É o conhecimento movimentando o mundo!

Nesta edição SXSW EDU, após 2 anos de intensa revolução educacional, o festival se baseou em 4 pilares: empoderamento, curiosidade sem limites, resiliência e humanidade. Como se pode ver, tudo muito mais humano do que tecnológico (como era a expectativa de muitos brasileiros por aqui). Outra característica que se destaca é que o evento é bem voltado para a realidade americana. 

Interessante observar que o Brasil mesmo com problemas estruturais gigantescos como o baixo índice de alfabetização na idade certa, a evasão no ensino médio, acelerados negativamente por Covid, e a infraestrutura das escolas, me arrisco a dizer que as instituições de ensino brasileiras são muito criativas. Várias dinâmicas ou atividades propostas aqui, como o uso das ODS (Objetivo do Desenvolvimento Sustentável) em sala de aula, por vezes já vi no Brasil, mesmo em escolas públicas.  

O fato da Educação no Brasil enfrentar muitos entraves vai tornando os professores mestres não somente nas disciplinas que ensinam, mas também em resiliência. Sobre o acesso, assim como no Brasil, existem cidades periféricas americanas que também sofrem com a falta de acesso digital, mas esse foi um assunto que não ganhou tanta relevância ao longo dos dias.

Os temas em comum, são os desafios ligados à saúde mental e a enorme preocupação de inclusão – principalmente de pessoas portadoras de deficiência ou negras, que preocupa milhões de educadores, especialistas e administradores das organizações educacionais. 

Um assunto que destoa aqui é a preocupação com as mudanças climáticas, especialmente em estados como a Califórnia que já vive impactos negativos como os incêndios, onde especialistas buscam mobilizar toda a comunidade escolar, principalmente as crianças. A busca por mais áreas verdes, para reduzir a temperatura chega no pátio das escolas, em sua grande maioria cimentado. 

Numa  iniciativa que visa conscientizar os alunos e ao mesmo tempo promover mudanças mais estruturais, os estudantes californianos medem a temperatura do solo numa área cimentada e monitora diariamente para provar para o governo que precisam de áreas mais verdes para reduzir temperatura e melhorar o meio ambiente.

Por aqui, as escolas municipais de educação infantil (EMEI) já garantem um espaço verde para as crianças se desenvolverem, prática esta que deveria ser estendida para as estruturas do ensino  fundamental e médio.  Bom para o meio ambiente e bom para a saúde mental dos estudantes. 

Enquanto isso, alunos e professores vão ter que desenvolver cada vez mais as chamadas “soft skills”, renomeada aqui para “essential skills” ou  “power skills” que incluem competências como resiliência, criticidade, criatividade e empatia. Elas vão moldar o futuro das profissões e o nosso futuro. Resiliência e criatividade Brasil tem muita. A criticidade vem do conhecimento, de uma base mais teórica para não aceitarmos a situação pacificamente. Precisamos de mais empatia para sairmos da zona de conforto. Neste aspecto o Brasil ainda tem muito que caminhar.

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