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SXSW 2022: People-Centric Ideas

O conceito de people-first ideas é uma forma de pensar que me instiga e provoca de forma constante


21 de março de 2022 - 19h08

Crédito: Meio & Mensagem

Uma das minhas partes favoritas do SXSW são justamente as discussões sobre tecnologia, que acontecem a todo tempo no evento. Discussões densas, que olham para o futuro, muitas vezes com cases ainda em fase de test and learn, seus processos ainda em construção. Em um evento em que milhares de pessoas buscam por soluções de negócios, porém, sempre me pego pensando na importância de não se deixar de lado o que há de mais valioso em qualquer conversa que envolva inovação: as pessoas. 

O conceito de people-first ideas, ideias baseadas, antes de mais nada, nas necessidades humanas – e com as marcas/plataformas servindo de meras ferramentas para chegar a esse objetivo -, é uma forma de pensar que me instiga e provoca de forma constante. Nesse sentido, o painel “Not missing a beat: AI and the future of creative human potential” foi um refresco em meio a tantos debates puramente centrados em tecnologias em si. Na conversa, Edwina Fitzmaurice, Chief Customer Success Officer da EY, Domhnail Hernon, Global Lead Cognitive Human da EY, e o Creative Technologist da Reeps100, Harry Yeff, mostraram o que pensam e como aplicam  inteligência artificial e machine learning em seu dia a dia de forma natural, tentando unir o melhor da tecnologia com o que as máquinas nunca terão: a sensibilidade e a criatividade humanas.

Harry contou sobre a experiência que transformou seu jeito de pensar e, principalmente, de trabalhar. Relatou a experiência de quando teve contato mais profundo com a comunidade criativa pela primeira vez, em movimento relativamente recente – que inclusive o fez mudar de emprego. Numa noite em Nova York, em um evento com artistas ligados à tecnologia, a conversa sobre como usar a tecnologia de uma forma muito mais profunda, colocando as pessoas e seus desejos no centro das criações, havia lhe “explodido a cabeça”. Ele relata não ter podido acreditar que, com toda sua formação educacional e décadas de conversas com pessoas incríveis e muito talentosas da engenharia, nunca tinha sido exposto a esse tipo de pensamento. “Isso mexeu com meus objetivos profissionais e com essa vontade de também colocar esses dois mundos tão diferentes, da arte e da tecnologia, cada vez mais juntos”, disse.

Parece óbvio, mas muitas vezes somos tomados pela necessidade cotidiana de desenvolver soluções viáveis sem priorizar o aspecto das percepções humanas – mesmo sabendo que este sempre é (ou deveria ser) o ponto de partida. Harry, que vem do mundo da arte e descobriu na tecnologia a possibilidade de fazer algo de forma diferente, usou o exemplo da voz humana, nossa interface de comando para diversas tecnologias, descrevendo-a como um som com potencial enorme, que vai muito além do que usamos hoje – e mencionando possibilidades envolvendo características como tom, timbre e interpretação. Um dos objetivos do painel era desmistificar um dos maiores medos da sociedade atual: o de que a inteligência artificial e o machine learning vão roubar empregos e, em alguns casos, substituir humanos – e foi inspirador ver respeitados profissionais de áreas “exatas” não apenas descobrindo, mas tornando-se embaixadores da ideia de que as emoções e a criatividade humana permanecerão insubstituíveis. 

Hernon, por sua vez, buscou desmistificar o que, segundo ele, ainda é uma percepção popular equivocada sobre o impacto que a tecnologia terá na nossa humanidade – imaginando-se que os engenheiros estejam criando tecnologias para tornar as máquinas mais potentes, capazes, e até mais inteligentes que os humanos. Para ele, a ideia central é completamente outra: a de que a tecnologia estará, cada vez mais, a serviço da humanidade, ajudando-a a alcançar níveis ainda maiores de realizações e de execução criativa. “Máquinas e algoritmos não vivem. Eles não têm um histórico de vida, não vivem experiências e não são impactados por percepções próprias. Só nós, humanos, temos isso. E é esse o conceito que queremos aplicar profundamente na criação de novas tecnologias, especialmente pensando em larga escala”.

A tecnologia, afinal, definitivamente deve ser meio. Um meio que nos permita, cada vez mais, explorar coisas novas, potencializar relações, facilitar processos e nos dar mais acessos – mas sem jamais deixar de nos estimular a criar e, principalmente, sentir.

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